Novas mensagens do lote hackeado de celulares da força-tarefa da Lava Jato mostram que o então juiz Sergio Moro promoveu um encontro sigiloso com Deltan Dallagnol e procuradores da Lava Jato para repassar informações que supostamente atingiriam Lula.
Dallagnol avisou a Moro, na oportunidade, que usaria o material para investigar o ex-presidente mesmo sabendo que o caso não teria qualquer conexão com a Petrobras e, portanto, não deveria ser processado em Curitiba.
“O material que o Moro nos contou é ótimo. Se for verdade, é a pá de cal no 9”, escreveu Dallagnol. “9” ou “LILS” eram as maneiras como alguns dos procuradores de Curitiba se referiam a Lula nos chats no Telegram.
Reprodução: Montagem Diálogos do Sul
Deltan Dallagnol e Sergio Moro foram pegos em trocas de mensagens durante a operação lava jato
“Falei [para o Moro] que vamos tocar por aqui. Mesmo que depois nos tirem, pois não é Petrobras”, acrescentou Dallagnol, admitindo que a Lava Jato não respeitava o princípio do procurador natural.
A ação interessada de Moro ficou registrada em mensagem que Dallagnol enviou aos colegas procuradores em julho de 2016 – meses antes da Lava Jato denunciar Lula no caso triplex.
No chat, outros procuradores questionaram se a competência não seria de outros estados e lembraram que a equipe da Zelotes, em Brasília, já havia reclamado desse tipo de usurpação.
“Se o avião usou combustível da Petrobras [o caso] é nosso!”, escreveu o procurador Roberson Pozzobom, ironizando a falta de competência para investigar, além da total desconexão das informações preliminares de Moro com a Lava Jato.
“Eu, Deltan, não concordoooo [com a turma de Brasília]”, rebateu o então coordenador da força-tarefa do MPF. A competência [de Curitiba] é límpida e claraaa“, respondeu em tom de sarcasmo.
O procurador Athayde Ribeiro endossou: “Isso, Robito. Combustível da BR Dist [BR Distribuidora] é nosso e já tem grupo prevento…”
As mensagens tiveram o sigilo levantado pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, nesta segunda (1/2). Elas fazem parte de uma apelação de Lula na Suprema Corte e representam apenas 4% do que foi apreendido pela Polícia Federal na Operação Spoofing.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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