O presidente Joe Biden elogiou o anúncio de cessar-fogo anunciado na sexta-feira por Israel e Hamas e lamentou a perda de vidas no conflito de 11 dias sem reconhecer que Washington ajudou a financiar a ação bélica do governo de Israel e seu sua administração havia aprovado um venda de armamento a Tel Aviv justo antes do conflito que matou mais de 230 palestinos, incluindo 65 crianças, e 12 israelenses, entre esses dois menores.
Biden declarou que “eu creio que os palestinos e os israelenses merecem viver seguramente e gozar da mesma liberdade, prosperidade e democracia”, mas reiterou a frase aparentemente obrigatória de que “Estados Unidos apoiam plenamente o direito de Israel de defender-se”. Não ofereceu uma declaração paralela para os palestinos.
Lamento que “estas hostilidades tenham resultado nas mortes trágicas de tantos civis, incluindo crianças”, declarou da Casa Branca, onde não respondeu a perguntas de jornalistas. “Envio minhas condolências sinceras a todos as famílias, israelenses e palestinas, que perderam seres queridos, e minha esperança para uma recuperação plena dos feridos”.
Não mencionou serem milhares de feridos e dezenas de milhares de deslocados pelo bombardeiro israelense, nem a extensa destruição de infraestrutura básica – incluindo sistemas de água, eletricidade, hospitais e escolas – em meio a uma pandemia na Palestina.
Biden deu crédito ao Egito por seu papel impulsionador ao acordo pelo cessar-fogo e indicou haver falado com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nesta quinta-feira – sua sexta chamada a sua contraparte israelense nos últimos 11 dias – a quem assegurou que os Estados Unidos irão repor o necessário para o sistema antimíssil Domo de Ferro de Israel.
White House
O presidente Joe Biden elogiou o anúncio de cessar-fogo anunciado na sexta-feira por Israel e Hamas.
Ao mesmo tempo, afirmou que os Estados Unidos permanecem “comprometidos” em trabalhar com a Organização das Nações Unidas e outras entidades multilaterais para entregar assistência humanitária e promover o apoio de esforços de reconstrução de Gaza, mas sublinhou que isso será feito com as Autoridades Nacional Palestina e não com o Hamas.
Embora o presidente tenha defendido sua “diplomacia implacável” para buscar frear as “hostilidades” durante os últimos 11 dias, estava sob cada vez mais pressão e crítica política dentro e fora do seu país, por não assumir uma posição mais firme diante de Israel e por descarrilar até quatro tentativas de formular resoluções no Conselho de Segurança da ONU exigindo a Israel um cessar-fogo imediato.
Organizações de direitos humanos, políticos estadunidenses – incluindo organizações liberais judaicas – e na comunidade internacional criticaram Biden por não exigir um cessar-fogo imediato a Israel, o país mais beneficiado pela assistência exterior estadunidense nos últimos 70 anos, e que hoje em dia recebe do Washington 3,8 bilhões de dólares e assistência militar a cada ano.
Por certo, justo antes de Israel ter iniciado seu ataque, o governo de Biden havia aprovado a venda de um pacote de armamento militar de 735 milhões de dólares e enviou para aprovação pelo Congresso em 5 de maio; a liderança democrata e republicana a respaldaram, mas ao detonar-se o conflito sua existência nutriu as críticas.
O senador Bernie Sanders, com legisladores da câmara baixa, incluindo as deputadas Alexandria Ocasio Cortez e Rashida Tlaib (a única legisladora palestina-estadunidense) deploraram essa venda e apresentaram resoluções em suas respectivas câmaras do Congresso para bloqueá-la, na quarta- e quinta-feira. “Em momentos em que bombas feitas nos Estados Unidos estão devastando Gaza, matando mulheres e crianças, não podemos simplesmente aprovar outra venda enorme de armas sem pelo menos um debate legislativo”, afirmou Sanders.
Por outro lado, a deputada federal Ilhan Omar, democrata da ala progressista de seu partido e de uma família de refugiados da Somália, denunciou que AIPAC, a organização mais poderosa do chamado lobby sionista, colocou publicidade no Facebook insinuando que ela é defensora do Hamas. O escritório da deputada exigiu que o Facebook cancele essa publicidade por nutris a desinformação e o ódio anti-muçulmano, e adverte que representa um perigo para a legisladora federal. “Dado o número de ameaças de morte e violência que a legisladora tem recebido quase diariamente, isto não é só irresponsável – é incitação”, comentou uma porta-voz da deputada a The Nation.
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