“A Otan nasceu para impedir que os soviéticos limpassem a Europa do nazismo.” A denúncia do ativista Leonardo Argollo, membro do Centro de Integração Rússia-América Latina (Cicral Brasil), marca o tom da entrevista concedida à diretora de jornalismo da Diálogos do Sul Global, Vanessa Martina-Silva, no programa Sul Globalizando desta quarta-feira (7).
Unha e carne: a íntima conexão entre o nazismo, o imperialismo anglo-saxão e a Otan
Argollo acusa o Ocidente de tentar reescrever a história da Segunda Guerra Mundial para apagar o protagonismo da União Soviética na derrota dos nazistas, ao mesmo tempo em que, segundo ele, promove uma nova forma de fascismo com apoio da OTAN.
Para Argollo, o revisionismo histórico não é um erro isolado, mas parte de uma estratégia coordenada. “Hollywood silenciou sobre Stalingrado, enquanto exaltava Normandia. A narrativa construída coloca os EUA como heróis e apaga o sacrifício de 27 milhões de soviéticos”, denuncia. Segundo ele, 80% dos soldados nazistas mortos em combate caíram diante do Exército Vermelho. “Foram os soviéticos que libertaram Auschwitz, que cravaram a bandeira em Berlim”, elucida.
A Otan, segue o especialista, foi criada justamente para impedir que a desnazificação da Europa fosse levada às últimas consequências. “Eles não só impediram, como incorporaram oficiais nazistas às suas estruturas. Muitos comandantes e cientistas nazistas foram recebidos de braços abertos pelos EUA e pelo Canadá”, observa.
O ativista aponta também o uso da cultura como arma geopolítica: “A Guerra Fria é vencida na propaganda. A CIA banca filmes, músicas, livros, para demonizar o comunismo e igualar os soviéticos a Hitler. Isso é uma falsificação grotesca.”
Sobre a guerra na Ucrânia, Argollo é enfático: “o verdadeiro conflito não é entre Rússia e Ucrânia, mas entre Rússia e Otan”. Desde o golpe de 2014, explica, grupos neonazistas se infiltram no governo ucraniano e passam a perseguir populações russófonas no leste do país. “O batalhão Azov é só um exemplo. As Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk nascem da resistência a esse novo fascismo”, afirma.
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Argollo compara ainda o papel atual de Israel no Oriente Médio ao da Alemanha nazista no passado: “O sionismo se torna o braço armado da Otan na região. Netanyahu usa toda a tecnologia moderna — menos a bomba atômica — para promover genocídio. Ele é um herdeiro direto da lógica de Hitler.”
Questionado sobre o futuro, Argollo destaca o papel crescente do Sul Global. “Países como Burkina Faso, Mali e Níger mostram que resistir ao imperialismo é possível. Mas é preciso consciência histórica e unidade internacionalista.”
A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube: