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Guerra comercial entre China e EUA acaba, mas economistas não aprovam acordo de Trump

Pesquisa aponta que 69% dos estadunidenses considera que a economia beneficia os ricos, enquanto mais de 60% considera que prejudica os pobres
Diony Sanabia
Prensa Latina
Washington

Tradução:

Os Estados Unidos despedem-se de 2019 com uma trégua em sua guerra comercial com a China, que já dura quase dois anos, em meio a constantes preocupações ao nível mundial com este confronto.

Em 13 de dezembro, o presidente estadunidense, Donald Trump, principal promotor do conflito, confirmou que seu país chegou a um acordo comercial de fase um com o gigante asiático e comunicou a suspensão de tarifas sobre produtos chineses, previstas para serem cobradas dois dias depois.

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Puseram-se de acordo sobre muitas mudanças estruturais e compras maciças de produtos agrícolas, manufaturados e energia; e muito mais, escreveu o chefe da Casa Branca em sua conta pessoal da rede social Twitter.

Trump, cuja criticada política tarifária aprofundou o problema iniciado em março de 2018, afirmou que alguns dos gravames aplicados a importações chinesas, avaliados em 250 bilhões de dólares ao ano, permanecerão no nível atual de 25%, enquanto outros serão reduzidos.

A notícia sobre a fase inicial do limitado pacto entusiasmou círculos de negócios, acalmou momentaneamente investidores internacionais e favoreceu as Bolsas.

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No entanto, especialistas no assunto e meios de imprensa concordaram em que ainda falta um longo caminho a percorrer para por fim da disputa, para a qual influi muito a política, embora sua essência seja econômica.

“Começaremos imediatamente as negociações da fase dois do acordo, em vez de esperar até depois das eleições presidenciais de 2020 (em 3 de novembro). Este é um pacto inacreditável para todos”, acrescentou Trump pelo twitter.

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Fontes jornalísticas indicaram que o texto condensado da etapa inicial inclui nove capítulos, relacionados com propriedade intelectual, alimentos e produtos agrícolas, estímulo ao comércio, finanças, moeda e transparência, transferência forçada de tecnologia, avaliação bilateral e solução de conflitos.

Apesar de sua insistência na importância das tarifas, economistas e empresários advertiram Trump que as tarifas estão prejudicando as empresas e consumidores estadunidenses.

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Para a China, a assinatura da primeira fase do acordo comercial com os Estados Unidos são a via adequada para manejar, controlar e resolver as diferenças, ampliar a cooperação e estabilizar o desenvolvimento das relações.

Beijing expressou, em um comunicado oficial em função do mencionado pacto que ambas potências, por serem as principais economias do mundo, devem analisar seus vínculos com um espectro amplo e seguir em busca de um convênio final que sirva aos interesses fundamentais de seus povos e do mundo.

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Prensa Latina
Ilustração

Tratado comercial EUA-México-Canadá

Também no fim do ano, em 10 de dezembro, os Estados Unidos, o Canadá e o México assinaram o protocolo de emendas a seu tratado comercial subscrito na Argentina em 30 de novembro de 2018.

O governo mexicano, depois de prolongadas negociações, deu luz verde para mudanças na proposta original, surgida por pressão de Trump para criar um mecanismo que substituísse o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, de 25 anos atrás. A proposta inicial só foi ratificada pelo Senado mexicano em 18 de junho, reafirmado em 12 de dezembro a ratificação da última versão.

Segundo os três países, a assinatura do novo tratado tem uma grande importância, pois regulamenta as relações comerciais em benefício de todos.

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Antes da mencionada assinatura no México, os democratas da Câmara de Representantes e a Casa Branca anunciaram ter chegado a um entendimento acerca do convênio, depois de resolvidas algumas preocupações manifestadas pelos Democratas sobre o texto original.

A conciliação entre o Executivo Republicano e os Democratas após terem sido efetuadas algumas mudanças, como as relacionadas às proteções ambientais e trabalhistas, e as disposições de aplicação do tratado.

Tais modificações foram bem recebidas pela AFL-CIO, a maior confederação de sindicatos dos Estados Unidos, mas desagradaram alguns parlamentares republicanos e grupos empresariais que preferiam manter a questionada primeira versão do tratado.

Taxas de juros, PIB, inflação e desemprego

Além de ressaltar os acordos comerciais, Trump presume que os Estados Unidos têm “a melhor economia de todas” e essa opinião é parte inseparável de seu discurso com fins eleitorais, embora, segundo uma pesquisa recente, a maioria dos estadunidenses afirme que a política econômica de Trump, só resulte em  benefícios para os mais ricos.

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Realizada pelo Centro de Pesquisas Pew, Segundo esta sondagem, 69% dos estadunidenses considera que a economia está ajudando os ricos, enquanto mais de 60% considera que prejudica os pobres e aqueles que não têm títulos universitários.

De igual modo, 58% dos entrevistados avalia que a economia está prejudicando as pessoas de classe média, enquanto 32% acredita que ajuda esse grupo.

Nesse estudo, as respostas foram muito diferentes segundo os grupos de renda: quase três quartas partes dos lares de rendas altas afirmam que as condições econômicas atuais são “excelentes ou boas”, mas a maioria das pessoas de baixa renda afirma que é “medíocre ou pobre”.

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O Federal Reserve (Fed) manteve em 11 de dezembro as taxas de juros na faixa de 1,5 a 1,75%, depois de três baixas sucessivas de um quarto de ponto percentual.

Esta decisão, informada no final da oitava e última reunião do Federal Reserve em 2019 sobre política monetária, foi tomada unanimemente, algo que não ocorria desde maio último.

De acordo com um comunicado do Comitê de Mercado Aberto dessa entidade, a atual política monetária é apropriada para respaldar a expansão sustentada da atividade econômica, as fortes condições do mercado de trabalho e a inflação próxima do objetivo de 2%.

Tal fonte mostrou que a economia estadunidense continua crescendo moderadamente com o estímulo de um auge do gasto dos consumidores, mas indicou que os investimentos empresariais e as exportações mostram debilidade.

Por outro lado, o Fed divulgou suas previsões para os três anos seguintes, nos quais espera taxas de 1,6, 1,9 e 2,1% em 2020, 2021 e 2022, respectivamente.

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O índice de desemprego encerrará este ano em 3,6% e no seguinte com um décimo menos em relação à cifra anterior, considerando-se as estimativas.

Enquanto isso, o crescimento econômico de 2019 está projetado em 2% e o correspondente a 2020 em 1,9%; e ao encerrar-se este ano, acrescentaram os prognósticos, a inflação estará em torno de 1,5% e 12 meses depois subirá quatro décimos.

“Para subir as taxas, quero ver uma inflação que seja persistente e significativa”, declarou o titular do Fed, Jerome Powell, em uma conferência de imprensa depois da mencionada reunião do organismo que dirige.

Com nossas decisões do último ano, acreditamos que a política monetária está bem situada para servir aos estadunidenses, insistiu Powell, que recebeu inúmeras críticas de Trump.

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Enquanto os dados macroeconômicos não se desviarem muito dos prognósticos, o Fed não fará nenhuma mudança, nem de alta, nem de baixa, acrescentou.

Reiteradas vezes, Trump solicitou redução das taxas, chegando a 0% ou menos, com a justificativa de favorecer o desenvolvimento da economia.

Como parte das cobranças do mandatário, não faltaram seus questionamentos ao Fed, tendo chegado a dizer que o órgão não sabe o que faz e que seus diretores são tontos.

*Diony Sanabia, Correspondente de Prensa Latina nos Estados Unidos.

**Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

***Tradução: Ana Cerqueira Cesar Corbisier

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
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