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ToggleO retrato da conjuntura estadunidense é cada vez mais difícil de pintar, e às vezes a única maneira de tentar é com fragmentos, uma obra abstrata incompleta. Entre as imagens de tal obra na última semana, temos o seguinte:
Uma boa notícia: depois de meses de luta, as atrizes do clube de strip-tease Club Garden de Los Ángeles lograram sindicalizar-se – agora serão representados no famoso grêmio de atores. Actor’s Equity, que está negociando um primeiro contrato coletivo com novos direitos.
Classe trabalhadora e sindicalismo batalham contra avanço do neofascismo nos EUA
Enquanto isso, a direita continua atacando os livros e seus muito perigosos traficantes: bibliotecários de escolas agora enfrentam possíveis penas de prisão e dezenas de milhares de dólares em multas se forem culpados de oferecer livros “obscenos” a menores de idade sob novas leis em pelo menos 7 estados.
E os vermelhos continuam ameaçando líderes estadunidenses (a saudade da Guerra Fria persiste): Trump, em um tuíte, disse que goza de “grandes números em pesquisas, mas os Comunistas estão me perseguindo”. Não os deixem -MAGA! [MAGA é a sigla de sua consigna “Make America Great Again”].
Do lado dos democratas, continuam recusando aceitar que foram derrotados por seu próprio eleitorado com o triunfo de Trump em 2016. “Se a Rússia é culpada pela eleição de Trump, evitamos a realidade pouco agradável de nossas instituições democráticas fracassadas e nosso império em decadência. Evitamos enfrentar o surgimento inevitável de um fascismo cristianizado que nasce de amplo empobrecimento, ira, desesperança e abandono.
Evitamos reconhecer a cumplicidade do Partido Democrata na maior desigualdade social na história de nosso país. A evisceração de nossas liberdades civis básicas, guerras sem fim e um sistema eleitoral financiado pela classe multimilionária, que é suborno legalizado”, explica o jornalista Prêmio Pulitzer e crítico social, Chris Hedges.
Azul Fibonacci/Flickr
Protesto estudantil March For Our Lives pelo controle de armas em St. Paul, Minnesota, em 7 de março de 2018
Mortes por armas de fogo
Atualmente, as armas de fogo são a principal causa de morte para as crianças e adolescentes estadunidenses (19%). Mais de mil incidentes com armas de fogo ocorreram nas escolas estadunidenses desde 2018 – algo não visto em mais de meio século. Mais de 273 pessoas foram feridas ou assassinadas em 303 incidentes em escolas no ano passado.
Quase todas as primárias, secundárias e preparatórias do país realizaram simulacros para praticar medidas em caso de um incidente com armas em seus locais. Menores de idade afro-estadunidenses têm 5 vezes mais probabilidade de morrer por balas que suas contrapartes brancas, resume Axios.
Nos EUA, total de armas de fogo ultrapassa população e causa recorde de mortes em 2020
Ao mesmo tempo, Estados Unidos seguem como o maior vendedor de armas ao mundo (39% do total global segundo SIPRI), e apesar de sua retórica como defensor das democracias no mundo, o governo de Biden vendeu armas a 57% dos países considerados autocráticos do mundo, segundo uma análise de The Intercept.
Na Florida, depois de promover novas medidas contra migrantes, o governador e aspirante presidencial Ron DeSantis promulgou leis para proibir instrução em aulas sobre temas de orientação sexual e identidade de gênero e outra contra os “shows de drag”, obsessão suspeita da ultradireita (talvez viram a Gaiola das Loucas).
De Santis declarou que com estas medidas, entre outras, “vamos permanecer um refúgio de cordura, uma cidadela de normalidade, e as crianças devem ser educadas refletindo isso”. Mas ao que parece, o Mickey Mouse e seus amigos não estão tão contentes com essa “normalidade” na Disney – essa fábrica de felicidade – se enfurecendo e cancelando um projeto de um bilhão de dólares na Florida por sua disputa com DeSantis.
A extraordinária e poderosa rainha de música country Dolly Parton não cessa de denunciar os políticos – “todos eles” – por pensar mais em seu poder que no povo. Disso trata sua nova canção “Mundo em chamas” – na qual condena “os políticos de avareza, os atuais e os passados” – que ofereceu nos Prêmios Americanos de Country.
“O que vamos fazer quando tudo se queimar?”, canta a lendária Parton aos seus 77 anos de idade. Assim, como uma pintura abstrata, mas sem ordem, é difícil concluir o que expressa. Nem que título pôr. Sugestões?
David Brooks | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
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