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Resultados preliminares de ofensiva turca na Síria registram mais de 160 mil deslocamentos

Operação denominada Fonte de Paz também apontou destruições significativas no norte da província de Hasaka
Pedro García Hernández
Prensa Latina
Damasco

Tradução:

Desde o dia 9 de outubro, quando a Turquia lançou uma operação denominada Fonte de Paz, os resultados preliminares mostram mais de 160 mil deslocados e destruições significativas no norte da província síria de Hasaka.

Os dados, de fontes oficiais e recolhidos na Síria, na própria Turquia e meios russos como Sputnik, entre outros, indicam que são 673 os curdos caídos em combate, 64 efetivos do chamado Exército Livre Sírio, respaldado por Ancara, e cinco soldados turcos, sem dados sobre blindados e outros armamentos destruídos. 

A força aérea turca e sua artilharia atacaram em Ain Isa, Tel Abiad, Rás Al Ain, Qamishli e cerca da passagem de Zamalka, fronteiriça com o Iraque, com drones e outros aparelhos procedentes da base estadunidense de Incirlik e de Diyarbalar.

Nenhum meio cita a morte de civis, mas sim destroços sérios nas localidades mencionadas, toda localizadas na província de Hasaka, um território sírio na fronteira com a Turquia com 23 334 quilômetros quadrados e uma população superior ao milhão e meio de habitantes. 

Operação denominada Fonte de Paz também apontou destruições significativas no norte da província de Hasaka

Prensa Latina
Existem 700 blindados, tanques e veículos artilhados em uma área de mais de seis mil quilômetros quadrados

Previamente à ação, denominada também Manancial de paz, os Estados Unidos deslocaram seus efetivos de seis bases nas zonas de combate com as Forças Democráticas Sírias (FS) e os grupos de autodefesa, integrados majoritariamente por curdos e que até há poucas semanas foram abastecidas e apoiadas por Washington.

A situação e a clara desvantagem militar entre esses grupos e as tropas turcas, assim como a mediação da Rússia e as negociações para deter as ações, conformaram a atual posição dos curdos, que aceitaram que o Exército sírio entrasse nas localidades que ainda controlam e ademais se retirassem  uns 35 quilômetros ao sul, dentro do território da província de Hasaka.

Nesse sentido, Damasco tem presença militar nas zonas e compartilha com as FS uma espécie de “détente” das ações e nas que intervém a Polícia Militar da Rússia de mútuo acordo com a Turquia e a Síria. 

Os Estados Unidos, cujo presidente Donald Trump anunciou a retirada de seus tropas, retrocedeu e repôs efetivos nas quatro bases próximas à fronteira com o Iraque e “prometeu” defender os campos petrolíferos e de gás das regiões sírias de Hasaka e Deir Ezzor.

Para os analistas e fontes oficiais de Damasco isto é inusitado porque usa como argumento a fato de evitar a presença do Estado Islâmico, Daesh.

Poucas fontes, com exceção sobretudo das sírias, mencionam que a Turquia ainda mantém no norte da vizinha província de Alepo mais de 10 mil efetivos militares, incluídos 300 policiais militares e uma cifra superior aos 700 blindados, tanques e veículos artilhados em uma  área de mais de seis mil quilômetros quadrados. 

A situação, altamente complexa e objeto de negociações diárias para evitar escaladas, deixa no ar a chamada autonomia curda no norte sírio denominada Rojava e que segundo reportagens da cadeia televisiva alemã Deutsche Welle, sofreu pelo menos mais de 11 mil mortos e mais de 20 mil feridos em enfrentamentos anteriores com o Daesh e as tropas turcas.

A reportagem da cadeia de TV, intitulada  Destruição apocalíptica, realizada entre os anos 2014 e 2015 foi atualizada em 2017 e é dirigida ao mundo ocidental que tenta desmarcar-se em algo dos Estados Unidos, um antecedente da realidade atual. 

Para analistas e especialistas no tema, a inquietante veracidade do que ocorre à luz de perturbadores conceitos emitidos desde os centros de poder ocidentais, não há uma solução militar e somente pode ser atenuada ou limitada através de negociações, porque o que deve suceder, com sensatez, é que a política se ponha no nível da realidade.

*Pedro Garcia Hernandez, correspondente de Prensa Latina em Damasco.

**Tradução: Beatriz Cannabrava

***Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Pedro García Hernández

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