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Trump insiste em mentiras enquanto cresce número dos necrotérios de emergência no país

Mesmo com hospitais superlotados e sem equipamento básico de proteção, presidente dos EUA insiste que "tudo vai melhorando graças ao nosso grande trabalho”
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Necrotérios de emergência estão sendo instalados em várias cidades, inclusive em Nova York, hospitais em vários lugares estão superlotados e funcionam sem equipamento básico de proteção, enquanto um projeto de lei de estímulo econômico sem precedente está para ser aprovado para tentar frear uma possível recessão severa, tudo isso enquanto Donald Trump assegura que tudo vai melhorando por causa de “nosso grande trabalho” e insistiu falsamente que ninguém sabia que algo assim poderia acontecer. 

Os hospitais na cidade de Nova York – epicentro da pandemia nos Estados Unidos – começaram a sentir a crescente onda de casos que apareceram primeiro em partes da China, Itália e outros; alguns qualificam a situação como “apocalíptica”, enquanto os estados de Nova York, Carolina do Norte e Havaí estão solicitando morgues de emergência da Agência Federal de Manejo de Emergências (FEMA). E mais dois estados emitiram ordens de quarentena parcial, levando o total a 21. 

Contudo, Trump em sua entrevista coletiva, afirmou que seu país está progredindo bem na luta contra a pandemia, repetiu seu desejo de “reabrir” logo o país afirmando que a oposição a essa ideia provém daqueles, incluindo meios de comunicação, que buscam derrotar sua reeleição,  e proclamou que “é difícil não estar contente com o trabalho que estamos fazendo”. 

Também prosseguiram as negociações entre líderes legislativos sobre o que será o maior pacote de estímulo econômico da história estadunidense, de aproximadamente dos trilhões de dólares, que se espera que seja aprovado pelo Congresso esta semana.  

Dentro do pacote está incluído um pagamento de 1.200 dólares a cada adulto, mais 500 para cada menor de idade para famílias com renda menor de 75 mil anuais; 350 bilhões para pequenos negócios, 500 bilhões em assistência a companhias aéreas e outras grandes empresas, uma ampliação do seguro desemprego, e 100 bilhões para os hospitais e outros setores da saúde, entre outras medidas. 

Mesmo com hospitais superlotados e sem equipamento básico de proteção, presidente dos EUA insiste que "tudo vai melhorando graças ao  nosso grande trabalho”

The White House
Presidente Donald Trump durante coletiva sobre o novo coronavírus.

A mentira

Durante os últimos dias e semanas, Trump tem insistido em que “ninguém jamais esperava algo como isso… que milhões e milhões de pessoas tivessem que ser examinadas”. Mas isso é falso. 

Somente no ano passado o Departamento de Saúde realizou um simulacro para uma “pandemia de influenza” na qual se imaginava o início na China, uma reação tardia da comunidade internacional e suas consequências massivas parecidas com as que estão acontecendo hoje, tudo registrado em um relatório datado de outubro, informa o New York Times. 

Vários informes recentes elaborados pelo governo estadunidense nos últimos anos têm sido enfocados justamente em como poderia explodir uma pandemia, suas consequências e o que se necessitava para se preparar. Pesquisadores e especialistas neste e em outros países têm se dedicado ao tema durante anos – inclusive seus trabalhos têm sido usados para filmes sobre pandemias apocalípticas. 

Em janeiro e fevereiro deste ano, agências de inteligência dos Estados Unidos estavam emitindo advertências sobre o perigo global que representava o brote de coronavírus, justamente enquanto o presidente e seus aliados buscavam minimizar a ameaça, informou o Washington Post. “Trump poderia não haver esperado isto, mas muitas outras pessoas no governo sim – só não podiam fazer com que ele fizesse algo a respeito”, comentou um funcionário que viu os informe de inteligência. 

Quase toda a cúpula política estadunidense não só decidiu ignorar tudo isso, mas permitiu o fechamento ou redução de programas e pessoal dedicado a enfrentar epidemias. Em 2018, Trump eliminou o escritório dentro da Casa Branca dedicado a responder e coordenar uma primeira resposta justamente a este tipo de crise. 

Quase três semanas depois de ser detectado o primeiro caso de coronavírus nos Estados Unidos, em fevereiro, o governo de Trump propunha uma redução de quase 700 milhões no orçamento do CDC, a principal agência encarregada de epidemias e pandemias. 

E hoje foi revelado que o regime de Trump reduziu em mais de dos terços o pessoal da agência federal estadunidense da saúde pública, o Centro para o Controle de Doenças (CDC), dentro da China durante os meses prévios à explosão do coronavírus, informou a agência Reuters. 

Todos sabiam. 

Hoje, os infectados confirmados totalizaram mais de 67 mil, com mais de 900 mortes (200 das quais apenas nesta quarta-feira).

Hoy los contagiados confirmados sumaron más de 67 mil, con más de 900 decesos (200 de los cuales fueron solo este miércoles).

David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava

As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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