Na última quarta-feira (19), na Espanha, após explodir o escândalo de suposto assédio sexual contra Juan Carlos Monedero, o fundador do partido espanhol de esquerda Podemos se limitou a falar através das redes sociais, onde publicou uma longa mensagem na qual dava sua versão dos fatos.
Já na sexta-feira (21), interceptado por um grupo de jornalistas na porta de sua casa e consultado sobre a situação, respondeu: “não tenho nada a ocultar; quem terá que esclarecer as coisas é o Podemos”.
A direção do partido político, presidido por Ione Belarra, confirmou a existência das denúncias e que após esses fatos decidiu afastá-lo de qualquer atividade desde 2023. Por sua vez, a Universidade Complutense de Madri confirmou a abertura de um processo de “informação reservada” sobre o caso, enquanto o jornal digital Público, onde o político espanhol tinha um espaço e escrevia artigos, anunciou “a suspensão de sua colaboração”.
Diante da escalada de denúncias de assédio sexual contra o político espanhol e professor na Universidade Complutense de Madrid, Monedero decidiu não comparecer publicamente para dar sua versão dos fatos. O La Jornada solicitou uma entrevista para que explicasse seu lado, mas não houve resposta.
Discrição
Desde que vieram à tona as denúncias, o professor universitário sai às ruas de boné e óculos escuros. Ainda assim, um par de jornalistas o identificou no bairro onde vive, e ele lhes respondeu de forma precipitada antes de sair do local às pressas:
“Tenho uma vantagem: não tenho uma pessoa e um personagem, sou apenas a mesma pessoa. E não tenho nada a ocultar”, disse, em alusão ao caso de agressão sexual que atinge Íñigo Errejón, dirigente político da esquerda espanhola e também fundador do Podemos que está sendo processado. Monedero anunciou ainda que, “quando tudo se esclarecer”, dará “todas as explicações que forem necessárias”.
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A líder do Podemos, Belarra, informou à imprensa os motivos pelos quais não haviam denunciado pública e judicialmente as ações de Monedero, tal como haviam defendido até então em seu ideário político.
A direção do partido foi interrogada sobre as datas em que souberam das denúncias, que, segundo o portal digital Eldiario.es, datam de 2016, quando o partido ainda era dirigido por Pablo Iglesias.
Belarra afirmou: “as vítimas nos pediram anonimato, nos pediram discrição e, nesse sentido, o que mais enfaticamente nos solicitaram foi que ele fosse afastado das atividades públicas. Isso foi feito imediatamente, desde o momento em que tivemos conhecimento das denúncias”. Além disso, negou que o partido soube dos fatos em 2016, mas sim a partir de 2023, quando decidiram afastar o acusado do partido e de qualquer responsabilidade ligada à fundação da sigla.
Por fim, o jornal Público explicou em nota a decisão de suspender qualquer tipo de colaboração ou relação profissional devido a “uma série de comportamentos machistas” por parte do autor, “enquadráveis na esfera do abuso de poder e sustentados ao longo do tempo, que são incompatíveis com os valores e a linha editorial do Público”.
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