“A guerra entre Índia e Paquistão não é religiosa, é política e alimentada pelo imperialismo.” A afirmação direta de Hussein Khaliloo, sheik iraniano e dirigente do Centro Islâmico Imam Al Mahdi de Diálogo no Brasil (CIADB), sintetiza sua participação no programa Sul Globalizando desta quarta-feira (14).
Na entrevista à diretora de jornalismo da Diálogos do Sul Global, Vanessa Martina-Silva, Khaliloo denuncia que o conflito na região da Caxemira tem raízes coloniais e segue manipulado por potências como Estados Unidos, Reino Unido e Israel.
Segundo o religioso, a partição do subcontinente indiano promovida pela Grã-Bretanha em 1947 plantou um “conflito eterno” entre Índia e Paquistão ao dividir a região da Caxemira contra a vontade de seu povo. “A Caxemira não queria pertencer nem à Índia, nem ao Paquistão. Foi jogada no meio de uma disputa, e sua população — majoritariamente muçulmana — ficou sem soberania e sem direitos.”
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Ele lembra que o conflito já provocou três guerras formais e incontáveis confrontos, e que a repressão indiana sobre os muçulmanos da Caxemira intensifica a tensão. “A Índia corta internet, prende líderes, impede deslocamentos. O povo da Caxemira não tem os mesmos direitos de cidadania”, relata.
Khaliloo denuncia ainda que potências externas como os EUA e Israel se aproveitam do conflito para minar seus rivais geopolíticos. “Israel fornece drones e armas para a Índia. É do interesse dos sionistas que os muçulmanos se dividam e deixem de apoiar a Palestina.” Ele também aponta que o agravamento da disputa serve aos Estados Unidos em sua guerra fria contra a China, pois a região faz parte da nova Rota da Seda.
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Para o sheik, o Irã e a China atuam como mediadores para conter a escalada. “Não interessa à China ou ao Irã que a região entre em guerra. Ambos têm relações estratégicas com Índia e Paquistão, e defendem o diálogo”, explica, e acrescenta: “os conflitos são alimentados por interesses políticos, não por diferenças religiosas”.
Sobre a atuação da Liga Árabe, Khaliloo é categórico: “A Liga Árabe não existe. A maioria dos seus países virou protetorado dos EUA ou da Otan.”
Ele conclui alertando que, enquanto a questão da Caxemira não for resolvida com justiça, o risco de novos conflitos permanece. “A ONU precisa intervir com seriedade. Enquanto isso não acontecer, os inimigos da paz vão seguir atiçando a guerra.”
📺 A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube: