Pesquisar
Pesquisar

Lavrov: Rússia vai além de Donetsk e Lugansk se Otan mantiver envio de mísseis à Ucrânia

"Desde 15 de abril lhes entregamos nossas propostas para cessar as hostilidades e ainda não nos responderam", declarou o chanceler russo
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

A campanha militar da Rússia na Ucrânia já não tem como objetivo somente libertar as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, mas também as regiões de Khersón, Zaporiyia e “outros territórios”, afirmou nesta quarta-feira (20) o chanceler russo, Serguei Lavrov, em uma entrevista conjunta com três meios do Estado, as agências RIA Novosti e Sputnik e o canal de televisão por satélite RT.

Ao mesmo tempo, Lavrov advertiu que a “geografia das coordenadas da operação” irá se estendendo caso os Estados Unidos e seus aliados, “devido à raiva causada pela impotência ou ao desejo de agravar a situação”, continuarem proporcionando à Ucrânia armamento de largo alcance como os lança-mísseis múltiplos Himars.

Assista na TV Diálogos do Sul

Para Lavrov, “neste momento não tem sentido nos sentar para negociar com a Ucrânia, pois desde 15 de abril lhes entregamos nossas propostas para cessar as hostilidades e ainda não nos responderam”. 

O chanceler seguiu a pauta marcada pelo presidente Vladimir Putin, que no último dia 12, em Teerã, disse à imprensa que “o resultado final (das negociações) não depende da vontade dos mediadores, mas sim do desejo das partes que estão negociando o cumprimentos dos acordos assumidos. Constatamos que as autoridades de Kiev não têm esse desejo”. 

"Desde 15 de abril lhes entregamos nossas propostas para cessar as hostilidades e ainda não nos responderam", declarou o chanceler russo

Russia Today
"Não podemos permitir que na parte da Ucrânia sob controle de Zelensky (…) haja armas que representem ameaça direta para nosso território"




Bases geográficas

O chefe da diplomacia russa explicou: “Quando se levaram a cabo as negociações (entre a Rússia e a Ucrânia) em Istambul, tínhamos uma geografia e estávamos dispostos a aceitar a proposta ucraniana com base nessa geografia existente no fim de março de 2022. Mas agora a geografia é outra”. 

Lavrov completou, mais precisamente: “Já não são mais as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, mas também as regiões de Khersón e Zaporiyia e outros territórios. Esse processo continua de modo consequente e persistente”. 

“Não podemos permitir que na parte da Ucrânia sob controle de Zelensky, ou de uma pessoa que o substitua, haja armas que representem uma ameaça direta para nosso território, para os territórios das repúblicas que declararam sua independência ou daquelas que querem definir seu futuro por si mesmas”, acrescentou o titular de Relações Exteriores.

Lavrov, coincidindo com aqueles que seguiram de perto essa guerra, mencionou pela primeira vez que, embora oficialmente não pretenda ocupar o território da Ucrânia, as tropas russas ficarão onde estiverem no momento em que se firmar um pacto de paz. 

União Europeia e EUA afundam Ucrânia em empréstimos para manter máquina de guerra

Ele confirmou, nesse sentido, o que começou a se entrever quando, nos primeiros dias de hostilidades, o exército russo conseguiu tomar o controle de uma parte considerável da região de Khersón, adjacente à Criméia, e depois de Zaporiyia, o que permite à Rússia estabelecer um corredor terrestre que una o Donbass com a estratégica península, tirando da Ucrânia seus portos no mar de Azov. 

Enquanto o Kremlin decide o que fazer com os territórios sob controle das tropas russas, continua enviando funcionários russos para desempenhar cargos chaves nas administrações não subordinadas a Kiev, reparte passaportes russos à população, impõe o rublo como moeda local, estimula a abertura de filiais de bancos e operadoras de telefonia celular russas e promete abrir escolas que darão aulas em idioma russo. 

O Escritório da Presidência, de onde se movem todos os fios da política interna russa, sopesa vários cenários, entre eles realizar em Khersón e Zaporiyia, mesmo que seja com eleitores em território da Rússia, plebiscitos para autoproclamarem-se repúblicas populares à imagem e semelhança das de Donbass e, depois, declarar-se independentes. 

Outra possibilidade, muito comentada em Moscou, é unir o Donbass com Khersón, Zaporiyia e eventualmente algum outro território ucraniano em uma só entidade tipo “Rússia Oriental” e organizar um referendo de adesão à Federação Russa. 

Mas para poder instrumentar qualquer plano de integração é necessário, primeiro, terminar a ofensiva em Donetsk e, ao mesmo tempo, evitar que a Ucrânia inicie sua própria contraofensiva para recuperar Khersón e outras partes do sul.

Juan Pablo Duch é correspondente da La Jornada em Moscou.
Tradução de Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul

 


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:

  • PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56 

  • Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
  • Boletoacesse aqui
  • Assinatura pelo Paypalacesse aqui
  • Transferência bancária
    Nova Sociedade
    Banco Itaú
    Agência – 0713
    Conta Corrente – 24192-5
    CNPJ: 58726829/0001-56

       Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

LEIA tAMBÉM

1000 dias de Guerra na Ucrânia estratégia de esquecimento, lucros e impactos globais
1000 dias de Guerra na Ucrânia: estratégia de esquecimento, lucros e impactos globais
G20 se tornará equipe de ação ou seguir como espaço de debate
G20 vai se tornar “equipe de ação” ou seguir como “espaço de debate”?
Do Fórum Social Mundial ao G20 Social Lula reinventa participação popular global
Do Fórum Social Mundial ao G20 Social: Lula reinventa participação popular global
Entidades denunciam governos de Valência e Espanha por homicídio culposo durante enchentes
Entidades denunciam governos de Valência e Espanha por homicídio culposo durante enchentes