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Relatório MacBride: conheça o mais importante documento sobre comunicação da História

Em outubro de 1980, o secretário-geral da Unesco convocou uma “comissão de notáveis” para analisar a fundo os problemas da comunicação mundial
Mariane Barbosa
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Há 40 anos, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o senegalês Amadou-Mahtar M’Bow, reunia uma “comissão de notáveis”, como Gabriel García-Márquez e Marshall McLuhan, para analisar a fundo “os problemas da comunicação” internacional. O evento aconteceu em 10 de outubro de 1980, em Montreal, no Canadá.

O documento final dessa reunião, conhecido hoje como Relatório de MacBride, denunciou que a comunicação no mundo é feita “em mão única” e lançou a ideia de que é preciso corrigir esse “desequilíbrio nos fluxos de informação”. Essa seria a tônica de toda uma campanha conduzida nos anos seguintes por estadistas e acadêmicos.

Segundo o jornalista Pedro Aguiar (que contou toda a história do Relatório de MacBride no Twitter), já no início de sua formação, em 1946, a Unesco incorporou o princípio do “livre fluxo de informação”, que também está no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, do ano anterior.

Em outubro de 1980, o secretário-geral da Unesco convocou uma “comissão de notáveis” para analisar a fundo os problemas da comunicação mundial

Reprodução: Twitter
O Relatório MacBride é o mais importante documento sobre comunicação já produzido

Aguiar explicou que diversas pesquisas nos anos 1960 e 1970 — como a do venezuelano Eleazar Díaz Rangel, de 1967 — mostraram que as notícias que o Terceiro Mundo lia eram de 66% a 90% fornecidas por agências de notícias do Primeiro Mundo.

Então, quando a UNESCO incorporou a doutrina do livre fluxo, deixou para cada país o fardo de receber notícias e informações como o mercado quisesse, e de transmitir como pudesse, por sua própria mídia ou pelo Estado, o que gerou uma desigualdade social na comunicação.

As tarifas para uso de telégrafo, satélites e telex, por exemplo, eram muito mais caras para os países pobres do que para os ricos, o que impulsionou uma campanha mundial com mais de 70 países para pressionar governos, empresas e órgãos multilaterais a regular a comunicação internacional.

Essa campanha ficou conhecida pela sigla NOMIC (Nova Ordem Mundial da Informação e Comunicação) e levou a UNESCO a realizar um amplo estudo detalhado em nível mundial e convocar a comissão que resultaria no Relatório de MacBride. 

Confira o fio completo do Relatório de MacBride:


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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