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Entenda o que realmente aconteceu durante visita de Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, à Ucrânia

Blinken exigiu ataque massivo contra todos os oligarcas ucranianos, de modo parte da economia seja transferida para estrangeiros
Pepe Escobar
Paris

Tradução:

Imagine que você está na iminência de encontrar uma garota com olhos de caleidoscópio… Não, não. Desculpe.

Melhor, imagine festivas linhas de código na linguagem R de programação – chafurdando num vale feliz de modelos da teoria dos jogos, sem impedir que Góticos ou Valquírias Neorromânticas dancem a versão 12 polegadas de Bela Lugosi is Dead, de Bauhaus.

Imagine essa viagem acontecer por causa de um “pin!” na sua caixa de entrada. Afinal, você acaba de ser presenteado com impressionante fragmento de informação de inteligência. Você rasteja para a saída, na verdade a entrada, do Teatro Mágico, onde você se pergunta, à Keats, Foi sonho? Durmo? Estou acordado?

E do que trata o sonho? Oh, é coisa prosaica, pura geopolítica: trata-se do que realmente aconteceu durante a visita de Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, à Ucrânia.

Blinken exigiu ataque massivo contra todos os oligarcas ucranianos, de modo parte da economia seja transferida para estrangeiros

Reprodução: Flckr
Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos.

O grande Andrei Martyanov observou que Blinken “disse a Kiev, nas coxias, que ‘parem com esse berreiro’, quando só se ouviam tropos sobre ‘soberania’ e ‘segurança’ da Ucrânia’”.

Ok, mas… parece que houve muito mais que tropos fofos.

A informação vazada da reunião a portas fechadas entre Blinken e o piadista-em-chefe Zelensky é incandescente. Blinken parece ter dado bronca ampla, geral e irrestrita, em regra.

Eis as linhas gerais. Todas as empresas estatais ucranianas têm de ser postas sob controle dos proverbiais “interesses estrangeiros”. Em todas as diretorias de empresas estatais ucranianas tem de haver maioria ou de estrangeiros, ou de ‘5ª-colunistas’. Todo o movimento anticorrupção também terá de ser entregue a controle estrangeiro. Idem, o sistema de justiça.

Andriy Kobolyev – agente norte-americano – deve ser reconduzido à presidência da Naftogaz. Zelensky moveu montanhas para livrar-se de Kobolyev.

Blinken exigiu ataque massivo contra todos os oligarcas ucranianos, de modo que vastas porções da economia ucraniana sejam transferidas para – e para quem iriam?! – estrangeiros. E a mesma orientação vale para a privatização da terra.

Soa como piada, ok, mas Blinken fez saber que tropas russas podem invadir a Ucrânia. Se acontecer, que Zelensky só conte com assistência política ampla, não militar. Assim sendo, Zelensky, de fato, recebeu ordens de parar de pedir para ser integrado à OTAN; e o mandaram pôr fim às provocações contra a Rússia, ou o presidente Putin – que já traçou linhas vermelhas – pode tomar “decisão drástica”.

Blinken exigiu que agentes dos EUA sejam completamente blindados pela lei ucraniana, e acrescentou nomes de honradas figuras da sociedade civil a serem também blindadas. Victoria “F*oda-se a União Europeia” Nuland, distribuidora de bolinhos em Maidan, e que participava da reunião, apresentou uma lista de “Os Intocáveis”, e Blinken reuniu-se separadamente com eles.

Por fim, o fantasma monstro que pairava sobre toda a viagem a Kiev e teria de aparecer, apareceu. Na prática, Blinken ordenou a Zelensky que entregue todos quantos, na Ucrânia, ajudaram a passar informação sobre Hunter Biden à mídia, via Rudolph Giuliani.

Segundo a fonte que teve acesso ao vazamento, Zelensky ficou petrificado, sem fala. Não era, de modo algum, o que esperava ouvir. Especialmente a parte de transferir a “interesses estrangeiros” patrimônio valioso controlado por oligarcas ucranianos. Alguém lhe arrancará o escalpo.

Ninguém fala desse vazamento – como se fosse veneno radioativo. Ninguém confirmará. Mas a plausibilidade é irretocável.

Absolutamente fora de questão contrariar os tais poderosos anônimos “interesses estrangeiros”. Agora, parecem regidos por uma lógica de “apanhe o dinheiro e corra”, tipo passar a mão no butim ucraniano, antes que tudo – na verdade, nada, além de um estado falhado – exploda.

Pena dos tais oligarcas, que acreditaram que saqueariam a terra, via privatizações. Em vez disso, estão vendo o dinheiro partir em viagem sem volta. Siga o dinheiro. Siga o sonho.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Pepe Escobar Pepe Escobar é um jornalista investigativo independente brasileiro, especialista em análises geopolíticas e Oriente Médio.

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