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Bayraktar TB-2 e Shahed-136: o que se sabe sobre drones utilizados em guerra na Ucrânia

Batizados pelos meios de comunicação no mundo como drones kamikaze, os veículos operados pos Moscou servem para uma só missão
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Em só pouco mais de uma semana, a Rússia destruiu 1/3 de todas as estações elétricas e outras infraestruturas civis da Ucrânia, segundo foi reportado nesta terça-feira (18) pelo presidente do vizinho país eslavo, Volodymyr Zelensky.

“Um novo tipo de ataque terrorista russo: bombardear nossas infraestruturas energéticas e críticas (que têm vital importância). Desde 10 de outubro, 30% das centrais elétricas estão destruídas, o que provocou severos cortes de eletricidade em todo o país. Já não restam espaços para negociar com o regime de (o presidente russo, Vladimir) Putin”, escreveu Zelensky no Twitter.

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Enquanto nos campos de batalha os exércitos russo e ucraniano mantêm suas posições em toda a linha da frente, de mais de mil quilômetros de extensão, sem quase conseguir avançar há dias, a iminente aproximação do inverno e suas óbvias dificuldades para o movimento de tropas pressagia que a guerra poderia entrar em uma fase estacionária até a próxima primavera.

Se correta essa impressão, a estratégia russa parece centrar-se agora em afetar a infraestrutura energética quando, nos meses de maior frio, a população ucraniana, sobretudo nas grandes cidades, vai necessitar de mais luz, calefação e água potável. 

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Por enquanto, o exército russo atacou novamente nesta terça-feira infraestruturas civis e centrais elétricas no leste, centro e sul da Ucrânia. Mísseis e drones caíram sobre Kiev, Járkov, Sumy, Dnipro, Vinnitsa, Zhitomir, Krivoy Rog, Mykolaiv e Zaporíjia.

“Durante este dia, as Forças Armadas da Federação Russa continuaram atacando com armas de alta precisão de longo alcance, a partir do ar e do mar, os centros de comando militar e as redes de energia da Ucrânia, assim como depósitos de munições e armazéns com armas de fabricação estrangeira”, reportou o general Igor Konashenkov, porta-voz do ministério da Defesa russo. 

E dentro dessa eventual estratégia, os drones são a arma mais efetiva que a Rússia tem neste momento, por voar mais baixo que os mísseis e não serem detectados pelos sistemas antiaéreos da Ucrânia, embora – em contrapartida – são mais fáceis de derrubar, com um simples fuzil automático ou lança-granadas, antes de entrar nas cidades. 

Batizados pelos meios de comunicação no mundo como drones kamikaze, os veículos operados pos Moscou servem para uma só missão

Bayhaluk – Wikimedia Commons

Os drones Bayraktar TB-2 fabricados pelo genro do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan




“Drones kamikaze”

O governo da Ucrânia não tem dúvida de que os drones que a Rússia está usando são comprados do Irã, certamente os Shahed-136 (traduzido do persa como Mártir ou Suicida), batizado pelos meios de comunicação no mundo como drones kamikaze, por serem aparatos que servem para uma só missão.

O chanceler Dmytro Kuleba pediu nesta terça-feira a Zelensky considerar a possibilidade de romper relações diplomáticas com o Irã, devido às “numerosas destruições causadas pelos drones iranianos à infraestrutura civil da Ucrânia, as mortes e o sofrimento de nosso povo, assim como a informação de que poderia continuar o fornecimento de armas de Teerã a Moscou”. 

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Um despacho “exclusivo” da capital iraniana afirma que “dois funcionários de alto escalão e diplomatas iranianos revelaram também nesta terça à (a agência de notícias) Reuters que o Irã prometeu fornecer à Rússia mísseis terra-terra, além de mais drones, uma decisão que sem dúvida pode incomodar os Estados Unidos e outras potências ocidentais”.

De acordo com esta versão, “o acordo foi firmado no último dia 6 de outubro durante a visita à Moscou que efetuou o vice-presidente do Irã, Mohammad Mokhiber, acompanhado de dois altos funcionários dos poderosos Corpos da Guarda Revolucionária Islâmica e um funcionário do Conselho Supremo de Segurança Nacional, com o propósito de acertar as pendências da venda de armamento”. 

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Teerã, nas palavras do diplomata iraniano citado pela Reuters, “não é parte do conflito da Ucrânia, diferentemente do Ocidente, e considera que isto deve ser solucionado exclusivamente por meios diplomáticos” e, consciente do impacto negativo que poderia ter o fornecimento de armamento à Rússia em relação às negociações em torno do delicado tema de uma acordo nuclear, sempre negou vender a Moscou drones e mísseis de curto alcance (de classe Fathe e Zolfaghar), que segundo as fontes anônimas da agência britânica “despertaram grande interesse dos compradores russos”. 

A chancelaria iraniana não tardou em desmentir a informação da Reuters. “É falso que vendemos à Rússia drones ou outro tipo de armamento”, publicou no Twitter, enquanto o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, remeteu os repórteres ao ministério de Defesa ao dizer que “o Kremlin não tem informação sobre a compra de drones iranianos”. 

A dependência castrense russa assegura que são drones de fabricação local, como – em sua opinião – demonstra a inscrição Gueran-2 que levam em caracteres cirílicos, embora parecem um clone dos Shahed-136 iranianos.


Shahed-136 iranianos

De um tempo para cá, desde que o exército russo começou a utilizar drones em seus ataques a cidades ucranianas, especialistas militares independentes – Yuri Fiodorov, Pavel Luzin e outros – concordam que a Rússia nunca fabricou grandes quantidades de aparatos aéreos não tripulados, o que faz supor que os que têm atualmente são comprados em outro país. 

A partir dos fragmentos de drones interceptados – o diretor de inteligência militar da Ucrânia, Kyrylo Budanov, disse nesta terça-feira que “sete de cada 10 drones são derrubados” – concluem que os componentes, assim como o tamanho das asas e o comportamento de voo, apontam que se trata dos Shahed-136 iranianos.

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O exército da Rússia sentiu a falta de drones, depois de a Ucrânia causar grandes dores de cabeça ao usar, sobretudo nos primeiros meses da guerra, drones Bayraktar TB-2 fabricados pelo genro do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

As diferenças entre os drones turcos e os iranianos não se limitam ao fato de os primeiros custarem cerca de 5 milhões de dólares e os segundos pouco menos de 20 mil dólares. Os Bayraktar são de uso múltiplo e com altas tecnologias que permitem manobrar à distância desde o lugar de decolagem e lançam mísseis sobre alvos que se movem. A Ucrânia os utiliza com muito cuidado e geralmente em missões especiais. 

Os drones kamikaze iranianos, por sua vez, foram criados para lançarem-se em grupo e como artefatos explosivos para atingir um alvo conforme os parâmetros programados e sem possibilidade de serem manejados à distância; sua velocidade máxima é de 180 quilômetros por hora, de modo que se, por exemplo, forem disparados a 300 quilômetros, tardariam uma hora e meia para chegar ao ponto programado. 

Por esta razão, os drone utilizados pela Rússia causam pânico entre a população civil das cidades, mas não são efetivos contra as unidades móveis de lançamentos múltiplos Himars e nem sempre atingem o alvo fixado; basta uma rajada de metralhadora para que desviem e caiam em qualquer lugar. 

Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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