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Enquanto pandemia tem sido bom negócio para ricos, Wall Street se inclina a Biden

A dupla crise de saúde pública e econômica devastou vida de milhões, mas para uns quantos multimilionários a pandemia resultou um bom negócio
David Brooks
Prensa Latina
Nova York

Tradução:

A dupla crise de saúde pública e econômica devastou vida de milhões, mas para uns quantos multimilionários a pandemia resultou um bom negócio.

Entre 18 de março e princípios de agosto, a riqueza total dos multimilionários estadunidenses (aqueles com fortunas maiores de um bilhão de dólares) incrementou-se em 685 bilhões de dólares. Hoje, os multimilionários estadunidenses gozam de uma riqueza combinada de mais de 3.65 trilhões de dólares, revelaram pesquisadores de inequality.org, um projeto do Institute for Policy Studies (IPS).

Uns 467 multimilionários viram sua riqueza ser incrementada desde meados de março, quando oficialmente foi declarada uma emergência nacional pela pandemia, com a riqueza total deste clube aumentando em 30 por cento desde o início da pandemia até o presente.  

A dupla crise de saúde pública e econômica devastou vida de milhões, mas para uns quantos multimilionários a pandemia resultou um bom negócio

Executive Digest
Cada vez mais executivos e banqueiros expressam alarme pelo que chamam de “o caos” do governo de Trump.

Entre os que mais se beneficiaram durante esse período: Jeff Bezos (Amazon) com um  incremento de sua riqueza neta de 71 bilhões, Mark Zuckerberg (Facebook) com um incremento de 38 bilhões de sua fortuna pessoal (de fato, já superou os 100 bilhões em sua riqueza pessoal); Elon Musk (Tesla)  46 bilhões; Bill Gates 14 bilhões.

Durante esse período, 160 mil pessoas faleceram por Covid-19 de um total de mais de 5 milhões de contagiados nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, uns 30 milhões estão recebendo benefícios de desemprego, sem contar os que não têm direito a essa assistência, incluindo todo imigrante indocumentado e suas famílias. Novos cálculos indicam que um terço dos inquilinos nos Estados Unidos não poderão pagar seus aluguéis em agosto, reportou Bloomberg.

O senador Bernie Sanders está promovendo um projeto de lei para impor um imposto de 60 por cento sobre o incremento dessas fortunas durante esse período, com o que se poderia gerar mais de 400 bilhões de dólares para dedicá-los a gastos médicos dos mais necessitados.  

“Um imposto de emergência sobre a riqueza de multimilionários é justamente o que se requer. Estes multimilionários permanecerão bilhões de dólares mais ricos que no ano passado e um porção de sua extrema riqueza seria destinada para abordar a crise da Covid-19”, argumenta Chuck Collins, diretor do programa sobre desigualdade de IPS.

Os novos dados são uma atualização do informe sobre os multimilionários em tempos de pandemia emitido este ano [https://ips-dc.org/billionaire-bonanza-2020]. Para mais detalhes, lista completa de multimilionários e mais: https://inequality.org.

Rebelião em Wall Street?

Por outro lado, embora o governo do Donald Trump tenha beneficiado os mais ricos através de uma redução de impostos, desmantelamento de normas e regulamentações e menos controles sobre o manejo de capital, os guardiões de Wall Street cada vez mais estão investindo na campanha do democrata Joe Biden.  

De fato, durante os últimos meses, o setor financeiros tem apoiado a candidatura de Biden por 4 vezes mais que a de Trump, outorgando-lhe até a presente data uns 44 milhões de dólares para o democrata e só 9 milhões para o presidente, segundo dados calculados pelo Center for Responsive Politics.

Entre as razões da crescente desconfiança em Trump, segundo várias entrevistas com altos executivos de Wall Street ao longo destes últimos meses, entre eles Jamie Dimon, o poderoso executivo em chefe do maior banco estadunidenses, JPMorgan Chase, é um reconhecimento explícito de que a crescente desigualdade econômica extrema não é sustentável.  

Ao mesmo tempo, cada vez mais executivos e banqueiros expressam alarme pelo que chamam de “o caos” do governo de Trump, sobretudo seu manejo inepto da crise do coronavírus, reportou o New York Times.     

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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