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Daniel Noboa (Foto: Carlos Silva - Presidência do Equador / Flickr)

Equador: novo massacre em Guayaquil comprova fracasso das políticas de Noboa

22 pessoas foram mortas após um ataque de grupos criminosos contra cidadãos em área pública e residências de Guayaquil; resposta de Noboa foi estender estado de exceção
Orlando Pérez
La Jornada

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Segundo as autoridades do Equador, a matança ocorrida na última quinta-feira (6) à noite, no noroeste de Guayaquil, se tratou de um reacomodamento dos grupos criminosos que operam na região: os Tiguerones, os Choneros e os Lobos, todos eles com vínculos com os cartéis mexicanos. 22 pessoas foram assassinadas. A resposta do governo foi uma operação na qual deteve 14 dos supostos responsáveis, entre eles dois adolescentes.

Também foi afirmado que o assassinato de Daniel Gavilánez, apelidado de “Cachete”, líder dos Tiguerones Fênix, dois dias antes do ataque, teria sido o detonador da matança.

Na sexta-feira (7), o presidente-candidato Daniel Noboa reagiu ao ataque com uma mensagem em sua conta no X, assegurando que todos os policiais e militares que atuarem contra esses grupos receberão um indulto presidencial (caso sejam processados por suas ações).

O massacre em Guayaquil desencadeou um intenso debate sobre a estratégia de segurança no Equador. Enquanto as autoridades defendem a militarização como uma ação necessária, organismos de direitos humanos alertam sobre possíveis abusos e a falta de um plano abrangente para frear a violência.

Noboa renova “Estado de exceção”

Nueva Prosperina, no noroeste de Guayaquil, é um dos distritos mais perigosos do país, com 180 assassinatos registrados neste ano. A incerteza e o medo tomaram conta de seus habitantes, que exigem soluções eficazes diante da violência, que também provocou o deslocamento de muitos moradores.

Os testemunhos coincidem em que os criminosos portavam fuzis e pistolas calibre 9 mm e dispararam indiscriminadamente contra pessoas na via pública e dentro de residências. Os corpos ficaram caídos na rua e não receberam atendimento imediato devido ao terror que domina a região. Apenas com a chegada da polícia soube-se que havia 12 mortos no local; os demais faleceram no trajeto para os hospitais da região.

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Esses acontecimentos ocorreram após Noboa renovar, na última terça-feira (4), o estado de exceção em Guayaquil por mais 60 dias (justamente em meio ao processo eleitoral que levará os equatorianos de volta às urnas em 13 de abril), estendendo a medida a outras seis províncias do país. A medida permite a mobilização das Forças Armadas e a aplicação de restrições como o toque de recolher.

Noboa tem poderes absolutos para combater a violência, pois a consulta popular de abril de 2024 autoriza as Forças Armadas a patrulharem internamente o país, permite a extradição de equatorianos e concede controle total das prisões.

Além disso, as autoridades equatorianas informaram que, durante os controles de segurança na Penitenciária Número 1, em Guayas, “foram encontrados cinco corpos de pessoas privadas de liberdade. As causas dessas mortes ainda estão sendo investigadas, e as respectivas autópsias estão em andamento”. No entanto, a Teleamazonas reportou que os mortos seriam pelo menos 20 presos.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Orlando Pérez Correspondente do La Jornada em Quito.

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