“Romper relações com Israel é um imperativo ético e político!”. A declaração contundente de Marcelo Buzetto, membro da Direção Estadual do MST-SP e doutor em Ciências Sociais, sintetiza o tom de sua participação no programa Dialogando com Paulo Cannabrava desta quinta-feira (22). Para ele, o Brasil deve liderar uma frente internacional contra o colonialismo, o genocídio e o apartheid, promovidos pelo Estado de Israel.
Buzetto critica duramente o Projeto de Lei 472/25, apresentado pelo deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), que equipara críticas ao Estado de Israel a antissemitismo. “Esse PL é um cerceamento da liberdade de expressão e destruição de um direito democrático fundamental”, afirma. Ele destaca que o movimento de solidariedade à Palestina sempre condenou o antissemitismo, mas reforça na distinção entre o judaísmo e o sionismo: “O sionismo é um movimento nacionalista, conservador, colonialista e supremacista.”
Na entrevista, Buzetto compara o atual regime israelense ao nazifascismo dos anos 1930 e 1940: “Israel representa hoje tudo o que existe de pior na política internacional. É promotor e financiador de movimentos extremistas, pratica violência sistemática contra civis e destrói a infraestrutura da Palestina.” Nesse sentido, reforça a necessidade de o Brasil romper imediatamente todos os acordos militares, comerciais e diplomáticos com Israel.
O dirigente do MST também propõe que o Brasil assuma papel de liderança no Brics, articulando uma frente com a União Africana, a Liga Árabe e outras organizações do Sul Global: “É hora de um levante dos povos contra o colonialismo e o imperialismo.” Para ele, a Palestina representa hoje “o novo Vietnã”, uma causa capaz de unificar as lutas anticoloniais e anti-imperialistas.
Buzetto lembra que o próprio presidente Lula qualificou como genocídio a ofensiva israelense contra Gaza. “Se é genocídio, não podemos pactuar com esse governo.” Além disso, critica a criação, no Senado brasileiro, do “Dia da Amizade Brasil-Israel”, classificando a iniciativa como “vergonhosa e cúmplice de um regime supremacista”.
Caminhões da vergonha: Israel zomba do mundo e massacra Gaza
“É uma provocação e um escárnio à memória dos palestinos e de todos os povos que lutam contra o colonialismo”, afirma, acrescentando que esse tipo de medida busca normalizar o genocídio em curso, mascarando a realidade e silenciando as vozes críticas. “Enquanto o Congresso celebra, milhares de crianças palestinas morrem sob os escombros de Gaza.”
O militante enfatiza ainda que Israel, em seu processo de declínio, aumenta a violência para tentar derrotar a resistência palestina, mas avalia que “nunca esteve tão próximo do seu fim como agora”. E encerra com um apelo: “Se temos um pingo de solidariedade e bondade no coração, precisamos exigir do governo Lula: rompam relações com Israel.”
A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global, no YouTube: