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Gastou US$ 4 mi e foi derrotada; trabalhadores da Amazon criam sindicato nos EUA

Multinacional mobilizou equipe de reação com apoio do seu Global Intelligence Program, que conta com ex-militares, para tentar derrubar protestos laborais
Redação Esquerda.Net
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Os trabalhadores do armazém JFK8 da Amazon, em Staten Island, festejaram na sexta-feira uma vitória há muito desejada pelo movimento laboral norte-americano.

A multinacional liderada pelo bilionário Jeff Bezos vai ter de negociar com um sindicato a representar os interesses dos trabalhadores, após 2.654 votos contra 2.131 terem derrotado as pretensões da empresa que investiu mais de 4 milhões de dólares em consultores na campanha anti-sindical.

O próximo passo da luta pela sindicalização terá lugar num armazém vizinho, com a votação a decorrer entre 25 e 29 de abril. 

O líder do sindicato, Christian Smalls, é um ex-trabalhador despedido após ter organizado um protesto contra a falta de medidas de saúde e segurança no trabalho nos primeiros dias da pandemia em 2020.

Chris Smalls após a vitória, com o cartaz (agora emoldurado) com que protestou em 2020, despoletando uma vitória histórica para o movimento de trabalhadores nos EUA. (Foto: Reprodução Twitter)

Este armazém funcionava com turnos durante 24h/dia e entregas para toda a cidade enquanto esta estava confinada. Quando surgiram os primeiros casos de infetados no interior da empresa, Smalls e os companheiros saíram para o exterior com cartazes onde se lia “A nossa saúde também é essencial”.

Segundo relata o New York Times, a Amazon mobilizou de imediato uma equipe de reação com o apoio do seu Global Intelligence Program, que conta com ex-militares para dar resposta aos protestos laborais.

Multinacional mobilizou equipe de reação com apoio do seu Global Intelligence Program, que conta com ex-militares, para tentar derrubar protestos laborais

Fibonacci Blue – Wikimedia Commons
Amazon mobilizou equipe de reação com o apoio do seu Global Intelligence Program, que conta com ex-militares

Diz o jornal que houve mais vice-presidentes da Amazon alertados para este protesto – onze – do que o número de trabalhadores que a ele aderiram. E um dos principais consultores da empresa aconselhou-a a tornar Smalls no rosto das campanhas pela sindicalização, alegando que ele “não é esperto nem muito articulado”.

Após o despedimento feito com a justificação que estava a violar as regras do confinamento, Smalls e o seu melhor amigo no armazém decidiram organizar um sindicato para estes oito mil trabalhadores, recorrendo a donativos através da plataforma GoFundMe. Quase todos os dias fazia da paragem de autocarros junto ao armazém a sua “sede de campanha” para contatar com os que entravam e saíam do seu turno.

Ao contrário da campanha que teve um resultado desfavorável à sindicalização num armazém do Alabama, esta surgiu e foi protagonizada a partir de dentro do armazém, o que ajuda a explicar o seu sucesso.

Outro fator foi a nova composição do gabinete federal para as relações laborais após a eleição de Biden, que permitiu aos trabalhadores vitórias importantes na justiça do trabalho, como o direito a organizarem-se dentro das instalações da empresa sem sofrerem retaliações por parte desta.

Apesar disso, a campanha milionária contra a sindicalização prosseguiu, com a monitorização das redes sociais dos ativistas, envios de sms para todos os funcionários e reuniões obrigatórias com superiores hierárquicos onde o tema era invariavelmente as desvantagens de ter um sindicato na empresa.

No dia seguinte à votação histórica, o novo sindicato da Amazon exigiu a abertura da negociação coletiva no início de maio e o respeito pelo direito à representação sindical nas reuniões sobre temas disciplinares.

Redação Esquerda.Net


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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