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ToggleO governador do departamento colombiano de Norte de Santander, William Villamizar, declarou uma “emergência social e econômica” nesta região devido à crise humanitária causada pelos confrontos entre a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) na zona de Catatumbo.
Os confrontos que começaram em 16 de janeiro em Catatumbo deixam, até o momento, cerca de 80 mortos. Segundo autoridades locais, a violência levou ainda ao deslocamento de 36 mil pessoas, que buscam se refugiar em regiões como Cúcuta, Ocaña e Tibú. A delicada situação levou o presidente colombiano, Gustavo Petro, a declarar estado de comoção interna e emergência econômica em todo o país.
“Isto é uma tragédia humanitária”
A declaração de emergência social e econômica em Norte de Santander permite “mobilizar o orçamento para adquirir alimentos, medicamentos, colchonetes, ventiladores, roupas e tudo o que é necessário para as vítimas e deslocados que se encontram nos abrigos de Tibú, Ocaña e também em Cúcuta”, disse o governador Villamizar. As caravanas de deslocados continuam sua jornada forçada a partir dos diferentes povoados de Catatumbo para escapar dos confrontos e da perseguição do ELN, que, em muitos casos, foi de casa em casa buscando suas vítimas.
O prefeito de Cúcuta, Jorge Acevedo, informou que os deslocados que fugiram das zonas mais afetadas se refugiam em algumas das principais cidades de Norte de Santander, como a mencionada capital, ou Ocaña. “Isto é uma tragédia humanitária que requer atenção imediata”, alertou Acevedo na terça-feira em uma entrevista à Blu Radio, na qual relatou como essas milhares de pessoas chegam a Cúcuta “com medo, fome e muitas necessidades“.
Acordo de paz suspenso
A Colômbia está desde segunda-feira (20) em um “estado de comoção interna”, ordenado pelo presidente Petro para adotar medidas extraordinárias, como liberar recursos e restringir a mobilidade dos habitantes. Desde 16 de fevereiro, diferentes focos de violência eclodiram no país, sendo o mais grave na região de Catatumbo, fronteiriça com a Venezuela.
O aumento crescente nas fileiras dissidentes das FARC, da chamada Frente 33, provocou os confrontos com o ELN, que historicamente controlou Catatumbo, uma região que inclui cerca de 15 municípios. Sua riqueza em recursos minerais e suas condições climáticas ideais para o cultivo de coca a tornam uma das áreas mais disputadas pelos grupos armados colombianos.
A guerrilha do ELN atacou a população civil e enfrentou dissidentes das FARC que não aderiram ao acordo de paz de 2016. A prolongada investida incluiu assassinatos seletivos e combates que deixam um saldo de pelo menos 80 mortos e 20 feridos. Na segunda-feira, o Ministério da Defesa informou sobre a morte de 20 guerrilheiros no departamento amazônico de Guaviare, devido a choques entre duas facções inimigas dos desertores do pacto que pôs fim às FARC.
No departamento de Bolívar, os confrontos entre o ELN e a facção narcotraficante Clã do Golfo deixaram nove mortos na última sexta-feira (17), segundo autoridades. Petro não especificou o alcance da declaração de comoção interna, que pode durar um período máximo de 90 dias, “prorrogável por até dois períodos iguais”, conforme a Constituição. A violência coloca em xeque a aposta do presidente de fazer a paz com todos os grupos armados da Colômbia. Também na sexta-feira, ele suspendeu o diálogo com a guerrilha do ELN, acusando-a de cometer “crimes de guerra”.
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