Os Papéis de Pandora revelados no final de semana pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) apontam destacados líderes, empresários, futebolistas e até músicos europeus, entre eles o ex-premiê britânico Tony Blair, o financeiro francês e ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, o primeiro-ministro da República Checa, Andrey Babic e outras personalidades, como o treinador de futebol catalão Pep Guardiola, e o baterista dos Beatles, Ringo Starr.
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A massiva divulgação de arquivos sobre a rede de empresas que operam em paraísos fiscais para lavar dinheiro e mover as grandes fortunas da elite mundial mostra alguns dos grandes políticos e financeiros europeus entre eles o ex-premiê britânico, o trabalhista Tony Blair, o qual foi um artífice crucial para a guerra de invasão do Iraque em 2003.
Segundo a investigação, Clair e sua esposa, Cherie Blair, compraram um edifício vitoriano em Londres, avaliado em 8,8 milhões de dólares, e a aquisição foi feita em 2017 através de uma companhia das Ilhas Virgens Britânicas registrada como proprietária legal da propriedade.
Um dos casos mais graves é o do francês Strauss-Kahn, que esteve à frente do Fundo Monetário Internacional de 2007 a 2011, ano em que foi acusado de violação por uma empregada de um hotel em Nova York.
Segundo a investigação jornalística, o ex-político socialista figura como diretor e acionista de uma companhia criada em Dubai com domicílio em Marrocos, uma trama offshore que utilizou para gerir seus ganhos como assessor internacional.
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Em relação ao primeiro-ministro checo, Babi, a investigação adverte que em 2009 ele comprou um castelo na Costa Azul da França através de uma extensa trama de empresas pouco transparentes e um ano depois adquiriu sete propriedades próximas ao mesmo terreno por meio de uma empresa de Mônaco.
Do ministro holandês de Finanças, Wopke Hoekstra, o ICIJ apontou que fez várias aquisições de ações da sociedade offshore Candace Management LTD, incorporada nas Ilhas Virgens Britânicas, entre 2010 e 2014.
A investigação na Espanha confirmou que a rede de utilização dessas argúcias financeiras estava muito extensa, ao ser identificadas em torno de 600 pessoas vinculadas à fraude global por meio de 751 sociedades pouco transparentes, entre as quais estariam desde o atual treinador do Real Madrid, Carlo Ancelotti, o capo da camorra italiana Raffaele Amato e o ex-prefeito de Barcelona, Xavier Trias, entre outros.
Na investigação também está a ex-amante do rei emérito Juan Carlos de Borbón, a princesa alemã Corinna Larsen, a qual planejou em 2007 que administradores de um fideicomisso denominado Peregrine, a partir da Nova Zelândia, entregassem Juan Carlos I, no caso de que ela morresse, “os 30% dos ingressos provenientes do Fundo de Investimentos Hispano Saudi” que o anterior chefe de Estado havia patrocinado e para o qual ela havia trabalhado.
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Os documentos, sem assinar, nos quais se refletem seus desejos, foram criados em 27 de março de 2007, 14 dias antes de que fosse registrado em Guernsey, paraíso fiscal das Ilhas do Canal, o fundo hispano saudita impulsionado por ambos os países. O advogado de Larsen assegura que esses documentos são falsos.
Na trama também figura o treinador de futebol catalão Pep Guardiola, que nos últimos anos assumiu a causa do independentismo. Segundo a investigação, o ex-futebolista foi titular de uma conta bancária em Andorra até 2012, quando decidiu acolher-se a uma regularização de anistia fiscal impulsionada pelo governo de Mariano Rajoy. Calcula-se que o esportista tenha regularizado quase meio milhão de euros.
A pesquisa também aponta para o rei da Jordânia, Abdallah II, que foi identificado como o proprietário de 14 casas de luxo não declaradas, repartidas por Reino Unido e Estados Unidos. Os imóveis foram adquiridos entre 2003 e 2017 através de empresas de fachada registadas em paraísos fiscais. O seu valor total eleva-se a mais de 106 milhões de dólares (dois mil e 120 milhões de pesos).
Armando G. Tejeda, Correspondente de Madri
Tradução: Beatriz Cannabrava
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