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"Quid pro quo": suborno favorece exploração de países subdesenvolvidos pelo grande capital

Ideia, baseada na troca de benefícios. é alavanca para financiar campanhas políticas multimilionárias, propiciar incursões bélicas e redesenhar o mapa
Carolina Vásquez Araya
Diálogos do Sul
Cidade da Guatemala

Tradução:

Segundo o estabelecido pelos dicionários da Real Academia da Língua Espanhola, quid pro quo é uma locução latina que significa literalmente ‘algo em troca de algo’. É usada como locução nominal masculina com o sentido de “coisa que se recebe como compensação pela cessão de outra”. 

Em termo corrente, é um bom negócio e em nossos países – dependentes de um sistema econômico alinhado com os interesses dos grandes capitais – é o mecanismos perfeito para obter o bocado maior. Dizem com toda a razão que onde há quem receba o suborno, sempre haverá quem o ofereça. Nos países subdesenvolvidos, cujas normas e leis foram elaboradas para benefício de alguns grupos muito reduzidos de proprietários do grande capital, esta é a alavanca para financiar multimilionárias campanhas políticas, propiciar incursões bélicas e redesenhar o mapa.

Ideia, baseada na troca de benefícios. é alavanca para financiar campanhas políticas multimilionárias, propiciar incursões bélicas e redesenhar o mapa

Pxhere
"Quid pro quo" é uma locução latina que significa literalmente ‘algo em troca de algo’ como o suborno

Desta articulação entre os poderes econômico e político surgem não só as estratégias comerciais do primeiro mundo, mas também as táticas pontuais para se infiltrar nas estruturas das nações em desenvolvimento com o propósito de planificar a utilização rentável de seus recursos naturais, sua mão de obra barata e seus mercados emergentes.

Em outras palavras, enquanto as condições de pobreza extrema, desigualdade, discriminação e corrupção existam de maneira predominante nas nações do terceiro e quarto mundos, as pretensões destas nações em termos de igualdade de oportunidades ou inserção plena nos processos de globalização não passarão jamais de ser fantasias de seus reduzidos círculos de decisão. Nos sucessivos informes da Transparência Internacional sobre a percepção da corrupção nos países do mundo, pode-se apreciar como se estabelece, de maneira evidente, a relação entre aquelas nações cujas companhias multinacionais pagam os subornos e aquelas cujos funcionários os recebem. 

As primeiras, ricas, poderosas, com democracias estáveis; as segundas, carentes de instituições fortes, com a maioria absoluta da população vivendo abaixo da linha da pobreza, mas com uma impressionante riqueza em recursos naturais. 

Esta realidade, somada à destruição patente do entorno com sua sequela de devastação dos ecossistemas, o roubo das águas e a perda de oportunidades nas comunidades afetadas, constitui o cenário sobre o qual deveriam ser delineadas as políticas mundiais tendentes a propiciar políticas de desenvolvimento. 

Os informes de desenvolvimento humano elaborados pela ONU para mostrar um cenário mais ou menos aproximado dos efeitos da corrupção, mostram o que já sabemos: uma divisão entre blocos, uma visão oposta com respeito às prioridades – Estados poderosos evadindo sua responsabilidade na destruição do meio ambiente e países em desenvolvimento exigindo políticas mais de acordo com suas necessidades – mas, em resumo, um ambiente de polarização que não ajuda a paliar a fome nem as carências básicas da população mundial. No meio, resulta patente a perda de soberania de nossos países, onde existem leis casuísticas cujo propósito consiste em ocultar, justificar e outorgar impunidades a decisões ilegítimas de governantes venais. Tudo isso, santificado pelos Estados mais poderosos cujo respaldo a um obscuro quid pro quo, negociado pela indústria mundial com corruptos locais, somem nossas nações na miséria e no desemparo. 

A integridade do território é um mito em países que a cada dia perdem um pedaço.

Carolina Vásquez Araya é colaboradora da Diálogos do Sul na Cidade da Guatemala
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Carolina Vásquez Araya Jornalista e editora com mais de 30 anos de experiência. Tem como temas centrais de suas reflexões cultura e educação, direitos humanos, justiça, meio ambiente, mulheres e infância

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