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Economia sob prova de fogo: China começa a mostrar sinais positivos após Coronavírus

Após um mês de drásticas ações de enfrentamento sanitário, o país vislumbra indícios que estimulam a reativar gradualmente a vida socioeconômica
Yolaidy Martínez
Prensa Latina
Pequim

Tradução:

Sem acabar de despedir um complexo 2019, a economia da China enfrenta outro desafio inesperado, mais difícil e preocupante porque, além de entorpecer os motores de crescimento é um perigo para a vida humana: o coronavírus COVID-19.

Trata-se de uma epidemia que apareceu no fim deste ano e obrigou a começar 2020 sob emergência máxima, pois em questão de dias chegou às 34 regiões administrativas do país com milhares de mortos, contagiados e a paralisia dos serviços e da produção. 

O coronavírus explodiu em Wuhan, capital da província de Hubei, justo antes das celebrações do Ano Novo Lunar, um momento crucial para a família, a cultura e a economia da China, por ser sinônimo de viagens, passeios turísticos e consumo interno que deixam elevadíssimos ingressos. 

Como consequência, o transporte durante a alta temporada de viagens reduziu-se à metade e só foram realizados um bilhão e 400 milhões de deslocamentos por via aérea, terrestre, marítima e ferroviária. 

A chamada indústria do lazer prevê uma queda de 69% de seus ganhos durante o primeiro trimestre e o prognóstico anual é uma baixa de 21% que representará perdas de mais de 168 bilhões de dólares. 

O golpe duro foi replicado nas ações das companhias aéreas domésticas e, segundo cálculos da Associação Internacional do Transporte Aéreo, os prejuízos serão superiores aos 12 bilhões de dólares este ano no mercado chinês. 

Nenhum dos setores econômicos do país escapam da crise e se ressentem – especialmente – a hotelaria, o catering e até os famosos cassinos de Macau que só em quatro dias seus ganhos sofreram uma baixa de 75%. 

Uma enquete divulgada na imprensa local mostrou que 60% das firmas chinesas enfrentam dificuldades operativas devido ao coronavírus, 6% correm risco de bancarrota, 20% suspensão temporária e apenas 5% não registram danos significativos. 

A isso se somam previsões sobre a expansão entre 5,3 e 5,9% em 2020 do Produto Interno Bruto (PIB), o que prejudicará o mercado mundial porque o gigante asiático é a principal potência manufatureira e, além disso, tem alta demanda de importações. 

Mas após um mês de drásticas ações de enfrentamento sanitário, a China começa a vislumbrar sinais positivos que a estimulam a reativar gradualmente a vida socioeconômica com medidas diferenciadas em cada zona para manter contido o COVID-19.

Após um mês de drásticas ações de enfrentamento sanitário, o país vislumbra indícios que estimulam a reativar gradualmente a vida socioeconômica

Prensa Latina
A China propõe fortalecer a comunicação e a coordenação com seus sócios comerciais

Em todo momento o Governo afirmou que manteria invariável sua perspectiva de desenvolvimento, principalmente quando em 2020 se propõe chegar à meta de estabelecer um sociedade modestamente próspera, eliminar a pobreza e minimizar a contaminação ambiental.

Desde o ano passado foi enfático ao declarar que tem à mão variantes de contingência, pois previa maiores desafios que levaram a esperança de crescimento abaixo dos 6%. 

Para isso se apelou a redobrar o controle de riscos financeiros e o reforço de políticas no nível macro e microeconômicos, que também ajudam a dar respostas às necessidades básicas. 

O foco também estará na inovação, em uma política monetária prudente e nas estratégias de desenvolvimento no Delta do rio Yangtzé e na Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau para integrar as potencialidades de cada zona.

Agora a China começará a normalizar completamente a produção e demais atividades de trabalho em zonas com baixo risco da epidemia, enquanto o fará gradualmente naquelas classificadas de médio e alto perigo. 

Isso implicará na cessação de restrições ao movimento de transporte de bens e pessoal, abertura de locais públicos e resolução de problemas de desemprego, matéria prima e equipamentos. 

Entretanto, o Governo estimula as empresas com menos tarifas, políticas fiscais ativas e a simplificação de serviços administrativos via Internet como os registros de marcas, aprovação de licenças de negócios, solicitação de patentes e autorização. 

Facilitará o comércio transfronteiriço, o investimento mediante mais câmbios de divisas, a interconexão de mercados financeiros, e flexibilizações na entrega e pagamento de créditos, bônus e empréstimos ao segmento corporativo. 

Eximirá temporariamente os pagamentos de seguridade social e diferirá a arrecadação de fundos de moradia para aliviar a tensão financeira das empresas e garantir um emprego estável. 

A respeito das firmas estrangeiras, haverá incentivos para apoiar o reinício da produção, os investimentos desde o exterior, o comércio eletrônico e os projetos concebidos no contexto da iniciativa da Faixa e da Rota. 

Em cada contato com líderes e personalidades internacionais, o presidente Xi Jinping reafirma a determinação e a capacidade do gigante asiático de superar a adversidade epidemiológica e também de manter o rumo de suas finanças.

Há alguns dias sublinhou em uma reunião a enorme resiliência e o potencial da economia, apesar do notável impacto provocado pela epidemia. Mas pediu que se estabelecesse uma ordem compatível com o seu controle, o retorno ao trabalho e à produção, e os objetivos de revitalização nacional. 

Para isso, priorizou impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento de reativos, remédios e vacinas contra o coronavírus, fomentar a biomedicina e as tecnologias de ponta enquanto se avança mais no aprofundamento da abertura e da cooperação internacional. 

A China propõe fortalecer a comunicação e a coordenação com seus sócios comerciais e dará prioridade às empresas com influência na cadeia de abastecimento global. 

Entre outros aspectos, se enfatizará a estabilização do emprego e dos preços, as necessidades básicas das zonas empobrecidas e a compensação a famílias de trabalhadores da saúde falecidos na luta contra a epidemia.

*Yolaidy Martínez, Correspondente chefa da Prensa Latina em Pequim

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Yolaidy Martínez

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