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ToggleA atual arremetida dos Estados Unidos contra Cuba inclui novas ferramentas quase militares para manipular e converter a mentira em verdade, denunciou o ex-embaixador da Bolívia em Cuba, Juan Ramón Quintana.
Em entrevista à Prensa Latina, o ex-ministro do governo do ex-mandatário Evo Morales e destacado intelectual, se referiu assim ao uso da Internet e dos meios de comunicação pelos Estados Unidos, com técnicas e estratégias praticamente militares, incorporadas à sua bagagem intervencionista, para tentar a destruição de governos soberanos como o da Ilha.
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Isso inclui, explicou, o uso, cada vez mais sofisticado, de operações psicológicas e de instrumentos vinculados à comunicação das redes sociais, “com uma capacidade de penetração preocupante na América Latina, modificando a opinião pública, alterando a informação, substituindo a verdade pela mentira”.
Prensa Latina
O ex-embaixador da Bolívia em Cuba, Juan Ramón Quintana.
O exemplo da Bolívia
No caso da Bolívia, recordou, foram usadas as redes sociais e a imprensa para a derrota da tentativa de reforma da Constituição política do Estado para que Evo Morales pudesse ir a uma segunda reeleição. Utilizou-se a mesma estratégia que hoje em dia se aplica à Venezuela e obviamente com mais intensidade em Cuba.
Para Quintana, os meios de comunicação e as redes sociais se converteram em uma ferramenta praticamente militar vinculada a operações psicológicas cujo fim é destruir governos democráticos que decidiram mudar o rumo de sua história.
“Nossos povos estão enfrentando este arsenal descomunal que provém de Washington”, asseverou e disse que o que ocorreu em Cuba “é provavelmente o ataque mais massivo, mais diversificado, mais intenso, lançado contra qualquer outro país da América Latina”.
A mentira como arma
Agregou que “a guerra midiática de mentiras, o uso das tecnologias comunicacionais, de Internet, dos robôs, das granjas de “trolls” e outras, está hoje em dia em seu apogeu a serviço dos interesses imperiais”, enquanto há uma vazio normativo em escala global na matéria.
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“Estamos ameaçados hoje por tecnologias, por estas novas plataformas comunicacionais que estão modificando de maneira arbitrária e interessada a opinião pública mundial”.
Ressaltou que o mundo inteiro está praticamente ameaçado pelo uso interessado e instrumentalizado destas plataformas comunicacionais que hoje praticamente estão dando golpes de Estado em vários países do mundo, mas são usadas “fundamentalmente para forjar opiniões públicas na base da desinformação, da manipulação e da alienação”.
Mudanças de estratégias e terceirização
Por outro lado, disse que “a ingerência imperialista nas últimas décadas tem tido a característica de mudar suas estratégias intervencionistas”, não só na América Latina, mas também na Europa do Leste.
Mencionou “a terceirização da guerra contra os povos, que permite operar mediante instituições como igrejas, organizações não governamentais, fundações de aparência humanitária, inclusive núcleos acadêmicos e universidades”.
“Hoje em dia esta guerra multidimensional, esta guerra híbrida, esta guerra de quarta geração, já não expõe tão abertamente a política exterior e a política de segurança norte-americana e utiliza essas entidades para socavar a estabilidade dos governos”, disse.
Comando Sul, USAID….
Indicou que o Comando Sul das Forças Armadas estadunidenses se projeta sobre o Caribe, a América Central e a América do Sul, em forma concertada com agências como a USAID, a NED, o IRI que financiam as operações de ingerência.
“Foram ficando mais complexos, poderíamos dizer, o arsenal de instituições, de estratégias, de táticas e técnicas desestabilizadoras nas últimas décadas, justamente para não visibilizar a mão sanguinária funesta do império norte-americano”, advertiu.
Mostrou que, por sua prática de ingerência, os Estados Unidos se converteram para a América Latina e o mundo, “não somente na polícia global, mas sim em um império que perdeu todo escrúpulo, que perdeu todo decoro quanto ao uso de ferramentas, de armas, de arsenais políticos para destruir governos progressistas não alinhados aos interesses dos Estados Unidos”.
Consequentemente, disse, nos últimos anos é esta mutação nas estratégias, das táticas e nas técnicas golpistas, desestabilizadoras e de ingerência.
Sobre os distúrbios de 11 de julho
Quintana disse sobre os distúrbios de 11 de julho em Cuba, que não lhe surpreenderam as manifestações pequenas, focalizadas em algumas cidades de Cuba, pois os Estados Unidos tem uma longa história de socavar a revolução socialista cubana desde a década dos sessenta do século passado.
“Essas manifestações sociais em Cuba formam parte das operações encobertas norte-americanas, da estratégia de mudança de regime político, da fragilização da estabilidade política cubana”, manifestou.
“Portanto, formam parte da trama desestabilizadora levada a cabo durante os últimos 60 anos e que têm rastros inequívocos de uma guerra de múltiplas dimensões, de múltiplas arestas contra a revolução cubana”, agregou.
Referiu-se assim às tentativas de invasão, terrorismo, sabotagem e magnicídio, guerra biológica e o bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba, ao qual agregou “as medidas unilaterais para asfixiar a economia e impedir a compra de alimentos e medicamentos durante o governo de Trump”.
Outras operações intervencionistas
Operações intervencionistas de diversas modalidades, agregou, foram lançadas contra a Venezuela, Honduras, Paraguai, Nicarágua, Equador, Brasil e Bolívia, para derrubar governos progressistas.
Denunciou que nos últimos anos “se intensificou essa guerra brutal genocida contra o povo cubano, contra o povo venezuelano, contra a Nicarágua e, é claro, contra a Bolívia com um golpe de estado, promovido, financiado, coordenado pelos Estados Unidos”.
O ex-embaixador em Cuba assinalou que por tudo isso o governo de seu país condena energicamente “estas manobras ruins, covardes, contra um povo castigado durante tantas décadas e ao longo de praticamente 12 ou 13 administrações norte-americanas”.
O bloqueio econômico, comercial e financeiro, prosseguiu, “não somente é condenado pela Bolívia, mas por 194 países de todo o mundo que também rechaçam os atos de terrorismo dos Estados Unidos e a crueldade desumana e a tendência genocida dos governos desse país”.
Manuel Robles Sosa, correspondente de Prensa Latina em La Paz
Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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