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Republicanos querem proibir uso obrigatório de máscaras nas escolas em nome da "liberdade"

O Departamento de Educação do governo de Biden anunciou que está abrindo investigações de direitos civis em cinco estados encabeçados
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

A disputa nacional sobre a educação pública em tempos de pandemia provocou que o governo de Joe Biden anunciara nesta segunda-feira (30) investigações a 5 governos estaduais para tentar anular suas proibições do uso obrigatório de máscaras nas escolas públicas, parte de uma pugna política que os conservadores promoveram em rechaço à ciência e às recomendações sanitárias diante da Covid-19, apesar de um rebrote letal, sobretudo nas entidades que eles controlam. 

O Departamento de Educação do governo de Biden anunciou que está abrindo investigações de direitos civis em cinco estados encabeçados por governos republicanos que proibiram ou limitaram requisitos para usar máscaras.  

O secretário de Educação, Miguel Cardona, acusou esses estados de “pôr a política acima da saúde e da educação dos estudantes”. Agregou que sua dependência “lutará para proteger o direito de todo estudante de ter acesso seguro à aprendizagem presencial”. 

Os cinco estados – Utah, Iowa, Oklahoma, Carolina do Sul e Tenesi– emitiram proibições diversas contra o requisito do uso de máscaras nas escolas como em outras entidades públicas, argumentando que o uso de máscaras como de vacinas deveria ser uma decisão pessoal e não imposto pelas autoridades em nome da “liberdade”. 

O Departamento de Educação – que controla as escolas públicas do país, já que estão sob autoridade local e estadual – afirmou que está investigando se estas políticas estaduais violam leis federais para proteger estudantes com deficiências incluindo condições médicas, mas de fato é uma resposta estratégica de Biden contra líderes republicanos que estão usando as escolas e o retorno às aulas presenciais como um campo de batalha político-eleitoral.

Os Centros de Controle de Enfermidades (CDC) – a entidade federal encarregada de epidemias – recomendam o uso universal de máscaras para estudantes, professores e trabalhadora da educação, sobretudo diante do aumento de contágios pela variante delta da Covid-19, mas políticos republicanos em alguns estados têm insistido que as famílias e as escolas são as que devem decidir suas próprias medidas. 

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Vários estados – incluindo Nova York e California com os maiores sistema de educação – requerem o uso de máscaras em todas as suas escolas. Ainda mais, na semana passado a cidade de Nova York ordenou que todo trabalhador de educação tem que vacinar-se (quase 150 mil trabalhadores). Outros, como Florida, Texas e Arizona recusaram tais requisitos.  

Na sexta-feira passada, o governador da Florida, Ron DeSantis sofreu uma derrota judicial quando um juiz determinou que sua ordem proibindo tais mandatos sobre máscaras nas escolas era inconstitucional.  Em alguns estados, cidades, professores e até grupos de pais de família estão desafiando as proibições impostas pelos governadores. 

O Departamento de Educação do governo de Biden anunciou que está abrindo investigações de direitos civis em cinco estados encabeçados

Reprodução/Twitter
Joe Biden anunciou que fará investigações a 5 governos estaduais para tentar anular suas proibições do uso obrigatório de máscara em escolas

O governo de Biden emitiu guias e recomendações para a reabertura “segura” de escolas e outorgou alguns fundos para apoiar o implementação de medidas de mitigação da pandemia, sobretudo a vacinação de professores e outros trabalhadores da educação e pais de família e a melhoria de condições físicas como ventilação nas escolas. 

Os dois grêmios nacionais do magistério, a Federação Americana de Professores (AFT) e a Associação Nacional de Educação (NEA), ambas a favor da reabertura presencial de todas as escolas, deram as boas-vindas ao anúncio do Departamento de Educação. 

Ambos os grêmios estão trabalhando de maneira paralela com o governo de Biden para a implementação de medidas de mitigação ao impulsionar campanhas de vacinação, apoiando requisitos do uso de máscaras e a ampliação da capacidade para testes, assegurando que sua prioridade máxima é a segurança e a saúde de seus milhões de agremiados (a NEA tem uns 3 milhões de filiados, a AFT, 1,7 milhões) e dos alunos. 


“As escolas necessitam poder assegurar a segurança de todos os estudantes, educadores e suas famílias. Proibir mandatos de uso de máscaras contradiz a ciência, a saúde pública e o senso comum…Esperamos que estes governadores deixem de optar pela politicagem partidária em lugar de proteger estudantes para que possamos derrotar juntos este vírus mortífero e manter seguro o ensino e o aprendizado”, declarou nesta segunda-feira Becky Pringle, presidenta da NEA.

“Nossos jovens necessitam estar na escola este outono e permanecer na escola. Por isso advogamos por medidas de mitigação…tal como máscaras, distância física, testes de monitoramento e melhorias em sistemas de ventilação (nas escolas). É inadmissível que alguns governadores estejam proibindo funcionários requerer o uso de máscaras nas escolas”, escreveu recentemente Randi Weingarten, presidenta da AFT.

É uma disputa política que poderia custar vidas de estudantes e professores.

* La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

** Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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