Ante o apagão massivo ocorrido na Península Ibérica em 28 de abril e que, segundo os indícios, foi fruto do colapso do sistema espanhol, a Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E) decidiu abrir uma investigação própria sobre as causas e consequências. Boa parte do sistema elétrico europeu está interconectado e o que ocorre em um país pode ter consequências devastadoras nos demais, como aconteceu na semana passada.
Enquanto isso, o governo espanhol, presidido por Pedro Sánchez, solicitou mais informações aos operadores privados de energia — entre eles Iberdrola, Endesa, Naturgy, EDP e Acciona Energía — para conhecer em maior detalhe o comportamento da rede nas horas que antecederam o grande apagão, bem como para entender o processo de restabelecimento do serviço.
Às 12h33 de 28/04, Espanha, Portugal e parte do sul da França ficaram sem energia elétrica e sem telefonia. Foi o apagão mais grave da história desta região da Europa, com aproximadamente 45 milhões de afetados. Só na Espanha, estima-se que os danos econômicos ultrapassaram 1,6 bilhão de euros, cerca de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
A Rede Elétrica Espanhola (REE), responsável pela distribuição e coordenação da energia no país, da qual o Estado é sócio majoritário com 20% de participação, descartou a hipótese de “ciberataque” e apontou para um colapso do sistema por causas ainda indeterminadas.
Relatório exaustivo
Neste contexto, um comitê de especialistas da ENTSO-E “investigará as causas fundamentais” desse “incidente tão excepcional e grave” e “elaborará um relatório exaustivo com os detalhes técnicos” antes de apresentar o documento final com “uma análise completa” e “recomendações”.
O comitê será presidido por operadoras que não foram diretamente afetadas, incluindo outros especialistas europeus e aqueles envolvidos no incidente. Também serão convidadas a participar as autoridades reguladoras nacionais e a Agência para a Cooperação dos Reguladores da Energia.
O primeiro relatório técnico deve ser apresentado em um prazo de seis meses, e a versão final será entregue antes do relatório anual de incidentes de 2025, previsto para setembro de 2026.
Uma das primeiras consequências do apagão é a intenção de Portugal de desligar sua rede elétrica da espanhola; a vice-presidenta terceira do governo espanhol, Sara Aagesen, se reunirá com urgência com sua homóloga portuguesa, Maria da Graça Carvalho, para tentar uma “aproximação de posições”.
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