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Foto: Konstantin Mikhalchevsky / Sputnik

Mísseis de longo alcance não vão levar Rússia à derrota, afirmam especialistas

Nos últimos dias, a Ucrânia voltou a usar mísseis Atacms em ataque à Rússia, que advertiu respondendo que a ofensiva não ficará sem resposta
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

A Rússia prometeu nesta quarta-feira (11) não deixar sem resposta o novo ataque que sofreu em seu território com mísseis estadunidenses de longo alcance (até 300 quilômetros).

Segundo analistas, se a advertência feita pelo presidente Vladimir Putin for cumprida ao pé da letra – após Kiev ter atacado território russo com esse tipo de arma em 19 de novembro passado e Moscou ter respondido usando, pela primeira vez, seu novo sistema hipersônico de míssil balístico Oreshnik (Avelã) – seria de se esperar que o exército russo volte a empregar esse foguete, ainda em fase experimental, pela segunda vez em condições de combate real.

Por ora, o Ministério da Defesa russo, por meio de um breve comunicado, informou apenas que a Ucrânia lançou seis foguetes Atacams contra o aeródromo militar em Taganrog, localizado na região de Rostov, na costa do Mar de Azov. E avisou: “Este ataque com armas ocidentais de longo alcance não ficará sem resposta, e estamos tomando as medidas pertinentes”.

Defesa antiaérea

O departamento militar também assegura que sua defesa antiaérea, neste caso específico, derrubou dois mísseis, e afirma que os outros quatro, como consequência dos recursos rádio-eletrônicos empregados contra eles, desviaram-se de sua rota. Porém, reporta que os fragmentos que caíram causaram vítimas entre o pessoal da instalação militar e menciona edifícios residenciais com danos, assim como veículos estacionados nas ruas adjacentes.

Ucrânia mantém ataques à Rússia com mísseis de longo alcance dos EUA

Especialistas de ambos os lados do conflito se perguntam por que a Ucrânia continua usando uma arma que a Rússia indicou claramente ser uma linha vermelha que não deve ser cruzada e que pode trazer consequências desastrosas tanto para Kiev quanto para aqueles que autorizam o uso de suas armas contra o território russo.

E não há uma explicação convincente. Alguns sustentam que, com a quantidade atual de armas de longo alcance que a Ucrânia possui, não é possível subjugar a Rússia, e que o Kremlin, apesar de suas ameaças de recorrer ao arsenal nuclear, não provocará uma hecatombe que, por definição, não pode ter vencedor. Por isso, não lançará uma bomba atômica na Ucrânia nem atacará um país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Visto dessa forma, afirmam, o ataque a Taganrog parece parte de um jogo macabro cujo objetivo é testar os limites da paciência do oponente ou, alternativamente, ver quem desiste primeiro, aparecendo como perdedor desse confronto, que pode se prolongar até que alguém perca a razão e já não se importe que a vida na Terra termine em aniquilação mútua.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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