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“Estados Unidos já não têm força para uma invasão militar na Venezuela”, diz Noam Chomsky

Vanessa Martina-Silva

Tradução:

Um dos assuntos que mais tem ocupado a pauta política internacional é a possibilidade de uma iminente invasão militar dos Estados Unidos à Venezuela, com o apoio dos países da região que nos últimos anos têm adotado uma posição de oposição aberta ao governo do presidente Nicolás Maduro.

Para o linguista, filósofo e analista político estadunidense Noam Chomsky, no entanto, essa possibilidade está fora de cogitação. Ele conversou com a imprensa alternativa na noite desta segunda-feira (17) na sede Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, no centro de São Paulo.

O intelectual afirmou que a questão não é se os Estados Unidos vão ou não intervir na Venezuela, pois isso já está acontecendo. “A questão é que invadir [militarmente] está fora da capacidade de realização dos Estados Unidos”, disse.

Isso porque, explica Chomsky, “os EUA já não têm o poder que tinha há 50 anos, quando ocorreu o golpe militar no Brasil. Golpe que foi planejado e apoiado diretamente por Washington”. Ele lembrou que o embaixador estadunidense à época chamou o golpe no Brasil de “a maior vitória da democracia de meados do século 20.

Mas, a situação mudou, lembrou o escritor anticapitalista. O período de horror de estilo neonazista que ocorreu no hemisfério com o apoio dos Estados Unidos já não é possível no caso da Venezuela porque seu país “já não tem o nível de controle que tinha na América Latina” na época.

E ressaltou que o fato de os Estados Unidos não invadirem não quer dizer que não haja interferência na Venezuela: “eles não podem invadir, mas realizam guerra econômica, sabotagem”. 

Decisão da ONU sobre Lula

Questionado sobre as possíveis consequências que o Brasil pode ter por descumprir a decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) que determinou que o país deveria garantir o direito do ex-presidente Lula de ser candidato, Chomsky foi taxativo: ninguém, nos EUA, presta atenção ao que o conselho de direitos humanos da organização determina.

“Temos que lembrar que a ONU não é uma força independente, mas que conecta os esforços do que as grandes potências permitem”, disse, ao descartar qualquer ação dos EUA com relação à posição do Brasil sobre o caso.

Para ilustrar, Chomsky lembrou que durante toda a Guerra do Vietnã as Nações Unidas nunca consideraram condenar, sequer suavemente, os EUA pelo ataque a Indochina. “Oficiais de alto escalão me disseram, em off [sigilosamente], que bastaria uma simples condenação deste ataque por parte da ONU para que ela fosse fechada”. 

Acompanhe a íntegra da conversa:



As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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