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“Estado não pode existir para beneficiar uma família”, afirma Luisa González (Foto: Luisa González / Facebook)

Eleições no Equador: Luisa González defende união da esquerda por um projeto de pátria

De volta à disputa pela presidência e à frente do Revolução Cidadã, Luisa González propõe mudança no Equador e fim das políticas que prejudicam os mais pobres
Eloy Osvaldo Proaño
Estratégia.la
Quito

Tradução:

Ana Corbisier

O movimento Revolução Cidadã (RC), liderado pelo ex-presidente Rafael Correa, postulou novamente Luisa González como candidata à Presidência do Equador para as eleições de fevereiro próximo, nas quais também participará o atual chefe de Estado, o ultradireitista Daniel Noboa, que venceu González no segundo turno do ano passado.

Eleições no Equador 2025: confira as últimas notícias.

No total, 16 chapas aspiram a chegar ao palácio de Carondelet (sede do Executivo) para o período 2025-2029. As últimas pesquisas indicam que González e Noboa, que aspira à reeleição, lideram a intenção de voto no Equador. Luisa González desafiou Noboa, no último dia 20, a um debate cara a cara antes da realização do primeiro turno das eleições gerais, marcado para 9 de fevereiro.

Seu companheiro de chapa será o economista Diego Borja, conforme anunciado em 18 de janeiro durante a Convenção Nacional da agrupação. “Temos como vice-presidente Diego Borja e como presidenta a companheira Luisa González”, proclamou o burô político da RC no Coliseo Voltaire Paladines Polo, localizado na cidade de Guayaquil.

Noboa e González já se enfrentaram no segundo turno das eleições extraordinárias de 2023, quando o atual mandatário foi eleito para completar o período 2021-2025, que não foi concluído pelo ex-presidente Guillermo Lasso. Lasso convocou eleições antecipadas em decorrência da dissolução do Parlamento equatoriano. Próximo do fim de governo de 18 meses, Noboa busca agora ser reeleito para um mandato completo (2025-2029). O mandatário conservador, de 36 anos, anunciou sua decisão de aceitar a candidatura presidencial pela ADN.

No início de junho, Leonidas Iza, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), foi proclamado pré-candidato presidencial para as eleições de 2025 pelo movimento Pachakutik, considerado o braço político da organização que ele preside.

Mais de 13,7 milhões de equatorianos estão convocados às urnas para eleger suas autoridades nacionais, incluindo aqueles que ocuparão a Presidência e a Vice-presidência, os 151 parlamentares que integrarão a Assembleia Nacional e cinco representantes para o Parlamento Andino. O segundo turno está previsto para 13 de abril, caso nenhum candidato presidencial obtenha 50% dos votos, ou 40% com uma vantagem de pelo menos 10 pontos.

Equador inicia campanha eleitoral com Luisa González líder nas pesquisas

Na convenção partidária, o RC também escolheu a lista de pré-candidatos para as eleições legislativas, que coincidirão com as presidenciais. A chapa progressista será liderada pelo apresentador de televisão Xavier Lasso Mendoza.

González pediu unidade interna em seu movimento político e lembrou que manteve reuniões com grupos de esquerda em busca de unidade. Ela comentou que essas organizações políticas foram convidadas a se unirem a “um projeto de pátria, a um projeto que tenha como eixo central a verdade, a justiça, a honestidade, a transparência, os compromissos que se cumprem e, nessa unidade, caminhar para um Equador de mudança”.

A decisão foi celebrada por vários milhares de seguidores e membros da organização política com gritos de “Luisa, presidenta” e “um só turno”. González, de 46 anos, também ex-legisladora e presidenta da RC, venceu o primeiro turno das eleições presidenciais antecipadas de 2023, mas não obteve votos suficientes para se proclamar vencedora e, posteriormente, perdeu no segundo turno para o milionário Daniel Noboa.

Em um breve discurso, González questionou as medidas aplicadas pelos governos dos últimos sete anos em detrimento dos setores vulneráveis – e mais recentemente durante a administração de Noboa –, como o aumento do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) e a taxa e 65% da população economicamente ativa sem emprego, entre outros.

“Vocês querem mais quatro anos disso, quatro anos de mentiras, que nos prometam algo e não cumpram?”, perguntou ao seu público. Ela também afirmou que o “Estado não pode existir para beneficiar uma família”, nem “para deixar esquecidos nossos agricultores”. Fez referência ao Grupo Noboa, que deve ao Serviço de Rendas Internas cerca de 89 milhões de dólares e é propriedade da família do presidente, filho do multimilionário Álvaro Noboa, cinco vezes candidato à presidência.

Luisa González: nem Pinochet indaviu embaixada

Em entrevista ao jornal El Universo, González assegurou que restabelecerá os vínculos diplomáticos com o México caso sua chapa seja vencedora nas eleições gerais de 9 de fevereiro.

Jorge Glas, sequestrado pelo governo de Daniel Noboa.

Adiantou que, se vencer nas urnas, concederá salvo-conduto a Glas, que está preso em um cárcere de segurança máxima no Equador, para que ele possa usufruir do asilo concedido pelo governo do México. Glas cumpriu mais de seis anos de uma pena acumulada em dois processos por suposta corrupção e atualmente permanece na prisão, enquanto responde a um suposto caso de peculato no caso Reconstrução de Manabí, após o terremoto que devastou a costa equatoriana em 2026.

Em sua segunda campanha eleitoral pela presidência, a candidata do movimento fundado pelo ex-presidente Rafael Correa criticou a decisão de Noboa de invadir a sede diplomática mexicana em Quito, em abril de 2024, e sequestrar o ex-vice-presidente Jorge Glas, a quem o México havia concedido asilo.

“Noboa invade uma sede diplomática, algo que nem a ditadura de Augusto Pinochet no Chile fez, por um cálculo político para uma campanha eleitoral que ele considerava perdida. Viola o direito internacional, e isso resulta na ruptura das relações com o México, com prejuízos econômicos para o povo equatoriano”, afirmou González.

González também mencionou o caso do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), condenado a oito anos de prisão no caso Subornos 2012-2016, sobre quem disse que não pode receber um indulto porque não está detido.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Eloy Osvaldo Proaño Analista e pesquisador equatoriano associado ao Centro Latino-americano de Análise Estratégica (CLAE, www.estrategia.la).

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