Pesquisar
Pesquisar

Impeachment: Iniciada a apresentação das acusações por abuso de poder de Trump

O democrata Adam Schiff, presidente do Comitê de Inteligência, declarou que Trump teve “uma intenção corrupta” ao usar seu posto para “solicitar a influência"
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Os deputados em sua qualidade de promotores iniciaram a apresentação detalhado das denúncias contra o presidente em seu julgamento político, argumentando a favor da destituição de Donald Trump por abuso de poder, obstrução e a ameaça que representa à democracia estadunidense. 

Durante toda a tarde e noite, os sete deputados democratas apresentaram a evidência acumulada durante a investigação de Trump pela câmara baixa que culminou com a formulação e aprovação das denúncias puníveis com a destituição, ou seja seu impeachment.  

“Se não for remediado por sua condenação no Senado e a remoção de seu posto, o abuso de seu posto e a obstrução ao Congresso do presidente Trump alterará permanentemente o equilíbrio de poder entre os ramos do governo, convidando futuros presidentes a aperar como se também estivessem além de prestar contas, da supervisão legislativa e da lei”, declarou o deputado Adam Schiff, chefe dos deputados-promotores, ante o Senado. 

O democrata Adam Schiff, presidente do Comitê de Inteligência, declarou que Trump teve “uma intenção corrupta” ao usar seu posto para “solicitar a influência"

Reprodução: Winkiemidia
Donald Trum tem tratado o processo de impeachment que vem sofrendo como uma piada, pois seu patido tem maioria no senado

Durante sua introdução de mais de duas horas, Schiff, presidente do Comitê de Inteligência, declarou que Trump teve “uma intenção corrupta” ao usar seu posto para “solicitar a influência estrangeira” na contenda eleitoral de 2020 por seu benefício político.

Schiff e seus seis colegas continuaram detalhando para o senadores como o presidente e seus sócio como Rudy Giuliani, realizaram um esforço coordenado para pressionar o novo governo da Ucrânia, condicionando tanto uma visita à Casa Branca como a entrega de 391 milhões de dólares em assistência militar em troca do anúncio de uma investigação de corrupção contra o filho do ex-vice-presidente e agora rival político, Joe Biden, o que era um convite a um poder estrangeiro para interferir na eleição de 2020.  Adam Bennett Schiff do partido democrata/ Reprodução: Winkiemedia

Uma e outra vez, sublinharam que o que desejava o presidente com toda essa manobra era “fazer trapaça” na eleição presidencial. 

Schiff preguntou de que forma outros países poderão continuar percebendo os Estados Unidos como um modelo “quando promovemos ações corruptas em outros países para nosso benefício”. 

Advertiu que permitir, sem consequência, que o presidente faça tudo isso “é um passo para a tirania”, já que aqui se determinará se o presidente “está ou não por encima da lei” e que esta é a hora em que os legisladores têm que se perguntar “se somos leais ao nosso partido ou à Constituição”.   

Também falaram sobre todos os esforços do regime de Trump para negar o envio de documentos e testemunhas à câmara baixa durante a investigação, sobre o que está formulada a segunda acusação contra o presidente, por “obstrução”.

Depois de serem derrotados em promover 11 emendas para solicitar testemunhas e documentos adicionais no Senado no primeiro dia, uma maratona de mais de 12 horas que terminou quase às 2 da madrugada, os democratas continuam argumentando a favor de convocar testemunhas como o ex-assessor de Segurança da Casa Branca, John Bolton, e o chefe do gabinete, Mick Mulvaney, entre outros, e também mais documentos oficiais que o regime de Trump se recusou a entregar durante a investigação na câmara baixa. Para conseguir, necessitarão o voto de pelo menos quatro republicanos que votariam contra os desejos de sua liderança e de Trump – algo que será posto a prova de novo na próxima semana. 

Os deputados-promotores continuarão apresentando evidências do caso nesta semana – contam com um total de 24 horas durante um máximo de três dias para apresentar as acusações e as razões pelas quais se requer destituir o presidente, embora não tenham que usar tudo.  

Por sua parte, o acusado, apesar de estar fora do país (em Davos e durante sua viagem de regresso), não deixou de participar no debate, enviando mais de 132 mensagens por Twitter, estabelecendo um novo recorde pessoal durante um dia, a maioria repassando tuítes de seus aliados atacando os promotores democratas. Suas comunicações por sua rede social favorita continuaram insultando seus acusadores, chamando-os de “corruptos”. 

Mas Trump pareceu comprovar uma das acusações dos democratas: de que estava ocultando informação relevante a este julgamento. Comentou, em Davos, que havia visto parte do julgamento, elogiou o trabalho de “minha equipe”, e afirmou “mas, honestamente, nós temos todo o material. Eles (os democratas) não têm o material”.  

Alguns democratas e outros  acusaram que ele estava admitindo que havia conseguido esconder evidências contra si.

*Traduzido por Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

LEIA tAMBÉM

Antony Blinken - Joe Biden
Mais uma vez, EUA omitem os próprios crimes em informe sobre Direitos Humanos no mundo
Biden Trump
Com Biden ou Trump, EUA estão condenados à violência e ao absurdo
bomba_nuclear_ia
"Doutrina Sansão": ideologia sionista coloca humanidade à beira da catástrofe nuclear
País Basco
Eleição no País Basco acaba em empate, mas confirma desejo da maioria por independência