Conteúdo da página
ToggleEnquanto o Chile os recebe, a Nova Zelândia proíbe a entrada de soldados israelenses envolvidos no genocídio perpetrado contra o povo palestino em Gaza.
A autoridade de imigração do governo da Nova Zelândia determinou que cidadãos israelenses que solicitem visto para entrar neste país insular localizado na Oceania devem fornecer detalhes sobre seu serviço militar.
Concretamente, eles precisam preencher um questionário que pergunta sobre as datas de seu serviço militar, a localização de suas bases, os corpos e unidades em que serviram, os acampamentos militares onde estiveram estacionados, sua patente, detalhes de suas funções e seu número de identificação militar.
Além disso, devem responder se estiveram envolvidos em crimes de guerra, crimes contra a humanidade ou violações dos Direitos Humanos.
A Autoridade de Imigração da Nova Zelândia afirmou que, desde o início dos ataques israelenses contra os palestinos na Faixa de Gaza, implementou esse processo, destacando que os solicitantes devem cumprir os requisitos necessários para entrar no país.
Cidadãos ajudam nas buscas
A posição da Nova Zelândia se insere em um contexto internacional de crescente pressão sobre Israel devido às graves violações dos direitos humanos cometidas em Gaza, conforme relatou a HispanTV.
A recusa de alguns militares em fornecer essas informações resultou na negação de seus vistos, de acordo com meios de comunicação israelenses.
Diante dessa medida, ativistas pró-palestinos lançaram uma campanha chamada “linha direta sobre genocídio” para identificar israelenses envolvidos no genocídio contra palestinos em Gaza que estão descansando na Nova Zelândia.
Membros da Rede de Solidariedade com a Palestina de Aotearoa, no sul da Nova Zelândia, disseram que precisam da ajuda dos cidadãos “para localizá-los e informar que não são bem-vindos aqui”.
Os organizadores da campanha também pediram às autoridades neozelandesas que suspendam os vistos dos soldados israelenses que estão no país para descansar e se divertir após o genocídio em Gaza.
“Deixamos que entrassem em nosso país como Pedro em sua casa”
Diante da postura adotada pelo governo da Nova Zelândia, o ex-prefeito de Recoleta, Daniel Jadue, criticou o fato de militares israelenses envolvidos em violações dos direitos humanos em Gaza poderem entrar livremente no território chileno para aproveitar suas férias.
Y nosotros los dejamos ingresar a nuestro país como pedro por su casa, de vacaciones #nomasgenocidasenchile https://t.co/oOj7dwglhW
— Daniel Jadue (@danieljadue) January 30, 2025
“E nós os deixamos entrar em nosso país como Pedro em sua casa, de férias”, escreveu ele em uma mensagem compartilhada em sua conta na rede social X, finalizando com a hashtag #nomasgenocidasenchile.
Vale lembrar que, no início de janeiro, um grupo de advogados chilenos exigiu a detenção imediata de Saar Hirshoren, um soldado israelense acusado de genocídio e “crimes de guerra cometidos em Gaza”, que estava na Patagônia chilena em férias.
“Estamos pedindo a detenção imediata desse soldado, membro do Batalhão de Engenharia de Combate 749, antes que ele tente fugir”, declarou na ocasião o jurista e ex-embaixador Nelson Hadad.
Genocídio em Gaza nutre associação entre Israel e nazismo e deturpa noção de antissemitismo
Hadad lidera um grupo de 620 advogados chilenos que denunciaram o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant por crimes de guerra cometidos contra o povo palestino perante a Corte Penal Internacional.
Esse grupo de juristas, junto com o senador Francisco Chahuán (RN) e a associação Advogados pela Palestina, apresentou uma denúncia penal à Procuradoria Metropolitana Centro Norte contra o militar israelense.
“Estamos denunciando um oficial do Comando de Engenheiros 749 do exército israelense que, de acordo com os testemunhos que coletamos, incluindo o de uma vítima e familiares de vítimas que vivem no bairro de Zeitoun, na Faixa de Gaza, cometeu graves crimes de guerra antes de vir para a Patagônia chilena”, explicou Hadad na ocasião.
“Vieram ao Chile de férias após massacrarem” palestinos
“Eles são reservistas que estão em um período de descanso e vieram ao Chile – também passaram pela Argentina – de férias, depois de terem massacrado. Hoje, temos um número de 45 mil civis assassinados pelas forças armadas de Israel”, afirmou recentemente. O número de mortos na data desta publicação já passa de 60 mil.
Acordo histórico ou promessa vazia? Palestinos avaliam anúncio de cessar-fogo entre Israel e Hamas
Além disso, ele enfatizou que a denúncia faz parte da necessidade de “fazer prevalecer a Justiça Penal Internacional, independentemente da nacionalidade do autor”. “O fato de estarem em território chileno aplica o princípio da territorialidade da justiça internacional, buscando principalmente a punição dos responsáveis, evitando a impunidade e obrigando-os a assumir sua responsabilidade perante as vítimas”, disse Hadad.
Entre as evidências apresentadas, além do testemunho de uma palestina residente no Chile sobre os danos causados à sua família, foram incluídas publicações nas redes sociais do militar israelense, nas quais ele se gaba publicamente da destruição em Gaza.
Por sua vez, o senador Chahuán afirmou que o Chile deve tomar medidas sobre o assunto. “Basicamente, o princípio da extraterritorialidade está fundamentado na Lei 20.357, que, além disso, com a ratificação que fizemos do Estatuto de Roma, dá competência aos tribunais chilenos para perseguir esse tipo de crime”, explicou.
Desde outubro de 2023, as agressões da entidade sionista contra civis palestinos resultaram em mais de 173 mil mortos e feridos, a maioria crianças e mulheres.