Pesquisar
Pesquisar

"Não há razão para abrir investigação", diz porta-voz do Kremlin sobre Pandora Papers

O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, disse que “não há razão para abrir nenhuma investigação” sobre o revelado
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Sair pela tangente parece ser a solução que o Kremlin encontrou para não ter que confirmar nem desmentir ontem a implicação de figuras proeminentes do entorno mais próximo do presidente Vladimir Putin nos Papéis de Pandora, numerosos arquivos divulgados que mostram, entre outros benefícios que dá o anonimato até que deixa de sê-lo, como pretendem ocultar sua riqueza com operações pouco honrosas a partir de paraísos fiscais. 

O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, disse à imprensa que “não há razão para abrir nenhuma investigação (sobre o revelado)” porque “não vimos nenhuma riqueza oculta no entorno mais próximo do presidente Putin” e agregou:

“Não sei se haverá mais divulgações, mas até agora, sinceramente, não vimos nada que chame a atenção, nada especial”. 

Esqueça Mônaco: EUA se tornaram um dos maiores paraísos fiscais do planeta

Para Peskov, o que foi publicado é  “um conjunto de afirmações gratuitas” e “não é claro que tipo de informação é e se procede de fonte confiável, há muitas perguntas (sem resposta) e para que se investigue tem que haver primeiro uma publicação séria”. 

O porta-voz aproveitou a insistência dos repórteres por saber que opina o Kremlin dos russos envolvidos no escândalo para responder o que ninguém lhe perguntou, embora seja certo:

“Talvez o único que salta à vista em tudo isto é que, em efeito, o maior paraíso fiscal do mundo se chama Estados Unidos, o que põe em entredito as declarações de Washington acerca de sua intenção de acabar com a corrupção e a evasão fiscal”. Incisivo, Peskov agregou: “Essa é a verdade”.

O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, disse que “não há razão para abrir nenhuma investigação” sobre o revelado

rusmonitor
Para Peskov, o que foi publicado é “um conjunto de afirmações gratuitas”

No mesmo teor pronunciou-se a porta-voz da Chancelaria russa, Maria Zakharova, que, sem se referir para nada aos russos exibidos, celebrou que o jornal britânico The Guardian tenha publicado que “Estados Unidos é o maior refúgio fiscal do mundo” e enfatizou:

“Segundo este jornal, foram encontrados bilhões de dólares no estado de Dakota do Sul, que pertenciam à imputados em delitos financeiros”.

Pandora Papers: Investigação revela os paraísos fiscais dos milionários

As revelações de Varshney Istorii (Histórias Importantes), portal digital que participou no projeto dos Papéis de Pandora, quase não tiveram eco na televisão pública e na imprensa local, que não reproduziram a informação mais relevante sobre os principais personagens e se limitaram a dar a entender, em termos de propósito difusos, que algo foi publicado mas, como sempre, “tudo indica que se trata de divulgações sem fundamento, típicas dos serviços secretos (de outros países) com a finalidade de prejudicar a imagem da Rússia”, conceito repetido – palavras mais, palavras menos – pelos apresentadores de vários noticiários de TV convertidos em porta-vozes oficiosos das autoridades. 

Não compartilham essa visão os meios que não se supeditam ao Kremlin, que se deram gosto citando e comentando o publicado por seus colegas.

O tema também circulou com profusão pelo segmento russo das redes sociais até que, produto de uma queda global, deixaram de funcionar.

Juan Pablo Duch, Correspondente de la jornada em Moscou.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na Tv Diálogos do Sul

 

   

Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

LEIA tAMBÉM

País Basco - EH-Bildu
"País Basco é uma nação com direito de decidir", afirma líder do Eh-Bildu sobre independência
G20 Social
Na presidência do G20, Brasil faz encontro inédito e chama sociedade civil a debater crises globais
EUA_Biden (2)
EUA agonizam: envio de R$ 490,4 bi para guerras é perigo global, mas reflete fim da era unipolar
Pedro_Sanchez
Sánchez se calou quando esquerda espanhola foi vítima de lawfare; agora, ele é o alvo o