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40 milhões de médicos e enfermeiros pedem ao G20 que saúde humana seja prioridade

“Devemos aprender com esses erros e voltar mais fortes, saudáveis e mais resilientes", diz trecho do documento que leva a assinatura de profissionais de 90 países ao redor do mundo
Redação Diálogos do Sul
Diálogos do Sul
São Paulo

Tradução:

Através da hashtag #HealthyRecovery (RecuperaçãoSaudável), 40 milhões de profissionais da saúde de 90 países ao redor do mundo, pediram aos líderes do G20 – principal mecanismo de governança econômica mundial – que priorizem investimentos na saúde humana e que seus governos se engajem na luta contra a crise climática, de modo a prevenir futuras pandemias ao fornecer ar e água limpa à população mundial.

“Devemos aprender com esses erros e voltar mais fortes, saudáveis e mais resilientes. […] O que o mundo precisa agora é de uma recuperação saudável”, diz trecho da carta que alerta que os efeitos do coronavírus “poderiam ter sido parcialmente mitigados ou possivelmente até evitados com investimentos adequados à serviço de uma sociedade “mais sadia e resiliente”.

No documento, os profissionais também alertam para os perigos que enfraqueciam o nosso corpo antes mesmo da pandemia, perigos que sempre fizeram parte do nosso cotidiano, como a poluição do ar, que pode desenvolver doenças severas e riscos à gravidez, ressaltando que “ninguém é levado à pobreza por causa dos custos excessivos com a saúde” e em sociedades e economias saudáveis, “os mais vulneráveis são cuidados”. 

Além de solicitar que os ministros da Saúde e Ciência estejam diretamente envolvidos na produção de todos os pacotes de estímulo econômico dos países, a carta também destaca o ganho global de quase 100 trilhões de dólares até 2050 com o uso de energia renovável.

Confira a íntegra da carta:

“Os profissionais de saúde estão unidos no apoio a uma abordagem pragmática baseada na ciência para gerenciar a pandemia do Covid-19. Nesse mesmo espírito, também nos mantemos unidos no apoio a uma recuperação saudável da crise.

Testemunhamos em primeira mão como as comunidades são frágeis quando sua saúde, segurança alimentar e liberdade de trabalho são interrompidas por uma ameaça comum. As diversas faces dessa tragédia em andamento são muitas e ampliadas pela desigualdade e pelo subinvestimento nos sistemas de saúde pública. Testemunhamos morte, doença e sofrimento mental em níveis não vistos há décadas.

Esses efeitos poderiam ter sido parcialmente mitigados ou possivelmente até evitados por investimentos adequados em preparação para pandemia, saúde pública e gestão ambiental. Devemos aprender com esses erros e voltar mais fortes, saudáveis e mais resilientes.

Antes da Covid-19, a poluição do ar – principalmente originária do tráfego, uso residencial ineficiente de energia para cozinhar e para aquecimento, usinas a carvão, queima de resíduos sólidos e práticas agrícolas – já estava enfraquecendo nossos corpos. A poluição aumenta o risco de desenvolvimento e a gravidade de: pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão, doenças cardíacas e derrames, levando a sete milhões de mortes prematuras a cada ano. A poluição do ar também causa resultados adversos na gravidez, como baixo peso ao nascer e asma, colocando mais pressão em nossos sistemas de saúde.

Uma recuperação verdadeiramente saudável não permitirá que a poluição continue a deteriorar o ar que respiramos e a água que bebemos. Não permitirá que as mudanças climáticas e desmatamento continuem avançando, potencialmente desencadeando novas ameaças à saúde de populações vulneráveis.

Em sociedades e economias saudáveis, os mais vulneráveis são cuidados. Os trabalhadores têm acesso a empregos bem remunerados que não exacerbam a poluição ou a degradação da natureza; as cidades priorizam pedestres, ciclistas e transporte público, e nossos rios e céus são protegidos e limpos. A natureza prospera, nosso corpo é mais resistente a doenças infecciosas e ninguém é levado à pobreza por causa dos custos excessivos com a saúde.

Para alcançar essa economia saudável, precisamos usar incentivos e desincentivos mais inteligentes a serviço de uma sociedade mais sadia e resiliente. Se os governos fizessem grandes reformas nos atuais subsídios aos combustíveis fósseis, deslocando a maioria para a produção de energia renovável limpa, nosso ar seria mais limpo e as emissões climáticas reduziriam massivamente, possibilitando uma recuperação econômica que estimularia ganhos globais de quase 100 trilhões de dólares até 2050.

Ao direcionar sua atenção para a resposta pós-Covid, solicitamos que o ministro da saúde e o ministro da ciência/ atual chefe da saúde e chefe da ciência estejam diretamente envolvidos na produção de todos os pacotes de estímulo econômico, avaliem as repercussões de curto e longo prazo na saúde pública que esses estímulos podem ter e deem seu aval de aprovação.

Os enormes investimentos que seus governos farão nos próximos meses em setores-chave como assistência médica, transporte, energia e agricultura devem ter a proteção e promoção da saúde incorporadas em seu núcleo.

O que o mundo precisa agora é de uma recuperação saudável (#HealthyRecovery). Os planos de estímulo para recuperação pós-pandemia devem ser uma receita para alcançar isso.

Com os melhores cumprimentos.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Redação Diálogos do Sul

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