Uma petição lançada por organizações feministas e pela defesa dos Direitos Humanos conclama a sociedade a participar e a refletir sobre um caso emblemático e dramático de El Salvador.
Em 2013, a jovem Beatriz, de apenas 21 anos, em situação de extrema-pobreza e com lupos, passava por uma segunda gravidez. Após algumas semanas, os médicos identificaram que o feto possuía anencefalia, o que além de impossibilitar a vida após o nascimento, colocava a vida de Beatriz em risco caso prosseguisse com a gestação.
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A salvadorenha já havia passado por intenso sofrimento na primeira gravidez, quando teve anemia, artrite, hipertensão, pré-eclâmpsia e agravamento do lúpus, problemas que desde então debilitaram sua saúde.
Diante do grave risco à sua vida na segunda gravidez, Beatriz precisava urgentemente abortar. Porém, o Estado salvadorenho proibia e ainda proíbe a interrupção em qualquer circunstância, o que deu início a uma batalha judicial de proporção e mobilização internacional.
Após forte pressão, sobretudo pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o governo do país concordou com o procedimento. Depois, voltou atrás da decisão. Aos 3 meses de gestação, Beatriz entrou em trabalho de parto e foi submetida a uma cesariana. 5 horas depois, o feto morreu.
#JusticiaParaBeatriz. El 22 y 23 de marzo será la audiencia pública del Caso Beatriz ante la Corte IDH. Esperamos que el Tribunal dictamine una sentencia que contenga estándares en materia de interrupción del embarazo aplicables a El Salvador y las Américas. pic.twitter.com/se3ry3hXMU
— Libres Visibles (@Libresyvisibles) March 16, 2023
Desde Puebla, México las mujeres se unen para alzar la voz por #JusticiaParaBeatriz ???
¡Este #8Marzo todas pedimos justicia por Beatriz! pic.twitter.com/yWQM0JgAEy— Justicia para Beatriz ??#BeatrizQueríaVivir (@BeatrizvsES) March 8, 2023
4 anos mais tarde, ainda com quadro de saúde deteriorado pelo martírio ao qual foi submetida em 2013, a jovem perdeu a vida em um acidente.
Agora, as entidades que lutam pela memória de Beatriz retornam à CIDH para que El Salvador repare todo o dano causado não apenas à salvadorenha, mas à sua família. Beatriz foi submetida a um tratamento cruel, desumano e degradante, constituindo uma grave violação aos seus direitos a vida, integridade física, privacidade e saúde física e mental.
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A campanha vai em luta também por todas as mulheres de El Salvador e de outros países da América Latina vítimas de sistemas que cerceiam o direito a seus próprios corpos, as obrigando a passar pelo mesmo martírio que Beatriz. Nesse sentido, as organizações reforçam a urgência de que a lei salvadorenha que proíbe o aborto, mesmo diante de emergências de saúde, seja modificada.
O julgamento na Comissão Interamericana de Direitos Humanos acontece na próxima quarta-feira (22), e o apoio da sociedade civil por meio da petição, que já conta com mais de 1,2 milhões de assinaturas, é muito importante.
Para participar, clique aqui.
Para conhecer mais a história da jovem Beatriz, acesse a página justiciaparabeatriz.org .
E no portal da CIDH, também é possível saber mais detalhes sobre o caso.
Guilherme Ribeiro | Jornalista e redator na Revista Diálogos do Sul.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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