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ToggleNo autoproclamado país campeão da democracia, o presidente, líderes políticos e defensores de direitos civis se veem obrigados a lutar pelo direito democrático elementar ao sufrágio diante de esforços da direita para limitar e condicionar o direito ao voto.
O presidente Joe Biden ofereceu um discurso em Atlanta, em que declarou: “hoje viemos a Atlanta, berço dos direitos civis” para defender “o direito ao voto, e que esse voto conte, essa liberdade ao umbral da democracia. Sem isso, nada é possível. Mas com isso, qualquer coisa é possível”.
A meta do ex-presidente Trump (disse, como sempre, sem usar seu nome) e seus aliados “é privar de seus direitos a qualquer um que vote contra eles, tão simples como isso… Teu voto não importará… Esse é o tipo de poder que se vê em estados totalitários, não em democracias”.
Afirmou: “eu defenderei o direito ao voto, nossa democracia, contra todo inimigo, estrangeiro e, sim, doméstico” e apelou “pelo início de um renascimento de nossa democracia”.
Em atos repletos de simbologia, em que o presidente rendeu tributo ao reverendo Martin Luther King Jr. na cidade onde foi pastor e de onde lançou seu movimento, e foi acompanhado pelos filhos de King, bem como por outros líderes de direitos civis nacionais incluindo os reverendos Jesse Jackson e Al Sharpton..
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Biden pela primeira vez apelou por uma suspensão de uma regra semi sagrada no Senado — que ele mesmo havia defendido durante seus 26 anos na câmara alta — para facilitar a aprovação de uma legislação para defender o direito ao voto.
Dois projetos de lei para proteger o direito ao voto e o processo eleitoral estão estancados no Senado, após serem aprovados pela câmara baixa. Ambos os projetos — um apresentado pelo recém-falecido deputado federal John Lewis, de Atlanta, também lugar-tenente do reverendo King durante os anos 1960 — foram formulados diante da ofensiva republicana para suprimir o voto. O objetivo deles é subverter os processos eleitorais durante a última eleição presidencial e que têm, desde então, se expressado por meio de dezenas de projetos de lei estaduais ao redor do país. Tais iniciativas á foram promulgadas em 19 estados.
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A meta do ex-presidente Trump e seus aliados “é privar de seus direitos a qualquer um que vote contra eles
Embora Biden tenha apoiado ambos os projetos de lei, críticos afirmam que não fez o necessário para conseguir que sejam aprovados. Para superar a férrea oposição republicana é necessário anular ou suspender uma antiga regra do Senado conhecida como filibuster, que estabelece que são necessários 60 dos 100 votos para aprovar uma lei, e com isso permitir que seja aprovada por maioria simples.
O Senado agora está dividido pela metade entre ambos os partidos e os democratas têm a maioria só porque, por lei, o vice-presidente do país — neste caso a vice-presidenta Kamala Harris — em seu papel de presidente da câmara alta, pode emitir o voto para romper empates.
Portanto, a declaração de Biden a favor de suspender o filibuster para este propósito foi a notícia e agora o líder da maioria democrata da câmara alta, Chuck Schumer, indicou que procederá para esse objetivo. No entanto, este movimento está entorpecido não só pela bancada republicana, mas também por dois democratas — e para que isso prospere se necessita o voto de todos os 50 democratas.
Nos atos em Atlanta foi notável a ausência de vários líderes de direitos civis e políticos que criticaram a lentidão e a falta de ação de Biden durante o último ano para defender o direito ao voto diante da ofensiva republicana.
Em vésperas da viagem do presidente à Geórgia nesta terça-feira (11), cinco organizações de direitos civis deste estado instaram que Biden realizasse essa visita apenas para propósitos de relações públicas. Recordando que os eleitores da Geórgia conseguiram um triunfo histórico ao superar ameaças e obstáculos de republicanos não apenas para contribuir ao triunfo de Biden, mas sim enviar dois democratas ao Senado – com os quais esse partido obteve a maioria —, agora, em resposta, esses eleitores “estão sendo obrigados a aceitar trivialidades políticas e repetidas promessas tíbias” e afirmam que “como líderes e promotores de direitos civis, rechaçamos qualquer visita do presidente Biden que não inclua o anúncio de um plano final para os direitos ao voto que seja aprovado em ambas as câmaras… tudo menos que isso é insuficiente e não é bem-vindo”.
Bla, bla, bla
“Bla, bla, bla. Já passou a hora das palavras, é hora de proteger o conquistado. Custou sangue fazer com que os afro-estadunidenses obtivessem a plena cidadania. É hora de usar o poder do estado para esmagar a Nova Confederação [alusão às forças pró-escravistas na Guerra Civil]”, comentou Jose LaLuz, veterano organizador social latino e integrante da comissão política nacional dos Socialistas Democráticos da América (DSA), entre o coro de vozes progressistas que criticam a demora de Biden e sua equipe em tomar ações firmes e decisivas diante da ofensiva republicana.
A ameaça de supressão do voto e subversão do processo eleitoral continua crescendo, nutrida pelo ex-presidente Donald Trump e a liderança republicana em vários estados. Segundo uma análise do Washington Post, pelo menos 163 republicanos que impulsionam a falsa narrativa de Trump sobre uma fraude inexistente nas últimas eleições estão competindo por postos estaduais onde terão autoridades sobre o manejo do processo eleitoral.
A turnê em Atlanta, na qual a vice-presidenta Harris acompanhou Biden, foi programada para lançar esta contra ofensiva em defesa do direito ao voto, justo ao concluir uma semana na qual se convocou o público à defesa de sua democracia ao marcar o aniversário da intentona de Golpe de Estado de legisladores, assessores e simpatizantes de Trump que culminou com o assalto ao Capitólio.
Enquanto se debatia o futuro da democracia e o sufrágio efetivo, o governo de Biden anunciou a criação de uma unidade federal dentro do Departamento de Justiça dedicada a enfrentar o terrorismo doméstico. “Enfrentamos um risco elevado por parte de extremistas violentos domésticos”, afirmou Matthew Olsen, procurador assistente da divisão de segurança nacional do Departamento de Justiça em uma audiência no Senado.
David Brooks, correspondente – La Jornada Nova York
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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