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“Ou uma pessoa é candidata a presidente, ou é candidata a vassalo”, afirma Haddad sobre Tarcísio de Freitas (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Haddad: Tarifas de Trump contra o Brasil são irracionais e um enorme tiro no pé da extrema-direita

Em entrevista, ministro da Fazenda denuncia articulação da família Bolsonaro contra 215 milhões de brasileiros e destaca que ofensiva de Trump vai ser desastrosa para aqueles que a promoveram

Guilherme Ribeiro
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

“Essa decisão é eminentemente política, não há racionalidade econômica”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (10), sobre as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil.

“A família Bolsonaro urdiu esse ataque ao Brasil, com o objetivo específico de escapar do processo que está em curso […] O tiro vai sair pela culatra… a extrema-direita vai reconhecer, mais cedo ou mais tarde, que deu um enorme tiro pé”, acrescentou.

Em meio à crise diplomática, Haddad concedeu uma entrevista ao Barão de Itararé e a outros veículos independentes, como TVT News, Fórum, Carta Capital e TV 247. O encontro marcou também os 15 anos do Barão de Itararé, símbolo da comunicação alternativa no país. O tema central, naturalmente, foi a decisão de Trump e seus impactos.

O anúncio de Trump de aplicar uma tarifa adicional de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto acendeu um alerta no governo brasileiro. A medida foi justificada pelo republicano como resposta à suposta perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro e também como reação às barreiras comerciais que o Brasil imporia aos produtos americanos — argumento que o governo Lula contesta com números.

Logo no início na entrevista, Haddad lembrou que os Estados Unidos acumulam superávit comercial com o Brasil há anos. “Os Estados Unidos, como todos sabem, são superavitários em relação à América do Sul como um todo. E ao Brasil também”, afirmou.

É nesse sentido que o ministro afirmou que a decisão foi “gestada dentro do Brasil” visando desestabilizar o Governo Lula, e responsabilizou diretamente Bolsonaro por conspirar contra o Brasil. Para Haddad, o alinhamento de Trump com a extrema-direita brasileira, em especial com a família Bolsonaro, é a única explicação plausível. Não se trata, portanto, apenas de uma questão comercial, mas de soberania nacional:

“Isso não é uma elucubração, não! Isso é assumido publicamente pela pessoa que está nos Estados Unidos em nome da família Bolsonaro conspirando contra e ameaçando o Brasil.”

“Eu não acredito que a guerra tarifária ajude em algo no mundo, sobretudo da maneira como está sendo feita. É ruim para o mundo”, afirma Fernando Haddad (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

“É uma agressão que vai ficar marcada como inaceitável e inexplicável. Um governo entrar na onda de um político extremista local para atacar um país… 215 milhões de habitantes”, observou.

Questionado sobre a reação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Haddad foi incisivo: “Ou uma pessoa é candidata a presidente, ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem. Em 1822 isso acabou.”

Sobre a possibilidade de retaliações ou impactos na reindustrialização, Haddad deixou claro que uma guerra tarifária não interessa ao país: “Eu não acredito que a guerra tarifária ajude em algo no mundo, sobretudo da maneira como está sendo feita. É ruim para o mundo.”

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Aliás, segundo o ministro, os setores produtivos já estão se mobilizando junto ao presidente Lula para conter os prejuízos. “Nós temos nesse momento que estar unidos, todos unidos: o setor produtivo, o agro, com a indústria paulista, que é a mais afetada”, exortou, mencionando o impacto direto em produtos como as aeronaves da Embraer.

Ao ser perguntado se ainda há espaço para diálogo com o governo Trump, Haddad foi contundente ao mencionar o papel histórico do Itamaraty e a tradição diplomática brasileira: “Nós estamos com negociações ultracomplexas com a União Europeia, em acordos bilaterais com vários países do mundo. […] Não faz o menor sentido para as tradições diplomáticas brasileiras um país que tem 200 anos de relação econômica com o Brasil ter esse tipo de atitude.”

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Por fim, o ministro reforçou que o Brasil seguirá apostando no multilateralismo e na diplomacia para superar a crise: “O Brasil vai seguir o seu caminho. Qual é o caminho? O multilateralismo político e econômico. Nós acreditamos nisso.”

Confira, a seguir, a entrevista na íntegra:

* Entrevista transcrita e decupada com apoio de IA.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Guilherme Ribeiro Jornalista graduado pela Unesp, estudante de Banco de Dados pela Fatec e colaborador na Revista Diálogos do Sul Global. Mais conteúdos em guilhermeribeiroportfolio.com.

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