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Coronavírus impacta instituições militares de forma violenta nos Estados Unidos

A taxa de contágio de militares e civis das Forças Armadas dos EUA foi qualificada como "alarmante" por alguns oficiais da ativa
Roberto García Hernández
Prensa Latina
Havana

Tradução:

A pandemia da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus SARS-Cov-2, que atinge o mundo e tem hoje como epicentro os Estados Unidos, impacta também de forma violenta as instituições militares estadunidenses.

Este patógeno, que já contagiou mais de dois milhões e meio de pessoas e ocasionou mais de 187 mil mortes em nível global, provocou até a data a lamentável cifra de 48.900 mortes nos EUA, onde, além disso, estão infectados cerca de 867.771 pessoas, segundo estatísticas da Universidade Johns Hopkins.

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Ante este cenário inédito, as forças armadas (FFAA.) estadunidenses não podiam ficar à margem do problema e para alguns especialistas a Covid-19 já constitui um mal que seguirá provocando danos a esta instituição de uma ou outra forma durante várias décadas.

Em 17 de abril, o Pentágono informou, em sua página na Internet, que o número de contagiados em todo o pessoal desta agência federal subirá para cerca de cinco mil, dos quais cerca de três mil casos positivos entre os militares, além de dois mortos.

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Entre os empregados civis há agora 830; outros 351 enfermos são contratados, enquanto entre os familiares dos uniformizados foram registrados cerca de 675 contagiados com o novo coronavírus.

O surto nos serviços castrenses estendeu-se aos navios – lembremos do escândalo recente do porta-aviões Theodore Roosevelt (CVN-71) – às unidades das Forças de Operações Especiais, à Infantaria da Marinha e do Exército, com diferentes graus de infecção, inclusive em instalações importantes do Complexo Militar Industrial.

A taxa de contágios nos serviços armados dos Estados Unidos chegou a um nível que alguns oficiais qualificam de alarmante, diz um artigo recente do The New York Times, assinado por Thomas Gibbons-Neff, Helene Cooper e Eric Schmitt.

A taxa de contágio de militares e civis das Forças Armadas dos EUA foi qualificada como "alarmante" por alguns oficiais da ativa

Prensa Latina
Ante este cenário inédito, as forças armadas estadunidenses não podiam ficar à margem do problema

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Em meados de março, o comando militar norte-americano ordenou a interrupção das manobras e de outras atividades de treinamento, devido ao surto da Covid-19, mas poucos dias depois decretou o reinício dos exercícios em todos os níveis, embora em menor magnitude, decisão que provocou fortes críticas de especialistas e meios de imprensa especializados.

De fato, o novo coronavírus ameaça ser mais mortífero que qualquer conflito armado recente em que os serviços militares norte-americanos se envolveram e já superou várias vezes em todo o país as mortes pelos brutais atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

Um artigo recente do site da revista estadunidense Atlantic, publicação que aborda temas de política interna, cultura e outros assuntos de interesse, informa que as FF.AA. norte-americanas, projetadas para proteger o país de qualquer adversário que o ameace, é incapaz agora de derrotar a Covid-19, “o maior perigo para a nação em toda uma geração”.

Segundo o site oficial do Departamento de Defesa, nos 50 estados da União, no Distrito de Columbia (onde fica Washington, a capital) e em territórios como Porto Rico, Guam e as Ilhas Virgens estadunidenses, foram mobilizados mais de 16 mil efetivos do Exército e da Guarda Nacional.

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A falta de instruções unificadas vindas da liderança do Pentágono acerca das precauções necessárias e da necessidade do tão proclamado distanciamento social, criou uma situação que técnicos qualificam de improvisada frente à contenção da doença.

Em meados de março o Exército anunciou o fechamento de 1.400 centros de recrutamento em todo o país para proteger seus efetivos, assim como os potenciais recrutas que chegam ali habitualmente.

Um obstáculo mais que, de acordo com especialistas, prejudicará a qualidade final do processo de recrutamento e, portanto, da disposição combativa das tropas que cumprem tarefas de projeção de forças em praticamente todos os rincões do mundo.

A Infantaria da Marinha manteve suas atividades de treinamento, até que houve um surto de mais de 20 contagiados em uma de suas principais unidades e deteve a chegada de novos recrutas até meados de abril.

O Comando da Europa das FF.AA. norte-americanas anunciou em 26 de março em seu site a redução substancial do exercício Defender-Europe 2020, que originalmente previa-se que constituísse a maior exposição de forças e meios norte-americanos em 25 anos.

Ante esta situação, para os chefes militares norte-americanos o desafio agora é obter um equilíbrio entre um bom nível de disposição e preparação combativas sem prejudicar a saúde das tropas em meio à pandemia, algo que, segundo especialistas, é muito difícil conseguir nestas circunstâncias, devido à redução dos treinamentos e dos recursos.

Especialistas coincidem em que, de acordo com o curso dos acontecimentos em relação à Covid-19 nos Estados Unidos, assim como a falta de uma política coerente dentro das forças armadas norte-americanas para combater a enfermidade, esta lamentavelmente continuará avançando qual inimigo imbatível entre as fileiras castrenses da nação do norte.

Tal e como se evidenciam nos exemplos citados neste trabalho, tomados de meios de imprensa estadunidenses, de alguma forma os efeitos desta doença afetarão de forma substancial a capacidade das entidades militares, garantia das projeções hegemônicas de Washington em nível global, ainda que esteja claro que de forma nenhuma paralisarão a totalidade das missões dos agrupamentos castrenses.

No entanto, é interessante um artigo da revista Business Insider de 5 de abril passado: as FF.AA. dos Estados Unidos sentirão os efeitos da Covid-19 “durante as próximas décadas”, e apesar de que finalmente a ação do novo coronavírus será derrotada, este padecimento ” provocará provavelmente um impacto a longo prazo na disposição combativa das tropas, e mesmo depois que passe a crise, as coisas nunca serão iguais para os militares”.

Roberto García Hernández, da redação de Prensa Latina em Havana

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Ana Corbisier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Roberto García Hernández

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