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Estadunidenses já consideram derrota de Trump a tarefa mais urgente da história do país

Para derrotar o regime atual, depende-se de uma frente popular com todas os tipos de expressões recentes, como o maior movimento de protesto social na história dos EUA, Black Lives Matter
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

A república estadunidense está sob ameaça por um regime com tintas neofascistas que está acelerando a contribuição dos Estados Unidos ao fim do mundo com suas política anti-ambientais, militares e seu apoio a forças direitistas por todo o mundo.

Ao mesmo tempo, este é um país onde há uma mudança demográfica e geracional, em que a maioria de jovens menores de 16 anos de idade não são brancos e onde uma maioria de jovens favorece o socialismo sobre o capitalismo.

Ao mesmo tempo, é um país que, como sempre, é resgatado, ressuscitado e culturalmente educado pelos imigrantes.

O futuro depende de como será enfrentada e abordada uma conjuntura onde está em jogo quase tudo nos Estados Unidos. E hoje em dia, quase todos os conscientes afirmam que a tarefa mais urgente é a derrota do regime atual, considerado o mais perigoso na história dos Estados Unidos.

Para derrotar o regime atual, depende-se de uma frente popular com todas os tipos de expressões recentes, como o maior movimento de protesto social na história dos EUA, Black Lives Matter

White House
Os avanços se expressam na eleição de políticos progressistas e fortalecimento dos que conseguiram romper o monopólio político tradicional

Para isso, muito depende da conformação de algum tipo de frente popular pelo menos nos fatos, o que inclui um mosaico extenso de todo tipo de expressões que apareceram em tempos recentes, entre as quais está o maior movimento de protesto social na história dos Estados Unidos, Black Lives Matter, que contém, por sua vez, centenas de agrupamentos e organizações.

Ao mesmo tempo, o grande movimento ambientalista, como o movimento contra a violência e contra as armas e, por outro lado, o dos direitos dos imigrantes, se renovaram e se radicalizaram em anos recentes por jovens.  

Também há novas expressões dentro do que é um universo sindical debilitado e burocratizado, encabeçado por, entre outros, professoras, enfermeiras, trabalhadores de comida rápida e armazéns, braceiros, trabalhadoras domésticas e outros cargos que têm sacudido as cúpulas e emprestado força a outros movimentos sociais.

Até os trabalhadores dos correios se radicalizaram diante de ameaças de sabotar essa instituição pública: seu sindicato acaba de modificar o lema oficial desse serviço de que nem “neve, chuva, calor, nem noite detém o correio, para agregar agora “fascismo” à lista.

Novas expressões de lutas antigas por direitos das mulheres e da comunidade gay perante o ataque pelas forças direitistas no poder se combinam com as de veteranos de lutas recentes e antigas, incluindo os de Occupy Wall Street e o movimento altermundista; lutas comunitárias locais tanto urbanas como rurais, como também algumas partes do movimento indígena; e expressões como a Campanha dos Pobres, ressuscitando o projeto pela justiça econômica e social, e Martin Luther King.

O mapa desses movimentos e expressões é extenso, fragmentado e cheio de conflitos. Mas deles depende não só o fim do regime atual, mas o princípio de outro futuro para este país e todos os que afeta. 

Por ora, no curto prazo, o desafio são as eleições. Embora no âmbito eleitoral a cúpula do Partido Democrata tenha conseguido frear a insurgência do socialista democrático Bernie Sanders, a ala progressista está mais forte que nunca, segundo o próprio Sanders: “o movimento progressista tem tido avanços enormes, não só em eleger candidatos ao Congresso”, como no nível estadual e local, mas também “temos avançado enormemente em trazer o povo estadunidense para nossa direção, sobretudo as gerações jovens”. 

Esses avanços se expressam não apenas na eleição de políticos progressistas, mas sim em um fortalecimento dos agrupamentos que conseguiram romper o monopólio político tradicional.

Cori Bush, organizadora dentro do Black Lives, que acaba de ganhar sua primária no Missouri e será deputada federal do próximo Congresso, declarou “temos sido chamados de radicais, terroristas, temos sido descartados como um movimento marginal, pior agora como um movimento mássico multirracial, multiétnico, multi-geracional, multi-fé, unido em exigir mudança”. 

Disso depende o resgate dos Estados Unidos.

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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