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Mobilização mundial pelo clima reúne centenas de milhares de pessoas em 3 mil cidades

"Semana para o futuro” chega ao fim, após manifestações como a greve climática global convocada por estudantes, sindicatos e organizações sociais e políticas
Diego Sacchi
Esquerda Diário
Nova York

Tradução:

Centenas de milhares de pessoas, lideradas por jovens e estudantes, se reuniram em todo o planeta para realizar mais de 5000 ações de protesto,  incluindo paralisações de estudantes e trabalhadores. Os manifestantes estiveram em mais de 3000 cidades em todos os continentes, totalizando 162 países que participaram da ação nesta sexta-feira.

Nessas manifestações se juntaram os sindicatos e setores de trabalhadores que haviam chamado a paralisação e a unificação aos protestos em vários países, como Portugal, Alemanha ou Estado Espanhol, entre outros.

Na Alemanha, os trabalhadores emitiram uma declaração dirigida aos líderes da verdi, IG Metall e todos os sindicatos, incluindo aqueles que não pertencem à Federação Alemã de Sindicatos (DGB) para oficialmente chamar uma greve real. “O futuro de todos os trabalhadores é afetado pelas mudanças climáticas”, disseram eles.

Na Itália, o CGIL, o sindicato majoritário do país, convocou uma greve geral em educação e, conforme publicado pela FFF Itália, “OC GIL Nacional será responsável por promover assembleias nos locais de trabalho de todas as categorias” com as quais o movimento chama “que nos próximos dias muitos outros sindicatos possam se unir”. Da mesma forma, outros sindicatos aderiram à greve no setor educacional, como é o caso da COBAS e do SISA.

"Semana para o futuro” chega ao fim, após manifestações como a greve climática global convocada por estudantes, sindicatos e organizações sociais e políticas

Esquerda Diário
Se encerram os dias de protestos que visavam exigir que governos de todo o mundo tomassem ações urgentes contra as mudanças climáticas.

“Muitos sofrem e morrem e vocês só falam de dinheiro”

A semana de ações contra a crise climática foi marcada pela Cúpula da ONU. Lá, os principais líderes mundiais mostraram sua hipocrisia no assunto, enquanto atacavam os jovens que saíram às ruas.

De enorme repercussão foi o discurso da jovem ativista Greta Thunberg, que discursou contra os governantes e disse que “os jovens estão começando a entender a magnitude de sua traição”

“Pessoas estão sofrendo, pessoas estão morrendo. Os ecossistemas estão colapsando e estamos à porta de uma extinção em massa, e a única coisa que vocês falam é de dinheiro e contos de fadas sobre crescimento econômico infinito, como ousam?” disse a jovem

Para além de seus discursos demagógicos em que declaram sua preocupação com as mudanças climáticas, os imperialistas nunca estarão dispostos a adotar as medidas drásticas necessárias para resolver o problema porque isso envolveria atacar os grandes interesses econômicos capitalistas a que servem. E isso serve igualmente aos EUA e aos imperialistas europeus, como França, Alemanha ou Inglaterra.

Deles, só podemos esperar medidas contra as classes populares, como o imposto sobre a gasolina que o presidente francês Macron tentou implementar, o que provocou a rebelião dos coletes amarelos. Como costuma ser gritado nas mobilizações ambientais, “se à Terra fosse um banco, eles já o teriam resgatado”.

Como disse a candidata da Frente de Esquerda Argentina (FIT-U), Myriam Bregman: “É falso que todos somos responsáveis por essa crise ecológica: um punhado de empresas petroleiras, mineração, agronegócio e banqueiros que especulam são quem deveria pagar pela crise que eles geraram”.

Como exemplo, ela exige na Argentina “que cada candidato diga o que vai fazer com Vaca Muerta e a extração de petróleo contaminante na Patagônia, com a poluição da mega-mineração, com os agrotóxicos, importação de lixo sem controle de toxicidade, entre outras questões da agenda ambiental. Estes são os tópicos que levaremos aos debates com Nicolás del Caño. Nosso lado é clara: sempre com comunidades e organizações em defesa do planeta, nunca com empresas que saqueiam e poluem.”

#27S a terceira greve global pela crise climática

Na última sexta-feira, milhões foram mobilizados em todo o planeta e espera-se que aconteça novamente em 27. Do Estado espanhol à Argentina, através dos Estados Unidos ou da Austrália, em diferentes partes do planeta, novamente as ruas serão protagonistas. Além disso, a plataforma 350.org estima que mais de 73 sindicatos; 820 organizações; 2500 empresas já manifestaram seu apoio a greves.

As razões para se juntar e apoiar a greve são muitas. Porque não temos um “planeta B” enquanto o capitalismo destrói a Terra.

A greve climática começa a mostrar que, diante de uma perspectiva absolutamente irracional para a qual o capitalismo no carrega, é evidente a necessidade de aprofundar medidas drásticas e urgentes. Mas isso não pode depender da boa vontade dos governos das potências imperialistas que são os principais responsáveis pelo desastre atual, nem das novas agendas promovidas pelas grandes corporações e pelos partidos que promovem o “capitalismo verde”.

No entanto, o movimento contra as mudanças climáticas mostra uma nova geração de jovens nascidos da vida política e do ativismo, que veem as multinacionais e seus governos como responsáveis por essa situação. As gigantescas mobilizações em todo o mundo mostram o potencial transformador na defesa do planeta e as ideias que esse movimento contém.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Diego Sacchi

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