Ante a pressão que exercem os “países hostis”, como o Kremlin qualifica os Estados Unidos e seus aliados, os quais impõem à Rússia cada vez mais sanções pela guerra na Ucrânia, o presidente Vladimir Putin afirmou que valoriza muito os “laços historicamente sólidos, amistosos e de verdadeira confiança com os países da América Latina, da Ásia e da África” e ofereceu aos seus “aliados e sócios” armas convencionais modernas, desde fuzis automáticos a carros blindados, artilharia, aviões de combate e drones de assalto.
Com esta mensagem, o mandatário russo inaugurou nesta segunda-feira (15) o Fórum Técnico-Militar Internacional Exército 2022, que é a maior feira anual organizado pelo complexo industrial-militar russo, cujas empresas, apesar das restrições ocidentais, exportaram na primeira metade deste ano armamento diverso por 5,4 bilhões de dólares, de acordo com estatísticas oficiais.
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Putin indicou que a Rússia tem “muitos aliados, sócios, correligionários em distintos continentes” e destacou que “são países que não se submetem ao chamado poder hegemônico
Enfatizou que “(esses países) praticam uma via de desenvolvimento soberana própria, aspiram resolver de maneira coletiva os problemas da segurança regional e global com base no direito internacional, na responsabilidade recíproca e tomando em conta os interesses de cada um, contribuindo a defender um mundo multipolar”.
A Rússia, sublinhou o seu presidente, “advoga por impulsionar uma cooperação técnico-militar mais ampla e multilateral possível. Hoje em dia, quando está se formando um mundo multipolar, isto é especialmente importante”.
O Kremlin assegurou também que Moscou tem a intenção de ativar os nexos de cooperação para desenvolver novas armas convencionais e material militar, “trabalhando em projetos conjuntos em condições justas e equitativas”.
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"As lições da terrível tragédia que causou o nazismo à humanidade no século 20 não devem ser esquecidas"
Celebrada pela oitava vez, esta feira, na opinião de Putin, permitirá às mais de setenta delegações estrangeiras – muitos países representados pelos adidos militares e navais de suas embaixadas – conhecerem até o dia 21 de agosto algumas das ideias mais inovadoras de “protótipos e sistema futuros”, que vão determinar “o dia de amanhã” dos exércitos.
“Trata-se de armamento de alta precisão e robotizado, equipamentos de combate baseados em novos princípios físicos”, explicou a potenciais investidores e agregou: “muitos superam seus análogos estrangeiros em anos, senão em décadas”.
Da mesma forma, Putin elogiou as armas convencionais que a Rússia já tem e quer exportar: “Praticamente todas foram usadas em ações militares reais”, ressaltou, sem precisar se estava se referindo à Síria e à Ucrânia, ou a ambas.
Por razões óbvias, não estão à venda os novos tipos de armamento estratégico que a Rússia, passo a passo, incorpora ao seu arsenal nuclear e reserva para ela.
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Durante esta semana, ocorrem numerosos encontros entre militares, apresentações, conferências e até “jogos castrenses”, nos quais se prevê a participação de seis mil soldados e oficiais de 37 países.
Este ano, os organizadores decidiram aproveitar a presença das delegações estrangeiras para celebrar um Congresso Antifascista Internacional, uma vez que um dos objetivos da “operação militar especial” que o presidente russo, há quase seis meses, ordenou levar a cabo na Ucrânia, é “desnazificar” o vizinho país eslavo.
“As lições da terrível tragédia que causou o nazismo à humanidade no século 20 não devem ser esquecidas. Nosso dever ante a memória de milhões de vítimas da Segunda Guerra Mundial é rechaçar com dureza as tentativas de falsificar a história, combater a difusão de qualquer forma de neonazismo, russofobia e racismo”, refletiu o chefe do Kremlin.
Juan Pablo Duch, correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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