Este artigo é baseado na publicação “Húngaros protestam contra o governo em frente ao Parlamento todas as noites”, escrito por Anita Kőműves, com fotos de Márk Tremmel e Áron Halász, para Atlatszo.hu, a primeira entidade jornalística investigativa sem fins lucrativos da Hungria.
Os húngaros têm protestado em frente ao prédio do Parlamento em Budapeste desde que o partido de direita de Viktor Orbán aprovou um projeto de lei que permite aos empregadores solicitar 400 horas extras anuais dos funcionários, e outra lei que facilitaria o preenchimento do tribunal com juízes que são fiéis ao partido de Orbán. Apesar do tempo frio, os manifestantes estiveram nas ruas todas as noites até depois da meia-noite, onde foram recebidos com gás lacrimogêneo pelos policiais.
O Parlamento húngaro aprovou dois importantes projetos de lei na quarta-feira. Embora os partidos de oposição tenham protestado contra os dois projetos, o órgão dominado atual partido governante conservador de direita, o Fidesz (Aliança Cívica Húngara), conseguiu aprovar a chamada “Lei da Escravidão” e a outra lei que cria um novo sistema judicial.

Foto: Atlatszo.hu / Márk Tremmel, CC BY-NC-SA 2.5.
Protesto em frente ao Parlamento húngaro em Budapeste no dia 13 de dezembro de 2018Continua após o anúncio
Os tribunais administrativos criados recentemente serão totalmente separados do sistema judiciário atual. Eles serão supervisionados pelo ministro da Justiça e as regras facilitarão o preenchimento do novo tribunal com juízes leais ao Fidesz. Os tribunais administrativos poderão decidir em casos politicamente específicos como corrupção, lei eleitoral e liberdade de reunião.
Policiais alinhados na frente do parlamento em Budapeste, Hungria. Imagem do álbum da primeira noite de protestos. Foto: Atlatszo.hu / Márk Tremmel, CC BY-NC-SA 2.5.
A chamada “Lei da Escravidão” aumentará de 250 para 400 o número de horas extras que os trabalhadores podem fazer no ano. Além disso, os empregadores terão até três anos para pagar a remuneração pelas horas extras.
De acordo com a lei, os funcionários precisam concordar com as horas extras por escrito, mas os manifestantes alegam que a pressão dos empregadores deixará os trabalhadores sem outra opção a não ser aceitar os novos termos.
As primeiras três noites dos protestos
Protesto em frente ao parlamento em Budapeste, Hungria. Imagem do álbum da segunda noite de protestos, por Atlatszo.hu / Áron Halász, CC BY-NC-SA 2.5. Clique na imagem para o álbum.
Desde que o projeto foi aprovado, ocorreram protestos em frente ao Parlamento, milhares de manifestantes foram às ruas de Budapeste enquanto entoavam gritos de guerra contra o governo e bloqueavam estradas e pontes. Alguns dos manifestantes retornaram ao prédio do Parlamento, onde falaram frases de efeito contra a polícia antimotim.Apesar do tempo frio e da neve que ocorreu na sexta-feira, os manifestantes estiveram todas as noites nas ruas até 1 ou 2 horas da madrugada.
Ao contrário dos protestos de anos anteriores, a polícia usou gás lacrimogêneo durante as manifestações, o que enfureceu os manifestantes.
Os manifestantes usaram bombas de fumaça, queimaram pequenos lenços e jornais, e uma janela do Parlamento foi quebrada por uma pedra atirada por um manifestante.
Os protestos continuaram na tarde de domingo na Praça do Herói. Organizações estudantis, partidos de oposição e sindicatos anunciaram que se juntariam aos protestos.
A polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes em frente à sede da emissora pública de TV. A Atlatszo.hu documentou esses acontecimentos com transmissão ao vivo no Facebook.