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Foto: UNRWA / X

Em 1 mês, Israel ataca 19 escolas em Gaza; 98% já foram destruídas

Nesta quinta (8), mais duas escolas de Gaza foram alvo de bombardeios de Israel, deixando ao menos 15 mortos; locais serviam de refúgio ou como hospital improvisado
Redação IPS
IPS
Nova York

Tradução:

Ana Corbisier

Pelo menos 167 palestinos morreram quando 17 escolas, que serviam como refúgios ou hospitais improvisados na Faixa de Gaza, foram atacadas pelas forças de Israel nas últimas quatro semanas, informaram relatórios concordantes de agências das Nações Unidas, nesta terça-feira (6).

Até esta quarta-feira (8), a mais recente arremetida havia ocorrido em 4 de agosto, quando as escolas Hassan Salame e Nasser, do bairro de An Nassr, a oeste da cidade de Gaza, foram atacadas quase simultaneamente. Os informes iniciais indicam que pelo menos 30 palestinos morreram, entre eles crianças e mulheres.

Porém, nesta quinta, mais duas escolas foram alvo de bombardeios do exército sionista, deixando ao menos 15 mortos, segundo a Defesa Civil palestina. Com isso, o saldo de unidades de ensino de Gaza apagadas do mapa subiu para 19.

Outro ataque ocorreu em 27 de julho, quando a escola Jadija e a adjacente Ahmad Al Kurd em Deir al Balah foram agredidas, matando pelo menos 30 palestinos, entre eles 15 crianças e oito mulheres, segundo informes do Departamento de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha). As escolas atingidas no fim de semana abrigavam a população deslocada pela violência e as constantes ordens de evacuação israelenses, indicaram as agências.

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ONU “horrorizada” com ataques de Israel a escolas

O escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh) mostrou-se horrorizado e destacou que “estes ataques evidenciam que não foram respeitados os princípios de distinção, proporcionalidade e precaução do direito internacional humanitário”. Segundo o alto comissário, Volker Türk, sete escolas serviram de refúgio para os deslocados e a de Jadija também era hospital de campanha.

O exército israelense afirma que as escolas Jadjia, Dala Moghrabi, Hamama, Hassan Salame e Nasser foram utilizadas por agentes do Hamas, o movimento islamista que Israel busca destruir depois de sofrer um ataque dos mesmos em 7 de outubro, em que morreram cerca de 1.200 pessoas. Türk disse que “colocar os civis perto de alvos militares, ou usá-los para proteger um alvo militar de um possível ataque, constitui uma violação do direito internacional humanitário”.

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No entanto, enfatizou que “isto não anula a obrigação de Israel de cumprir estritamente o direito internacional humanitário, inclusive os princípios de proporcionalidade, distinção e precaução, ao realizar operações militares”.

Quase 93% dos edifícios escolares em Gaza, um território de 365 quilômetros quadrados e 2,3 milhões de habitantes, foram danificados, afetados ou com probabilidade de sofrer danos, segundo avaliações das agências da ONU.

Jornalistas mortos em Gaza

Por outro lado, a relatora especial sobre a liberdade de opinião e expressão no Conselho de Direitos Humanos da ONU, Irene Khan, condenou nos termos mais enérgicos o assassinato deliberado de dois jornalistas em Gaza, perpetrado por Israel.

O correspondente Ismail Al-Ghoul, da cadeia de televisão árabe Al Jazeera, e seu cameraman Rami Al-Rifi, foram abatidos em Gaza em 1° de agosto. “Isto se soma ao já espantoso número de jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação mortos nesta guerra”, afirmou Khan em um comunicado.

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Como muitos jornalistas assassinados em Gaza, Al-Ghoul usava um jaleco de imprensa claramente identificado quando um drone israelense golpeou seu veículo. O exército israelense confirmou a morte de Al-Ghoul e o acusou de ser um agente do Hamas. “O exército israelense está fazendo acusações sem nenhuma evidência substancial para justificar o assassinato de jornalistas, o que é completamente contrário ao direito internacional humanitário”, declarou Khan.

Khan também mostrou grande preocupação porque nenhum dos casos de jornalistas identificados assassinados em território palestino ocupado foi objeto de uma investigação transparente, e porque as autoridades israelenses nunca processaram os supostos autores destes atos. Segundo o Comitê de Proteção de Jornalistas, uma organização baseada nos Estados Unidos, 113 jornalistas e outros trabalhadores de meios de comunicação morreram na guerra que envolveu a Faixa de Gaza, Israel e o sul do Líbano.

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“Dado que Israel não prestou atenção aos apelos anteriores à prestação de contas, peço à Corte Penal Internacional que processe rapidamente os assassinatos de jornalistas em Gaza como crimes de guerra”, disse Khan.

IPS, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação IPS

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