“Israel é o Estado criado para fazer o serviço sujo do imperialismo no Oriente Médio.” Com essa afirmação contundente, o jornalista libanês Kháled Fayez Mahassen escancara as raízes geopolíticas da guerra no Oriente Médio durante entrevista concedida ao programa Dialogando com Paulo Cannabrava da última terça-feira (24). Para ele, a atuação do Estado israelense não se restringe a conflitos regionais, mas serve de instrumento para os interesses das grandes potências ocidentais.
Mahassen reconhece que o Brasil adota posturas progressistas diante do massacre em Gaza, como o reconhecimento do Estado Palestino e denúncias no Tribunal Penal Internacional. No entanto, questiona se o país está disposto a ir além do discurso. “Como um governo que se diz de paz ainda mantém acordos militares com um Estado genocida?”, provoca, defendendo o fim imediato dos laços comerciais e bélicos com Israel.
Apesar da crítica contundente, o jornalista não defende o rompimento das relações diplomáticas. Ele relembra o papel decisivo da embaixada brasileira em Tel Aviv para a retirada de civis durante o bombardeio de Israel ao Líbano em 2006. “A diplomacia é essencial para proteger nossos cidadãos. Mas os acordos militares e de cooperação na área de segurança devem ser encerrados imediatamente.”
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Ao comentar a atuação da ONU na região, Mahassen é categórico: “A ONU não tem força nenhuma. Israel nunca respeita suas resoluções. Invade, bombardeia e assassina impunemente.” Ele também é crítico à Liga Árabe, que considera um organismo inerte. “A Liga Árabe não existe. A maioria dos seus países virou protetorado dos EUA ou da Otan”, afirma.
Mahassen ainda alerta para os riscos da escalada militar entre Israel, Irã e Estados Unidos. Apesar de descartar uma guerra nuclear, ressalta que vivemos uma guerra global “quente”, com conflitos ativos na África, no Oriente Médio e na América Latina. “O imperialismo se espalha por todos os continentes. E a mídia hegemônica esconde que o maior número de vítimas é sempre civil.”
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Em sua visão, a guerra atual não é religiosa, mas sim econômica: “As religiões são usadas como desculpa. A verdadeira razão dos conflitos é o controle de recursos e territórios estratégicos.”
Por fim, Mahassen reforça a importância do posicionamento brasileiro diante do genocídio em Gaza: “Lula age com humanidade ao reconhecer o massacre. E o Brasil, como nação pacífica, tem o dever de se colocar ao lado dos povos oprimidos.”
A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global, no YouTube: