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Ajuda enviada pelo Governo Petro à região de Ocaña (Foto: Gov. William Villamizar / X)

Emergência em Catatumbo: confronto entre ELN e ex-FARCs desloca 36 mil na Colômbia

Condições climáticas favoráveis ao cultivo de coca tornam Catatumbo uma das áreas mais disputadas pelos grupos armados da Colômbia
Redação Página 12
Página 12
Buenos Aires

Tradução:

Ana Corbisier

O governador do departamento colombiano de Norte de Santander, William Villamizar, declarou uma “emergência social e econômica” nesta região devido à crise humanitária causada pelos confrontos entre a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) na zona de Catatumbo.

Os confrontos que começaram em 16 de janeiro em Catatumbo deixam, até o momento, cerca de 80 mortos. Segundo autoridades locais, a violência levou ainda ao deslocamento de 36 mil pessoas, que buscam se refugiar em regiões como Cúcuta, Ocaña e Tibú. A delicada situação levou o presidente colombiano, Gustavo Petro, a declarar estado de comoção interna e emergência econômica em todo o país.

“Isto é uma tragédia humanitária”

A declaração de emergência social e econômica em Norte de Santander permite “mobilizar o orçamento para adquirir alimentos, medicamentos, colchonetes, ventiladores, roupas e tudo o que é necessário para as vítimas e deslocados que se encontram nos abrigos de Tibú, Ocaña e também em Cúcuta”, disse o governador Villamizar. As caravanas de deslocados continuam sua jornada forçada a partir dos diferentes povoados de Catatumbo para escapar dos confrontos e da perseguição do ELN, que, em muitos casos, foi de casa em casa buscando suas vítimas.

O prefeito de Cúcuta, Jorge Acevedo, informou que os deslocados que fugiram das zonas mais afetadas se refugiam em algumas das principais cidades de Norte de Santander, como a mencionada capital, ou Ocaña. “Isto é uma tragédia humanitária que requer atenção imediata”, alertou Acevedo na terça-feira em uma entrevista à Blu Radio, na qual relatou como essas milhares de pessoas chegam a Cúcuta “com medo, fome e muitas necessidades“.

Acordo de paz suspenso

A Colômbia está desde segunda-feira (20) em um “estado de comoção interna”, ordenado pelo presidente Petro para adotar medidas extraordinárias, como liberar recursos e restringir a mobilidade dos habitantes. Desde 16 de fevereiro, diferentes focos de violência eclodiram no país, sendo o mais grave na região de Catatumbo, fronteiriça com a Venezuela.

O aumento crescente nas fileiras dissidentes das FARC, da chamada Frente 33, provocou os confrontos com o ELN, que historicamente controlou Catatumbo, uma região que inclui cerca de 15 municípios. Sua riqueza em recursos minerais e suas condições climáticas ideais para o cultivo de coca a tornam uma das áreas mais disputadas pelos grupos armados colombianos.

A guerrilha do ELN atacou a população civil e enfrentou dissidentes das FARC que não aderiram ao acordo de paz de 2016. A prolongada investida incluiu assassinatos seletivos e combates que deixam um saldo de pelo menos 80 mortos e 20 feridos. Na segunda-feira, o Ministério da Defesa informou sobre a morte de 20 guerrilheiros no departamento amazônico de Guaviare, devido a choques entre duas facções inimigas dos desertores do pacto que pôs fim às FARC.

No departamento de Bolívar, os confrontos entre o ELN e a facção narcotraficante Clã do Golfo deixaram nove mortos na última sexta-feira (17), segundo autoridades. Petro não especificou o alcance da declaração de comoção interna, que pode durar um período máximo de 90 dias, “prorrogável por até dois períodos iguais”, conforme a Constituição. A violência coloca em xeque a aposta do presidente de fazer a paz com todos os grupos armados da Colômbia. Também na sexta-feira, ele suspendeu o diálogo com a guerrilha do ELN, acusando-a de cometer “crimes de guerra”.

Página/12, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

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