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Afeganistão: Aeroporto de Cabul é cenário de caos e pânico onde milhares tentam sair do país

Nas últimas horas, forças talibãs começaram a procurar ex-oficiais, polícias e militares afegãos, bem como colaboradores ou trabalhadores de embaixadas de outros países
Redação Esquerda.Net
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São Paulo (SP)

Tradução:

O colapso das forças governamentais durante o início de agosto era óbvio mas a entrada das forças talibã em Cabul não era esperada tão cedo. As imagens da queda de Saigão espelham os helicópteros a retirar a equipa diplomática dos Estados Unidos da América do telhado da embaixada. 

Em Cabul, o ambiente de terror está instalado. Deixou de ser emitida música pela rádio ou televisão. Os noticiários deixaram de ter mulheres a dar notícias. A comunicação social está efetivamente “talibanizada” com programas de educação islâmica e documentários sobre a guerra islâmica na Turquia são emitidos em contínuo.

O centro de Cabul está deserto, com as forças talibãs a montarem vários postos de controle na cidade. A maioria permanece dentro de portas, seja por medo dos talibã, seja por medo de roubo e pilhagens. Em contraste, o aeroporto de Cabul é um cenário de caos e pânico onde milhares de afegãos, bem como jornalistas e diplomatas de vários países, se concentram para tentar sair do país.

Nas últimas horas, forças talibãs começaram a procurar ex-oficiais, polícias e militares afegãos, bem como colaboradores ou trabalhadores de embaixadas de outros países ou organizações não-governamentais. Equipas de busca entraram em pelo menos três residências de jornalistas estrangeiros à procura destes elementos.

Nas últimas horas, forças talibãs começaram a procurar ex-oficiais, polícias e militares afegãos, bem como colaboradores ou trabalhadores de embaixadas de outros países

WorldOnAlert
Um avião militar dos EUA, ao tentar levantar voo, foi impedido por centenas de afegãos numa tentativa desesperada de serem de alguma forma.

Um avião militar dos EUA, ao tentar levantar voo, foi impedido por centenas de afegãos numa tentativa desesperada de serem de alguma forma admitidos no avião. Milhares de afegãos que colaboraram com os EUA, e que tinham direito ao Special Immigrant Visa que lhes garantia passagem para os EUA, ficaram em terra ao verem o último avião norte-americano a levantar voo.

Na primeira declaração pública, a nova autoridade talibã admitia a surpresa pela rapidez da conquista de Cabul. “Conseguimos uma vitória que não era esperada (…), devemos mostrar humildade perante Alá”, disse o antigo número dois do movimento rebelde, numa mensagem de vídeo, citado pela Agência EFE. “Trata-se agora de como servimos e protegemos o nosso povo, e como asseguramos o seu futuro, para lhe proporcionarmos uma boa vida da melhor forma possível”, acrescentou.

No Twitter, o porta-voz do autodenominado Emirado Islâmico do Afeganistão, Suhail Saheen, escreveu que a nova autoridade “deu ordens aos seus mujahideen e mais uma vez reitera que ninguém pode entrar em casa de ninguém sem autorização. A vida, a propriedade e a honra não serão prejudicadas”.

No Emergency Surgical Center for War Victims, em Cabul, há 115 feridos no hospital, e as equipas preparam mais camas para admissões de outras unidades de saúde.

Sobre o tema:
Desespero no Afeganistão: Regime Talibã que governo dos EUA prometeu destruir, está mais forte do que nunca

Dezenas de jornalistas estarão em Cabul sem forma de sair do país. O caso é particularmente grave para jornalistas afegãos que não terão forma de obter visa para sair, e estarão sob perigo de vida. A embaixada do Paquistão começou a distribuir visas imediatos a jornalistas à porta da embaixada, mas não garante transporte.

A maioria dos países retirou as suas equipas diplomáticas. Permanecem abertas as embaixadas da China, Rússia e Paquistão, sendo os próximos dias cruciais para os talibãs ganharem o seu reconhecimento internacional, que desejam. Não é claro se algum destes países o irá fazer, mas a China já declarou pretender “relações amigáveis” com a nova autoridade em Cabul.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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