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Acordo China-Irã é um golpe definitivo e global no imperialismo dos Estados Unidos

Parceria permitirá à China romper o bloqueio que os EUA estão impondo através do cerco no Mar da China Meridional, da Coreia do Sul, Japão, Filipinas ou Malásia
Javier Benítez
Sputnik Brasil
Pequim

Tradução:

Associação estratégia por 25 anos. Este é um acordo entre a China e o Irã que está sendo considerado como um duro golpe para as posições de Estados Unidos na Ásia, e com grande repercussão e transcendência para todo o mundo, segundo a revista Forbes. Os detalhes do pacto ainda são desconhecidos, mas traz grandes benefícios para ambas as nações.

Estratégico

Forbes é bastante clara ao sintetizar as implicações deste acordo, e explica com um ditado popular que é comum entre especialistas em política exterior: “Quando se trata de estratégias políticas, a Rússia joga Xadrez, a China joga Go e os EUA joga futebol (futebol lá deles, violento). É isso.

“Creio que Forbes deixou passar em branco uma realidade que vem se consolidando, e que este ano, com a pandemia, está demonstrando a complicação para a política exterior estadunidense que, em princípio, se vê bastante agressiva, mas também muito volátil, porque as decisões que estão tomando, definitivamente, são como boomerang”, escreve o diretor do “think tank” Dossier Geopolítico, Carlos Pereyra Mele.

De fato, EUA vêm cometendo erros de cálculo grosseiros e incrivelmente em desfavor de seus próprios interesses, desde a época em que o ex presidente Barack Obama ocupava o mítico Salão Oval.

Parceria permitirá à China romper o bloqueio que os EUA estão impondo através do cerco no Mar da China Meridional, da Coreia do Sul, Japão, Filipinas ou Malásia

Sputnik News
Ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif

Erros sucessivos iniciaram pela Crimeia 

Tudo começou com as sanções que impôs à Rússia a pretexto da reunificação da Crimeia ao gigante euro-asiático, um fato que acabou sendo o oposto do que os EUA e seus aliados desejavam ao orquestrar o golpe de Estado na Ucrânia em fins de 2013.

Outro grande erro de cálculo cometeu a atual administração, quando em maio de 2018 Donald Trump abandonou o Plano de Ação Integral Conjunto (PAIC), conhecido popularmente como o Pacto Nuclear do Irã com o Grupo 5+`, ou seja, os cinco integrantes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha.

Esses dois fatos angulares, acrescidos a uma sucessão de abandonos ou rupturas de tratados, e uma somatória irracional de sanções, tanto contra a Rússia como ao Irã e ultimamente contra a China, através da guerra comercial mas também contra a União Europeia por conta do Word Stream 2, com os mais variados pretextos inventados, mas com o denominador comum de constituir constantes violações ao direito internacional, provocou uma aproximação estratégica entre Rússia, China e Irã. E, claro, também um isolamento cada vez mais pronunciado dos EUA.

“Esta metodologia de aplicar sanções aos que (os EUA) consideram que são adversários ou inimigos perigosos, resultam que esses mesmos países agredidos terminam se abraçando e conformando bocas que eram impensáveis até há bem pouco tempo”, ponderá o analista.

Pragmático

Forbes mostra alguns pontos em discussão sobre o acordo que está sendo construído até ficar no ponto desejado por Pequim. Trata-se de um acordo econômico e de segurança no valor de 400 bilhões de dólares com Teerã. Contempla investimentos passivos em infra-estrutura, descontos no preço do petróleo iraniano, cooperação mais estreita na defesa e intercâmbio de inteligência.

Prevê também um aumento dos investimentos da China nos bancos, telecomunicações e transportes, incluindo ferrovias, aeroportos e zonas de livre comércio. Tudo num contexto de dois países que possuem 15 fronteiras, inclusive terrestres e marítimas, o que significa que cada um duplicará esta condição, tão fundamental no âmbito do comércio internacional.

Pereyra Mele considera que “Irã é um eixo fundamental instalado na zona que se conhece como “dos cinco mares”: o Mar Negro, Mar Cáspio, Mar Mediterrâneo, Golfo Pérsico, o Mar Arábico”. Ou seja, “está numa zona chave e estratégica para qualquer conectividade”.

O especialista também se refere às reservas dos persas do ponto de vista energético. “Nesse aspecto, Irã oferece a China elementos que lhe são ultra necessários para continuar progredindo no marco desse desenvolvimento industrial avassalador, que são o gás e o petróleo”.

O analista acrescenta que essa situação permitirá à China romper com o bloqueio que nesse momento os EUA estão tratando de estender através do cerco no Mar da China Meridional, da Coreia do Sul, Japão, Filipinas ou Malásia, ou pelos portos iranianos, algo que impediria os barcos chineses passar pelo estreito de Ormuz.

“Portanto, China também tem uma possibilidades concreta de transportar suas mercadorias através da Nova Rota da Seda – por ferrovias aos portos iranianos, e dali ter acesso aos países africanos, ao Oriente Médio e a Europa, fora do cerco que os EUA poderia estender com países que hoje estão sendo incentivados pelos EUA a bloquear por mar a República Popular da China”, conclui.

Javier Benitez, especial para Sputnik News

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Javier Benítez

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