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Imagem: reprodução

Mídia brasileira reproduz fake news sobre “censura” a empresas de telecomunicação na Venezuela

Mesmo sem respaldo em fatos, “denúncia” de suposta censura na Venezuela já circula nos principais meios hegemônicos brasileiros e latino-americanos como se verdade fosse
Caio Teixeira
ComunicaSul
Caracas

Tradução:

A guerra midiática da direita via notícias totalmente falsas ou constituídas a partir da manipulação de informações corre solta na Venezuela. As notícias apresentadas como jornalismo mais se assemelham a obras de ficção ou séries hollywoodianas dos tempos de guerra fria nas quais qualquer país considerado inimigo dos EUA aparece como uma terra sem leis, com exército nas ruas e um povo aterrorizado e oprimido.

Na última segunda-feira (22), o site de notícias de direita Tal Cual, que se abriga sob o rótulo de “oposição” afirmou em seu Twitter (X) que “o governo Maduro” “impôs” às operadoras de telecomunicações Cantv, Digitel, Movistar, NetUno e Inter “bloquear” o site. O TalCual exibe na sua página de opinião pedido de voto para candidato de direita: “Votemos massivamente no próximo domingo 28, por Fredy Rincón Noriega”, estampa. Nenhuma manifestação das operadoras é apresentada na matéria denunciosa, tampouco de qualquer outra autoridade ou observadores internacionais idôneos, o que seria exigível pela boa prática jornalística. Mesmo assim, a “denúncia” de censura já circula nos principais meios hegemônicos brasileiros e latino-americanos como se verdade fosse.

Desde a primeira eleição venezuelana coberta pela ComunicaSul, em 2012, é comum a prática de guerrilha midiática pelas operadoras de telecomunicações. Naquela ocasião, ao chegarmos em Caracas, compramos chips telefônicos para toda a equipe, de várias empresas. Tão logo foram habilitados, começamos a receber por SMS chamados para integrarmos a campanha de Henrique Capriles, o candidato da direita derrotado por Hugo Chávez por 56 x 44%. As mensagens repassadas indistintamente a todos os clientes das operadoras informavam endereços de comitês de campanha de Capriles, e convocavam os cidadãos a participar da campanha da direita. Recebemos também, sem parar, chamadas oriundas de Call Centers localizados no México, identificados claramente pelo sotaque dos operadores que repetiam chamados de voto em Capriles.

Tão logo a notícia de “bloqueio” foi divulgada, a repórter da ComunicaSul em Caracas, Vanessa Martina-Silva, foi conferir e acessou sem nenhuma dificuldade (a não ser os precários serviços de internet fornecidos justamente por essas operadoras), todos os sites denunciados como bloqueados, desmentindo o “bloqueio” exaustivamente noticiado pela mídia brasileira. O acesso foi transmitido ao vivo.

Correspondente de um grande jornal brasileiro chegou a afirmar que “o governo” venezuelano está criando dificuldades para o acesso de jornalistas estrangeiros a candidatos de oposição. O fato por si só soa estranho a um leitor comum. Como “o governo poderia impedir um jornalista de se aproximar de uma pessoa? Haveria policiais, agentes ou militares cercando o candidato para impedir a aproximação de um repórter? Haveria agentes secretos seguindo cada um dos quase mil correspondentes estrangeiros e os ameaçando de prisão caso se aproximassem do candidato? Mesmo assim, fomos conferir”.

Nossa repórter em Caracas entrou em contato via WhatsApp com a assessoria do candidato apontado como “interditado”, marcou entrevista e o entrevistou sem qualquer problema. A entrevista será publicada em breve. Até domingo, seremos bombardeados diuturnamente por notícias falsas que nada tem de jornalismo, mas constituem campanha orquestrada contra o candidato da situação que concorre a reeleição, Nicolás Maduro. O ComunicaSul seguirá cumprindo seu papel assumido de fazer o contraponto ao jornalismo fake produzido pela grande mídia.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Caio Teixeira

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