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Entrevista | Chanceler da Catalunha quer região seja vista pelo mundo “como país”

"Quero construir uma ação exterior que seja uma política de país, sólida, profissional e que permita conectar a Catalunha com o mundo e o mundo com a Catalunha"
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Victòria Alsina i Burgués assumiu o cargo de conselheira de Ação Exterior do novo governo catalão há pouco mais de um mês, com o propósito de aprofundar as relações exteriores da Catalunha “como país”, e explicar em qualquer lugar onde a escutem a postura do bloco independentista a respeito da conflito político que vive a região. 

Alsina, doutora em ciências políticas, adverte que apesar dos “atos de vingança” dos tribunais espanhóis, seu governo reclamará anistia para os políticos julgados pela declaração unilateral falida e a celebração de um “referendo à escocesa” como única via para a resolução da crise com o Estado espanhol. 

Alsina, de 38 anos, vivia até há alguns meses nos Estados Unidos, dedicada aos seus trabalhos acadêmicos e como delegada do governo catalão nesse país.

Com a formação do novo governo, integrado por uma coalisão de dois partidos – Esquerra Republicana de Catalunya (ERC)e Junts per Catalunya (JxCat) – liderado por Pere Aragonés, o separatismo catalão pretende dar um passo mais em seu propósito de construção de uma nova república, para o que considera necessário um referendo de autodeterminação, que em princípio pretende pactuar com o governo do socialista Pedro Sánchez, até agora o mais receptivo ao discurso separatista. 

"Quero construir uma ação exterior que seja uma política de país, sólida, profissional e que permita conectar a Catalunha com o mundo e o mundo com a Catalunha"

Foto cedida pela Generalitat de Catalunuya
Victòria Alsina i Burgués

Em entrevista à La Jornada, Alsina explicou seus principais objetivos, principalmente quando assume um conselho que foi questionado recentemente pelo Tribunal de Contas espanhol, que ditou uma resolução em que assinalou uma presumida malversação de fundos públicos por mais de 5,4 milhões de euros. 

Explicou que “já apresentei o plano de prioridades no Parlamento da Catalunha e por resumi-lo de alguma maneira, eu quero construir uma ação exterior que seja uma política de país, sólida, profissional e que permita conectar a Catalunha com o mundo e o mundo com a Catalunha, mas não só através das instituições públicas, mas também no setor empresarial e na sociedade civil. Este departamento não tem muitos anos de existência e foi criado em um momento político muito convulso e complicado. Desde que foi criado tem recebido muitos golpes, assim que eu creio que chegou o momento de dedicar tempo e energia para solidificar, profissionalizar e fazer com que esta ação exterior seja uma política permanente, de país”. 

Uma das razões pelas quais este ramo do governo catalão foi questionado pela justiça espanhola, foi porque dedicou a maior parte de suas atividades e recursos à promoção do referendo unilateral de independência de 2017, pelo qual foi reclamada a mais de 30 pessoas uma fiança milionária para cobrir o presumido desfalque. 

Alsina assinalou que “temos uma plena competência em ação exterior, está reconhecido pelo Estatuto de autonomia, inclusive depois do recorte que fez o Tribunal Constitucional. Nós entendemos a sentença do Tribunal de Contas como uma vingança política que foi iniciada pelo governo de Mariano Rajoy contra o independentismo catalão. Nós a vemos como uma politização da justiça. Eu a vejo como um ataque político que tenta gerar medo tanto na esfera política como na dos trabalhadores públicos. Mas eu, em nenhum caso, vou deixar a política de ação exterior que o governo considere que é necessária”. 

Entre seus objetivos prioritários figura “ter um canal de comunicação estável com empresas e com governos para falar um dia de empresas, de cultura e outro dia vai ser explicada qual é o postura do governo catalão a respeito ao conflito não resolvido com o Estado espanhol, mas como parte da total normalidade democrática de um país. Não tem nada de excepcional. Um dia se falará do conflito e outro dia de um evento ou de uma empresa”. 

Entre as primeiras reuniões que ela manteve a partir de Barcelona, seu novo centro de operações, figura a da embaixadora do México na Espanha, María Carmen Oñate Múñoz.

“Me parece que México é um país prioritário para ter nossa base em diferentes níveis e solidificar as relações com o país e utilizá-lo como plataforma na região. E quero manter uma comunicação fluida com o México, explicando às autoridades mexicanas qual é a postura do governo catalão”.

Armando G. Tejeda, Correspondente de La Jornada em Madri

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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