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Opositor de Manuela em Porto Alegre é ligado a Bolsonaro por negacionismo e intolerância

Os partidos do campo de esquerda, democrático, trabalhista, popular precisam se unir para combater o candidato que representa um atraso para o desenvolvimento
Estêvão Finger
Sul 21
Rio Grande do Sul

Tradução:

As eleições municipais para a câmara de vereadores, em Porto Alegre, sinalizaram um nítido recado oriundo das urnas: renovação, com uma forte pauta feminista e antirracista. A juventude também terá um grande protagonismo. Tem que ser muito comemorada a construção de uma bancada de esquerda, composta por quatro mulheres e seis homens, dentre estes(as), quatro negras e um negro, pertencentes ao PT, PCdoB e PSOL. É realmente importante uma representatividade assim, em tempos de bolsonarismo no nosso país. A unidade, do campo democrático e popular, é cada vez mais evidente e fundamental para a derrota de Bolsonaro. Nesse sentido, o diálogo também com o PDT e o PSB precisa ser permanente para a criação de uma grande bloco de esquerda nacional. 

Agora, passado o primeiro turno das eleições, temos uma outra grande tarefa. Eleger Manuela D´Ávila (PCdoB) e Miguel Rossetto (PT) para prefeita e vice-prefeito, respectivamente. É absolutamente necessário devolver nossa Porto Alegre para o povo, onde a prática da democracia participativa, por meio do orçamento participativo, possa voltar a ser uma realidade em nosso município. Desde 2005, a capital gaúcha vem sendo governada na contramão. Falta de investimentos em políticas públicas, sucateamento de serviços públicos, abandono da cidade sobretudo nas periferias onde a população mais precisa. O candidato Sebastião Melo (MDB) e Nelson Marchezan (PSDB) fazem parte de um mesmo projeto político. Cabe lembrar, aliás, que Melo enquanto deputado estadual vota projetos de Eduardo Leite, contra servidores(as) públicos(as). Foi contra, inclusive, a correção inflacionária do piso regional. O vice do Melo, Ricardo Gomes (DEM) é da extrema direita, e no segundo turno receberam apoio do PTB, partido de Roberto Jeferson. Esse projeto nefasto – liderado pelo candidato Melo, é contra servidor(a) público(a), e consequentemente, contra o serviço público. Não podemos deixar continuar este descaso com Porto Alegre. Os(as) servidores(as) e empregados(as) públicos(as) municipais estão há quase cinco anos sem reajustamento salarial pela inflação; postos de saúde sendo fechados; ameaça de demissão de concursados(as) do IMESF em plena pandemia; retorno para as aulas sem condições locais sanitárias e em um momento de ascensão de internações hospitalares por conta do Covid-19; crianças sem vagas nas creches; comunidades periféricas sem saneamento básico; falta de água em grandes bairros da capital; praças e parques abandonados; destruição da política de cultura, bem como de esporte e lazer; ausência de segurança pública. Enfim, os problemas são infinitos e inumeráveis.

Os partidos do campo de esquerda, democrático, trabalhista, popular precisam se unir para combater o candidato que representa um atraso para o desenvolvimento

Foto: Luiza Castro/Sul21
Prefeitura de Porto Alegre.

Nossa Porto Alegre merece mais. Temos a chance de eleger a primeira mulher prefeita do município, que já foi vereadora, deputada estadual e federal, bem como candidata a vice-presidenta, ao lado de Fernando Haddad (PT). É o momento de eleger um vice-prefeito com a experiência necessária para enfrentar a crise sanitária, econômica e social agudizadas pelo Covid-19. Já está se consolidando um bloco de esquerda, democrático e popular importante na próxima legislatura na câmara de vereadores. Então, urge a necessidade de uma prefeitura que governe com o povo e para o povo, e isso só se alcançará com Manuela e Rossetto no paço municipal. A campanha dessa candidatura agiu com adequada responsabilidade sanitária no primeiro turno, bem como apresentou propostas concretas, reais e possíveis de serem realizadas e executadas. O apoio do PSOL, do PDT, assim como a Rede Sustentabilidade, à candidatura de Manuela/Rossetto é um gesto importante no avanço da tão necessária unidade do campo democrático. O alto índice de abstenção e o movimento do Fortunati (PTB) em apoio ao candidato Melo, após sua renúncia às eleições, prejudicaram um desempenho mais favorável da candidatura Manuela/Rossetto no primeiro turno.

Um dos principais desafios, para a próxima administração, será o estímulo à renda e ao emprego, dada a grave crise econômica e o contexto de pandemia. Ainda, a reestruturação dos serviços de saúde em tempos de pandemia. É demanda imediata a necessidade da aquisição de vacinas contra o coronavírus assim que estiverem prontas, bem como ampliar o número de testagens em massa, e que as mesmas possam ser realizadas nos postos de saúde, com a finalidade de ter um controle da doença em nível local, em estreita parceria com o serviço de vigilância em saúde. A volta as aulas precisa ter a segurança necessária para as crianças, pais e a comunidade escolar. É preciso manter os(as) empregados públicos(as) do IMESF, tão importantes para a saúde de nossa população, em especial nesse momento de crise sanitária.

Não podemos ter mais uma Porto Alegre de retrocessos, é hora da mudança. Os partidos do campo de esquerda, democrático, trabalhista, popular precisam se unir para combater o candidato Melo que representa um continuísmo, e, portanto um atraso para o desenvolvimento econômico e social da capital gaúcha. A identificação de propostas do candidato Melo com as de Bolsonaro significa a falta de diálogo, o negacionismo à ciência e ao Covid-19, a banalização da vida com as milhares de mortes pela pandemia (que poderiam ser evitadas), a cumplicidade com práticas machistas e misóginas, racistas, de intolerância e o silêncio em relação às denúncias de corrupção envolvendo integrantes e apoiadores do atual governo federal. Porto Alegre não deve aceitar isso. Precisamos de uma cidade para todas e todos, podemos e devemos fazer diferente, votando em Manuela – número 65, e seu vice Miguel Rossetto.

* Estêvão Finger é Enfermeiro. Especialista em Saúde da Família e Comunidade. Empregado Público do IMESF/POA. Militante de esquerda, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT).


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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