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Votação antecipada, candidatos e contagem dos votos: entenda as eleições nos EUA

Além de decidir entre Trump e Biden para governar o país, hoje os norte-americanos elegem também os 435 membros da Câmara de Representantes
Redação Prensa Latina
Prensa Latina
Washington

Tradução:

Grande parte do mundo acompanha de perto o processo eleitoral nos Estados Unidos, onde além de ser eleito hoje o presidente do país, estão em jogo muitas cadeiras do Congresso e postos estaduais e locais. 

No meio do grande fluxo de informação que abunda na mídia sobre a eleição na nação do norte, Prensa Latina responde algumas perguntas que possam ter nossos leitores sobre esta importante contenda. 

Por que as eleições nos Estados Unidos são celebradas numa terça-feira? 

Enquanto que em outras nações é comum que as eleições sejam realizadas no fim de semana, fundamentalmente aos domingos, as dos Estados Unidos sempre são marcadas para a primeira terça-feira depois da primeira segunda-feira de novembro, uma prática que se remonta a 1845.

Grande parte da população estadunidense vivia então da agricultura e, ao ter a necessidade de marcar uma data para eleições, o Congresso considerou novembro o mês mais adequado, pois a colheita já havia terminado e o clima ainda permitia longos percursos até os centros de votação. 

Atualmente, a votação antecipada que se realiza em muitos estados desde 1992 dá a possibilidade de não limitar o sufrágio a um dia só, mas os norte-americanos podem emitir seu voto pessoalmente ou através do correio desde semanas antes do dia das eleições.
Este ano, os votos antecipados alcançaram níveis recordes em meio do impacto da pandemia da Covid-19, pois se estima que já participaram mais de 93 milhões de pessoas, o que levaria pela primeira vez na história que haja mais votos emitidos antes da jornada que na data das eleições.

Além de decidir entre  Trump e Biden para governar o país, hoje os norte-americanos elegem também os 435 membros da Câmara de Representantes

Wikimedia Commons
Grande parte do mundo acompanha de perto o processo eleitoral nos Estados Unidos.

Quais são os competidores pela presidência?

O atual mandatário do país, Donald Trump, de 74 anos, busca um segundo mandato pelo Partido Republicano, enquanto que a outra principal força política do país, o Partido Democrata tem como candidato o ex-vice-presidente Joe Biden, de 78 anos.

Trump e Biden são os principais protagonistas da luta pela Casa Branca e aparecem nas cédulas eleitorais dos 50 estados do país e da capital, Washington D.C., respaldados pela história de suas formações políticas e por uma poderosa máquina de propaganda e dinheiro.
Embora eles sejam os que mais aparecem na mídia, e os únicos com possibilidade reais de ganhar as eleições de 3 de novembro, a página de rastreamento de dados eleitorais Ballotpedia indica que, em total, 1.224 candidatos se apresentaram ante a Comissão Federal de Eleições para postular-se à presidência.

Com vista a buscar o máximo posto do país, um aspirante deve ser um cidadão natural dos Estados Unidos, ter pelo menos 35 anos de idade e haver residido ali durante um mínimo de 14 anos.

Entre essa grande quantidade de candidatos presidenciais por outros partidos políticos e independentes, os dois melhores posicionados são Jo Jorgensen, do Partido Libertário, o qual aparecerá nas cédulas de todos os territórios; e Howie Hawkins, do Partido Verde, presente nas cédulas de 30 estados.

O que dizem as pesquisas sobre as possibilidades de cada candidato?

Uma característica do processo eleitoral nos Estados Unidos é a grande quantidade de pesquisas que são realizadas no nível nacional e estadual para medir a intenção de voto dos eleitores e realizar análises em torno às possibilidade de êxito que cada candidato.

Há vários meses a maioria das pesquisas mostram Biden superior a Trump, e na atualidade a média das pesquisas do portal digital RealClearPolitics coloca o democrata 7,2 pontos porcentuais na frente do republicano, ao receber o respaldo de 51,1 por cento dos eleitores, diante dos 43,9 por cento e seu rival. 

No entanto, a vantagem do ex-vice-presidente se estreita em um grupo de estados considerados pendulares, os quais podem inclinar-se por qualquer um dos dois partidos, entre os quais se encontram Florida, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Carolina do Norte eArizona.
Nesses seis território combinados, Biden tem uma superioridade de 3,3 pontos percentuais, mas o panorama em cada um deles é diferente, pois vai desde a insignificante margem de 0,3 pontos percentuais que Biden apresenta sobre Trump na Carolina do Norte, até 6,6 e 6,1 pontos percentuais de superioridade em Wisconsin e Michigan, respectivamente.

Além desses dados, existem interrogantes acerca da confiabilidade das pesquisas, os quais subestimaram em 2016 grande parte do apoio que Trump recebeu entre os homens brancos sem formação universitária, um grupo chave para seu êxito há quatro anos.

Que quantidade de votos necessita um contendente para ganhar a presidência?

Uma peculiaridade das eleições presidenciais nos Estados Unidos é o questionado Colégio Eleitoral, o corpo cujos integrantes são os encarregados de eleger o presidente e o vice-presidente do país.
Para alcançar a presidência, 270 é o número mágico: essa é a cifra de votos eleitorais que necessita receber um candidato para chegar à Casa Branca, em um processo que não é de votação direta, mas sim de segundo grau.

Isso significa que quando um eleitor comparece às urnas, sua cédula não vai diretamente ao aspirante de um dos partidos, mas sim aos 538 membros do Colégio Eleitoral provenientes dos 50 estados e de Washington D.C.

Como consequência dessa forma de sufrágio, em várias  ocasiões a pessoa que foi nomeada presidente não teve a maior parte do respaldo da população; a mais recente delas foi em 2016, quando Trump obteve uns três milhões de votos populares menos que a então candidata democrata, Hillary Clinton, pero recebeu 304 votos eleitorais contra 227 da sua rival. 

Tal característica das eleições estadunidenses provoca que o atual mandatário e seu rival apontem com precisão cirúrgica e somas milionárias não aos 50 estados da nação, mas sim aos mencionados territórios pendulares, que podem resultar decisivos a suas aspirações.

O que mais se elege nas eleições de 3 de novembro?

Além de decidir se Trump permanecerá na Casa Branca por outros quatro anos ou se será Biden o novo governante, os norte-americanos elegem os 435 membros da Câmara de Representantes, atualmente sob controle democrata, e 35 dos 100 membros do Senado que tem agora maioria republicana.

Na atualidade, os democratas ocupam 232 assentos no primeiro desses órgãos legislativos, frente a 198 dos republicanos, um libertário e quatro postos vagos; enquanto que no Senado, os republicanos têm 53 cadeiras e os democratas 47 (incluídos as de dois independentes)
Qualquer que seja o candidato que finalmente ganhe a presidência e tome posse em 20 de janeiro de 2021, o caminho que siga sua administração estará vinculado, em boa medida, à correlação de forças que exista no Capitólio do país, daí a grande importância das eleições legislativas.

A maioria dos analistas e sites de prognósticos coincidem em que os democratas devem manter o controle da Câmara baixa, e assim a luta maior gira em torno ao Senado. 

No início de 2020 não se esperava que a batalha pela Câmara alta chegasse a ser muito disputada, mas isso mudou em um panorama em que Trump aparece atrás nas pesquisas nacionais e os candidatos democratas acumulam milhões de dólares em arrecadação de fundos.
Para inclinar esse órgão a seu favor, os democratas necessitam manter os postos que possuem atualmente e somar um ganho de quatro postos, ou de três se Biden chegar à Casa Branca, pois no caso de um resultado 50-50 em uma votação no Senado, seria sua vice-presidenta, Kamala Harris, a encarregada do desempate.

Os eleitores também se pronunciam sobre quem será seu próximo governador em 11 estados do país; Missouri, Montana, Carolina do Norte, New Hampshire, Virginia Ocidental, Delaware, Indiana, Dakota do Norte, Utah, Vermont e Washington.

Por outro lado, em 32 estados os eleitores devem decidir acerca de 120 medidas sobre uma grande variedade de temas, desde questões eleitorais até o aumento do salário mínimo, a legalização da maconha e a ampliação de benefícios trabalhistas. 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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