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Eleições El Salvador: Bukele acumula mais poder político ao eleger maioria dos deputados

Presidente tem sabido se conectar com uma população farta desses dois partidos, e durante a campanha eleitoral os etiquetou como “os mesmos de sempre”
Edgardo Ayala
La Jornada
San Salvador de Jujuy

Tradução:

O presidente salvadorense Nayib Bukele, acusado pela oposição de mostrar arrebatamentos de autoritarismo, está perto de obter maior poder político, uma vez que seu partido Novas Ideias se perfila como o grande vitorioso das eleições de prefeitos e deputados à Assembleia Legislativa celebrados em El Salvador neste domingo. 

O Tribunal Supremo Eleitoral emitiu os primeiros resultados às 9:30 da noite e uma hora mais tarde só tinha processado 7% das atas, e com isso ainda não se podia falar de tendência

Mesmo assim, em um gráfico tentativo já se vê que Novas Ideias vai apresentando porcentagens com aproximadamente 50%, e os analistas já falavam que o mais seguro é que o partido de Bukele possa alcançar os 43 deputados, a metade mais um, necessários para aprovar leis na Assembleia Legislativa composta por 84 deputados

“Aparentemente sim, os prognósticos vão ser cumpridos”, disse o acadêmico Ricardo Picardo, diretor do Instituto de Ciências, Tecnologia e Inovação, da Universidade Francisco Gavidia, a um canal de televisão.

Se for esse o cenário, se obtiver a maioria, o partido do presidente poderia aprovar as leis que Bukele queira sem necessidade de pactos com outras tendências políticas. 

Inclusive não se descarta que consiga as 56 cadeiras da chamada “maioria qualificada” (dois terços do Congresso), que lhe permitiriam aprovar o orçamento da nação, créditos e nomear funcionários como o promotor geral, com o apoio dos deputados eleitos por seu partido aliado, a Grande Aliança pela Unidade Nacional (Gana). 

Presidente tem sabido se conectar com uma população farta desses dois partidos, e durante a campanha eleitoral os etiquetou como “os mesmos de sempre”

La Jornada
Uma boleta eleitoral utilizada para marcar o voto em El Salvador.

Números insignificantes

As outrora poderosas Arena e a Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), que foi uma guerrilha esquerdista durante a guerra civil salvadorense (1980-1992) ficaram no caminho com números insignificantes, nem sombra do que foram há alguns anos. 

Nas eleições de 2018, a Arena obteve 37 deputados e o FMLN, 23, quando Bukele ainda não conformava seu partido

Aproximadamente 5,8 milhões de salvadorenses estavam aptos a votar nas 8.451 seções eleitorais distribuídas em 1.595 centros de votação em todo o país centro-americano de 6,7 milhões de habitantes

Nessas eleições também foram eleitos os deputados salvadorenses para o Parlamento Centro-americano, com sede na Cidade da Guatemala

No fechamento desta nota, os dados preliminares sobre as eleições municipais ainda não haviam sido processados, mas se estima que Bukele e seu partido também vencerão em boa parte dos 262 municípios do país.

“É que se viu que o homem quer fazer coisas pelo povo”, disse a La Jornada o motorista de Uber, Carlos Martínez, na tarde do domingo, referindo-se ao presidente que foi o catalisador do triunfo de Novas Ideias, apesar de não se tratar de uma eleição presidencial

“Sempre fui eleitor da Frente, mas como Frente e Arena nos estafaram, nos enganaram, ando ressentido”, afirmou após sair de um centro de votação

Bukele ganhou a presidência nas eleições de fevereiro de 2019 e com isso enterrou 30 anos do bipartidarismo de FMLN e Arena: o partido de direita governou por 20 anos e o de esquerda por 10

Bukele tem sabido muito bem se conectar com uma população farta desses dois partidos, e durante a campanha eleitoral os etiquetou como “os mesmos de sempre”, revolvendo-os em todo o lodo de corrupção em que caíram esses dois grupos políticos

O jesuíta José María Tojeira, da Universidade Centro-americana José Simeón Cañas (UCA), disse que apesar dos erros e irregularidades cometidas pelo governo de Bukele durante a campanha, como confinar em centros de detenção a centenas de salvadorenses, parece que as pessoas ficaram contentes em haver recebido ajuda econômica e pacotes de alimentos.

Edgardo Ayala, Especial para La Jornada

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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