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Itália pressiona por rápida liberação da ajuda econômica prometida pela União Europeia

A suspensão de atividades produtivas para conter a difusão da epidemia afetou todos os setores, com uma queda de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB)
Frank González
Prensa Latina
Roma

Tradução:

Com as forças no limite depois da mobilização de vultosos recursos próprios para amortizar o demolidor impacto da Covid-19 em sua economia, a Itália aguarda ansiosa a chegada do anunciado reforço europeu.

A suspensão de atividades produtivas para conter a difusão da epidemia afetou todos os setores, com uma queda de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre e perspectivas piores para o segundo, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatísticas (Istat).

As ações do governo com vistas a amenizar o impacto econômico e social da crise e impulsionar a recuperação, concentrou-se nos decretos “Curar a Itália”, “Liquidez” e “Relançamento”, para os quais destinou 80 bilhões de euros.

Cerca de 75 bilhões desses recursos adicionais serão financiados mediante a emissão de bônus, com um aumento sem precedentes na relação da dívida pública com o PIB, que passou de 134,8% em 2019 a 158,9% em 2020, segundo indicou a Comissão Europeia, em suas Previsões Econômicas de Primavera.

A suspensão de atividades produtivas para conter a difusão da epidemia afetou todos os setores, com uma queda de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB)

Prensa Latina
Cerca de 75 bilhões desses recursos adicionais serão financiados mediante a emissão de bônus

A recuperação

Na opinião do presidente do Banco da Itália, Ignazio Visco, a epidemia de Covid-19 terá consequências duradouras na vida cotidiana, nas modalidades de interação social e nas decisões econômicas de famílias e empresas.

Na apresentação do informe anual do banco central correspondente a 2019, em 29 de maio último, o dirigente desta entidade financeira indicou que levará tempo para retornar a uma situação de normalidade, presumivelmente diferente da costumeira até há poucos meses.

Ao referir-se à gestão da emergência por parte do governo, Visco indicou que “agiu segundo as mesmas prioridades que guiaram as ações ao nível internacional, concentrando-se na capacidade de resposta do setor sanitário e no apoio a trabalhadores, famílias e empresas”.

Com relação ao tempo e intensidade da recuperação indicou que “dependerão de fatores difíceis de prever” e se referiu às estimativas realizadas por sua instituição sobre a situação da economia, a partir de um cenário base e outro mais crítico.

No primeiro, esclareceu, imagina-se uma queda de 9% do PIB este ano, concentrada nos dois primeiros trimestres, com uma recuperação parcial a partir do verão, enquanto, no segundo, chegaria a 13%, com perspectivas mais lentas de restabelecimento em 2021.

Visco acrescentou que em ambos os casos, a queda do PIB deve ser atribuída, por um lado, à suspensão de atividades, com a consequente contração do ingresso disponível e, por outro, à maior lentidão do comércio internacional e à paralisação substancial dos fluxos turísticos internacionais.

Depois de indicar que o impacto setorial da epidemia é heterogêneo, destacou que, de imediato, reflete-se com mais força no transporte, serviços de alimentação, instalações de alojamento, atividades recreativas e culturais, serviços de atenção à pessoa e, em grande medida, no comércio.

Nesse sentido, advertiu que, apesar do gradual relaxamento das medidas de distanciamento social, a recuperação nesses setores “dependerá do tempo necessário para que se dissipem os temores acumulados nestes meses”.

Alertou também sobre a incidência da crise no âmbito laboral, com um aumento do desemprego de 8,4% em fevereiro para 11,8% no final do ano, segundo calculou a Comissão Europeia em suas Previsões Econômicas de Primavera, onde prognosticou um aumento do déficit fiscal de 1,6% a 11,1 % em relação ao PIB.

Na opinião de Visco, nas circunstâncias atuais a economia italiana deve encontrar forças para “romper as inércias do passado e recuperar uma capacidade de crescimento empanada durante demasiado tempo”.

O reforço europeu

Depois de semanas de tensas negociações entre os países membros da União Europeia (UE) sobre a adoção de um instrumento de assistência financeira para enfrentar a crise, a presidenta da Comissão Europeia (CE), Ursula Von der Leyen, anunciou uma iniciativa de acordo com as posições defendidas pela Itália.

“Próxima Geração UE” chama-se a proposta de criar um fundo de 750 bilhões de euros – 500 bilhões em subsídios e 250 bilhões em empréstimos – dos quais corresponderiam à Itália 81.807 e 90.938, respectivamente, como principal beneficiária.

O ótimo sinal de Bruxelas vai na direção indicada pela Itália, escreveu Conte no Facebook, pedindo para “acelerar as negociações e liberar rapidamente os recursos” contemplados no Plano de Recuperação Europeia.

A assistência proposta soma-se aos 240 bilhões de euros em créditos oferecidos pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade, 200 bilhões de empréstimos adicionais do Banco Europeu de Investimentos e 100 bilhões do fundo Sure para proteção do emprego.

A “Próxima Geração UE” fará parte do orçamento plurianual da União Europeia 2021-2027 e precisa do acordo do Conselho Europeu, onde terá que superar as reticências de nações como Países Baixos, Áustria, Dinamarca e Suécia, escoltados eventualmente por outros do leste, como a Hungria.

Os analistas concordam em que para isso se necessita tempo, razão pela qual existem dúvidas sobre sua aprovação, como deseja e necessita a Itália, na próxima reunião do máximo órgão da UE, prevista para 17 e 18 de junho deste ano.

Frank González, Correspondente de Prensa Latina na Itália.

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Ana Corbusier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Frank González

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