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Itália prevê agravamento da Covid-19 como resultado do reinício das atividades produtivas

Presidente do Banco da Itália afirma que o tempo e a intensidade da recuperação econômica são muito incertos e dependem do cenário epidemiológico
Frank González
Prensa Latina
Roma

Tradução:

Severamente afetada pela pandemia de Covid-19, a economia italiana prossegue em queda à espera de sinais que lhe permitam empreender quanto antes o caminho da recuperação.

O prognóstico mais recente, exposto pelo governo no Documento de Economia e Finanças para o biênio 2020-2021, aponta para uma contração de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, com perspectivas de 4,7% de crescimento no próximo.

Ao apresentar ao parlamento o texto programático, o ministro de Economia e Finanças, Roberto Gualtieri, afirmou que o fechamento de grande parte da atividade produtiva e as medidas de distanciamento social aplicadas tiveram um forte impacto na oferta e na demanda.

Nesse contexto, indicou, é razoável esperar uma queda substancial do PIB nos meses de março e abril, seguindo-se uma recuperação parcial, entendida como uma atenuação do descenso, a partir de maio.

A favor desta hipótese, o funcionário citou a sustentada redução observada nos últimos dias dos contágios e hospitalizações, o que permite um relaxamento gradual das restrições, com vistas a um progressivo retorno à normalidade.

Na opinião de Gualtieri, a partir de então espera-se uma retomada da economia na segunda metade do ano “favorecida também pelas medidas adotadas pelo governo para deter a difusão do vírus e proteger as empresas e o emprego”.

Depois de registrar que a “recuperação prefigurada” não permitirá absorver com rapidez as perdas acumuladas no primeiro semestre, indicou que “durante muitos meses o valor agregado seguirá sendo inferior ao nível do início do ano, enquanto se recupera em comparação com o mínimo de abril”.

O titular esclareceu, no entanto, que de acordo com as orientações consensualizadas em nível europeu, o DEF imagina também um “cenário de risco em que o comportamento e duração da epidemia seriam mais desfavoráveis”.

Segundo o informe do DEF, calcula-se uma contração de 5,5% do PIB no primeiro trimestre e 10,5% no segundo, devendo ocorrer um aumento depois, de 9,6% no terceiro e 3,8% no quarto, 3,7% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Presidente do Banco da Itália afirma que o tempo e a intensidade da recuperação econômica são muito incertos e dependem do cenário epidemiológico

Vita.it
A "recuperação econômica prefigurada" não permitirá absorver com rapidez as perdas acumuladas

Recrudescimento da pandemia

O cenário adverso mencionado por Gualtieri prevê um recrudescimento da epidemia no segundo semestre, como resultado do reinício das atividades produtivas e de um maior deslocamento de pessoas, diante do que seria necessário impor novas restrições.

Nessas circunstâncias, o crescimento do terceiro trimestre será de 8,1%, seguido de uma contração de 4,1% no quarto, e um descenso de menos 10,6% em 2020 e um aumento de 2,3% do PIB em 2021.

Do ponto de vista das finanças públicas, o documento indica que a redução de 8,6% do prognóstico de crescimento do PIB com relação ao previsto no final de 2019, implicará num déficit fiscal de 10,4% este ano e 5,7% no próximo.

A isso se soma o endividamento líquido adicional de 75 bilhões de euros para financiar as ações contempladas em dois decretos destinados a reduzir o impacto econômico e social da pandemia, em função do que passará de 134,8 a 155,7% a relação do montante total da dívida pública com o PIB.

Relação entre a dívida e o PIB 

Para os próximos anos, afirmou o governo em um comunicado, será traçada uma rota de retorno gradual à relação entre a dívida e o PIB, que garanta um período adequado de apoio e revitalização da economia, no qual seriam contraproducentes políticas fiscais.

Entre os princípios da estratégia para reduzir a relação dívida/PIB, “além de chegar a um superávit orçamentário primário adequado”, o executivo mencionou o relançamento de investimentos públicos e privados, graças também à simplificação de procedimentos administrativos.

Além disso, a luta contra a evasão fiscal, reforma do sistema tributário baseada na simplificação, equidade e proteção do meio ambiente, e a revisão, e requalificação do gasto público.

Aumento do desemprego e redução do consumo

Por outro lado, a estratégia projetada pelo governo no DEF prevê um incremento de 10 a 11,6% do desemprego e reduções de 7,2% do consumo e 5,7% da renda dos trabalhadores dependentes como consequência do recurso em massa ao subsídio ao desemprego.

Calcula também uma queda de 12,3% dos investimentos, 14,4% das exportações e 13,5% das importações.

Por seu lado, o chefe do Departamento de Economia e Estatísticas do Banco da Itália, Eugenio Gaiotti, advertiu sobre um decréscimo mais acentuado no segundo trimestre, caso a pandemia de Covid-19 se prolongue mais do que é esperado.

Ao apresentar a avaliação do banco central sobre o DEF em uma sessão conjunta das comissões encarregadas de programação e orçamento na Câmara dos Deputados e no Senado, Gaiotti afirmou que os tempos e a intensidade da recuperação são muito incertos.

Incertezas

Nesse sentido, disse que na superação da crise incidirão aspectos como duração e extensão do contágio; evolução da economia global; efeitos sobre a confiança e disposição a gastar dos consumidores e investimentos das empresas; eventuais repercussões financeiras; e eficácia das políticas do governo.

Também sinalizou que as perspectivas macroeconômicas apresentadas no DEF são coerentes com o cenário atual em um leque de avaliações que, nas circunstâncias presentes, ainda é excepcionalmente amplo.

Nesta fase, afirmou, todas as previsões macroeconômicas representam, sobretudo, análises de cenários baseadas em hipóteses alternativas epidemiológicas e econômicas.

Frank González, Correspondente de Prensa Latina na Itália

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Ana Corbesier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Frank González

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